“Bandido não tira férias e nem fica de quarentena o tempo todo” e “A oportunidade faz o ladrão”. Com essas frases, o comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar do Guará, major Fernando Siqueira Guimarães, define a preocupação dos órgãos de segurança pública com o momento da pandemia do coronavírus, quando os crimes são reduzidos por causa da pouca movimentação de pessoas nas ruas, mas nem tanto dos criminosos. Mesmo com a redução das ocorrências, ele garante que a Polícia Militar não diminuiu as abordagens e nem o policiamento ostensivo nas ruas do Guará. Segundo ele, a maior preocupação da equipe é com o comércio aberto, o que está permitido pelo decreto do governador Ibaneis Rocha, como feira, caixas eletrônicos, lotéricas, supermercados, panificadores e mercearias, alvos possíveis de bandidos, e o comércio e consumo clandestino de bebidas em distribuidoras disfarçadas de mercearias.
“Estamos nos deparando com um problema aparentemente legal, mas que está sendo deturpado pelos empresários e consumidores. Boa parte das distribuidoras de bebidas também funciona como mercearias, que são autorizadas a funcionar pelo decreto do governo. Acontece que essas distribuidoras tem permitido o consumo de bebida alcoólica na própria loja, o que é proibido porque configura aglomeração de pessoas. O segundo problema é que a polícia não tem poder de fiscalização, de fechar o estabelecimento que está permitindo esse crime. Só nos resta encaminhar a denúncia para o DF Legal, a quem cabe o poder de combatê-lo, o que esbarra, por sua vez, na falta de estrutura do governo para fiscalizar todo o Distrito Federal”, afirma o comandante.
Reforço no policiamento
Para aumentar sensação de segurança para a população e apoiar as ações do DF Legal e do Detran, o 4º Batalhão recebeu o reforço dos policiais do Batalhão Escolar, que tem sede no Guará I, mas não está atuando nas escolas por causa do recesso forçado da rede pública. “Estamos com nosso efetivo quase todo nas ruas, mesmo com pouca movimentação, porque os bandidos continuam aguardando descuidos das possíveis vítimas”, informa o major Siqueira, lembrando que as abordagens são feitas com todos os cuidados de higienização por parte dos policiais e para preservar as pessoas abordadas, com uso de máscaras e álcool em gel.
Outra preocupação dos policiais é convencer as pessoas que insistem em caminhar em grupos e aglomerar-se em praças e locais públicos a ficarem em casa, mas como conselho e não repressão. “A maior parte das pessoas que encontramos nas ruas é de idosos, os que estão na faixa de risco, porque o jovem prefere ficar em casa jogando no computador ou no celular, o que já era a sua rotina antes. Mas, os mais velhos não estão conseguindo se adaptar às novas recomendações, sem contar que são auto suficientes e acham que a experiência não lhes permitem pegar o vírus na rua”, explica a soldado Viviane Guedes, que tem formação em Psicologia. Outra recomendação, é evitar “dar mole pro bandido”, ou seja, tomar cuidados para não facilitar a ação dos criminosos. “Por exemplo, evitar expor e ficar falando ao celular em público, principalmente em lugares com pouca movimentação, e sempre observar a aproximação de estranhos e se precaver”, recomenda a sargento Kelly Sousa.
Outra recomendação da Polícia Militar é procurar a polícia, incluindo a Delegacia, somente em casos em que exigem a presença da vítima. Caso necessário, o morador do Guará pode acessar o contato celular do 4º Batalhão (99970.9166), mas somente através de mensagens por WhatsApp. “Não estamos atendendo por aúdio, porque sobrecarrega o serviço de atendimento. Mas todas as mensagens serão respondidas e atendidas, caso tenham indícios de consistência ou sejam de competência da polícia”, completa o comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar do Guará.