Guará ultrapassa os 100 casos de infectados

O Guará chegou a ficar em terceiro lugar esta semana na disputa por contaminação por coronavírus no Distrito Federal, ao ultrapassar o Lago Sul. Mas voltou a ficar em quarta de acordo com o relatório da Secretaria de Saúde desta sexta-feira, 8 de maio. A cidade, entretanto, continua na dianteira em número de mortes por Covid-19, empatada com Gama e Ceilândia, com 4 cada uma. Dos casos confirmados no Guará, a maior parte (16 casos) está na faixa de 30 a 39 anos, seguida da acima de 60 anos, com 8 casos confirmados. O restante está distribuído nas outras faixas.
O crescimento da contaminação entre guaraenses está sendo creditada ao desrespeito de parte de moradores ao isolamento e ao uso de máscaras. Grupos sociais, Jornais e TVs mostraram imagens de concentração de pessoas praticando esportes em quadras, caminhando pelo calçadão, jogando dominó em áreas públicas, em filas de bancos e de festas constantes em algumas quadras.
As imagens mais chocantes foram de duas festas, uma na QE 26 e outra na QE 44, com aglomeração de pessoas, som alto e consumo de bebida alcoólica, abraços, beijos e nenhuma preocupação com procedimentos de higiene.

Guará, maior proporção de mortes
O Plano Piloto continua na dianteira da contaminação, com 305 casos confirmados, seguido de Águas Claras com 188, Lago Sul com 113 e Guará com 103. Em proporção de mortalidade, Guará continua na frente, com percentual de letalidade de 4,5%, sendo que em Águas Claras o nível é de 2,3% e, no Lago Sul, de 1,2%.
Para o ex-administrador regional do Guará e colunista do Jornal do Guará, Joel Alves Rodrigues, a insubordinação dos moradores é cada vez maior e a tendência é que a contaminação aumente mais ainda nas próximas semanas, consideradas as mais críticas pelo Ministério da Saúde. “Ando todos os dias pela cidade e o que vejo são concentrações em todos os locais, sem a menor preocupação com afastamento e uso de máscaras e outras recomendações”, conta.
O índice de isolamento no Distrito Federal, de acordo com o Ministério da Saúde, é de 52,6%, mas no Guará é de apenas 46,2% de acordo com o último levantamento em abril. O índice adequado para que os casos de coronavírus não continuassem a ascender na curva é de 70%, segundo a Organização Mundial de Saúde.


Festas e mais festas
Nos grupos sociais circularam esta semana imagens de festas na QE 26 e na QE 44, com participação acima de 50 pessoas. As imagens foram mostradas por emissoras de TVs e reportagens de jornais diários e sites. Uma das festas, na QE 26, em frente ao comércio, na terça-feira, 5 de maio, cerca de 50 pessoas se divertiam ao som de música alta e consumo de bebida alcoólica, com o irônico tema “festa do coronavírus”. Na praça, no mesmo horário da festa, um grupo de idosos jogava dominó. Segundo moradores da quadra, esse tipo de concentração tem acontecido com frequência no local.
Outra festa, maior ainda, com a participação de cerca de 70 pessoas, aconteceu na QE 44, filmada e fotografada por vizinhos, que denunciaram à polícia, e os organizadores foram identificados e levados à 4ª DP e orientados sobre os riscos do contágio que estavam provocando.
A polícia entretanto, está encontrando dificuldades para o enquadramento de quem promove e participde festas durante a pandemia por falta de legislação específica, a não ser em caso de descumprimento da Lei do Silêncio ou Contravenção por Perturbação da Tranquilidade Pública e ou qualquer outro crime, quando é feito o Termo Circunstanciado de Ocorrência e os responsáveis e menores de idade encaminhados às delegacias de Polícia. “Infelizmente não há lei que respalde a polícia a agir para dispersar essas reuniões com até 100 pessoas somente por causa do coronavírus. Acima de 100, sim. Vamos poder agir no caso da obrigatoriedade do uso de máscaras, porque há um decreto do governo tornando obrigatório o uso dela no DF. E mesmo assim, estamos aguardando mais detalhes de como devemos agir”, explica o comandante do 4º da Polícia Militar do Guará, major Fernando Siqueira. “O que estamos procurando fazer, quando recebemos denúncias dos moradores, é procurar conscientizar os participantes dos riscos que estão correndo e colocando em risco a vida de outros também”, completa. Ele exemplifica o caso dos comércios que vendem e permitem consumo de bebida alcoólica no local, quando somente o DF Legal tem permissão para agir, cabendo à polícia fazer apenas o comunicado da infração.