Por enquanto, a região do Guará era citada na crise do coronavírus apenas como a sede da igreja frequentada pelo primeiro casal infectado no Distrito Federal – a mulher Cláudia, continua internada em estado gravíssimo no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) e o marido, André Luis Souza Costa da Silva, isolado em casa, no Lago Sul. Os dois participaram de um culto na igreja evangélica Congregação Cristã do Brasil, na QI 11 do Guará I, assim que retornaram de uma viagem à Europa, no início de março. Mas, nesta quinta-feira, a Secretaria de Saúde divulgou que a região do Guará já tem 11 casos confirmados de coronavírus, entretanto, não se sabe se algum deles tem relação com o casal infectado.
Pelo mapa de contaminação divulgado, Guará é a quinta cidade mais infectada, depois do Plano Piloto, com 47 casos, Lago Sul, 34 casos, Sudoeste, 17 casos, Águas Claras, com 16 casos. Apesar do Lago Sul estar em segundo lugar, é proporcionalmente a primeira colocada em relação à sua população, com 112 casos por 100 mil habitantes. Coincidência ou não, é a mesma sequência do mapa do poder aquisitivo do morador do Distrito Federal, provando que o vírus, por enquanto, é seletivo e foi importado por quem viajou ao exterior recentemente. Em algumas regiões, como Recanto das Emas, Varjão, Candangolândia, Riacho Fundo II, Estrutural, Santa Maria, Itapoã e Brazlândia ainda não há casos confirmados. Samambaia, Núcleo Bandeirante, Riacho Fundo I, Sobradinho II, Paranoá, São Sebastião e Ceilândia tem apenas um caso confirmado cada.
Até esta sexta-feira, 27 de março, eram 203 casos confirmados no Distrito Federal, dos quais 12 em internação hospitalar – sendo seis graves e seis críticos, incluindo a frequentadora da igreja do Guará. O restante é considerado como infecções leves ou em investigação, sem necessidade de internação hospitalar por enquanto.
A faixa mais vulnerável
Pelo levantamento do gabinete de crise no Distrito Federal, a maior incidência do coronavírus está faixa de 31 a 40 anos, com 58 casos, seguida de 55 pessoas entre 41 e 50 anos. A de menor contaminação, como era de se esperar, é de crianças e adolescentes entre 11 e 20 anos, com apenas 7 casos confirmados. Na faixa etária mais sensível são 24 pessoas infectadas com 60 anos ou mais. Entre 51 e 59 anos, são 29 infectados. O maior grupo, no entanto, é o de pacientes de 31 a 40 anos: 48. Há ainda cinco casos de jovens, com idades entre 11 e 20 anos. A maioria dos casos foi classificada como infecções leves: 117. Dois pacientes não tiveram a idade divulgada. Há apenas um caso confirmado de cura do vírus, a advogada Daniela Teixeira, que é conselheira federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e foi vice-presidente da OAB-DF.
A preocupação do governo agora é a com a transmissão comunitária, quando o vírus é transmitido do infectado no exterior para um morador da cidade. De acordo com estudos recentes, cada pessoa com a doença pode transmitir para até 2,5 outras pessoas. Por isso, o risco maior passa a ser o alastramento do vírus para as regiões mais carentes, as que até agora não tiveram casos confirmados ou tiveram poucos. Por isso, a recomendação é para que todos, pelo menos os que não tem necessidade de sair, fiquem em casa para evitar a contaminação.