Os muros de Brasília estão repletos de suas artes. Sejam nas ruas, onde pintam espontaneamente, ou em lojas, shoppings e casas, levados pela tendência urbana na decoração. São artistas que deixaram de frequentar as ruas durante a quarentena e decidem agora mostrar um pouco de sua produção mais recente reunidos em uma galeria virtual no Instagram, com a possibilidade de compra das obras, por leilão, na mesma plataforma.
Toys, Derk, Guga Baygon, Hamilton Zen, Mikael Omik , Cacau, Yong, Kellen Klipel, Microfone, Neew, Soneca e Julimar dos Santos são os artistas que participam da mostra coletiva e colaborativa. “Estamos vivenciando um novo modo de experienciar arte, uma nova forma de apreciar as coisas e essa exposição traz isso”, comenta Julimar dos Santos organizador da mostra e Gerente de Cultura do Guará. “A cultura é um dos setores mais afetados por essa crise global, com previsão a ser um dos últimos a voltarem à normalidade. Tal prejuízo levanta inúmeras discussões, principalmente em relação à relevância dispensada a arte na sociedade. E desde o início da quarentena, produtores, artistas e ativistas culturais vêm se mobilizando para desenvolver projetos nas mais diversas áreas, como lives, música da janela e sessões de cinema. Tudo para levar arte a todas e todos em confinamento”.
As obras serão vendidas e entregues pelos próprios autores e 10% do valor da venda será destinado a instituições de caridade.
Os artistas
A Expon-line terá o lançamento dia 23 de maio com uma vernissage transmitida ao vivo. Será uma live com participação de músicos do Batidão Sonoro.
Toys
Toys Daniel tem 29 anos. Nascido em Brasília, desenha desde pequeno, mas começou a grafitar aos 13. “Andando de skate, conheci o grafite. Pirei, comecei a pesquisar, ver em revistas. ” Fiz meu primeiro grafite no Guará, mas é no Plano Piloto, na W3, que as cores e traços do nosso trabalho ganham o olhar do outro com mais destaque”, considera. Toys cursou Publicidade e Propaganda, trabalhou em agências e viajou pela América do Sul. “ Voltei querendo viver do trabalho com as tintas, cores e o que sou capaz de produzir com elas”, admite. Versátil, ele não fica preso a só uma linguagem. “Consigo fazer mural na rua, pintar tela, desenvolver ilustração no computador. Tenho liberdade”, comemora.
Toys tem murais espalhados pelas principais capitais do Brasil e países como Argentina, Chile, Peru, Portugal, Alemanha, Espanha, França e Reino Unido, Toys acredita que o amor e a cor podem mudar o mundo e conectar pessoas.
Derk
Derk iniciou seu interesse pela arte desde muito cedo através de HQs. Seu vínculo com o graffiti veio através das ruas, revista e muito fortemente pelos stickers. Produzia adesivos de maneiras caseira onde espalhava na cidade inteira. Seu trabalho se estabelece dentro da tipografia com referências ao designer gráfico que sempre o chamou a atenção, já sendo formado pode fazer trabalhos na área com um estilo autorais. E na abstração com referências a um olhar mais profundo sobre questões como existência, universo, espiritualidade, natureza e paz.
Guga Baygon
Nascido em Recife, famosa por ser um grande caldeirão cultural, foi desenvolvendo e fortalecendo sua formação artística com várias influências que o acompanham até hoje como: personagens, cores e bom humor do carnaval e São João, a postura e atitude do skate, punk/hardcore, as raízes hip-hop e regional, todo tipo de sonoridade que soa bem na alma, além de sua eterna crença extraterrena. Desde pequeno seus companheiros eram os lápis, pincéis e em 1988/89 teve os primeiros contatos com o spray inserido mais um elemento para suas criações, em 1995 tem seu início ao grafti, em 2001 começa a tatuar vivendo entre Brasília (atual residência) e Recife. Seus trabalhos já marcaram presença em várias publicações, obras, bienais, encontros, convenções, além de passar por vários lugares como Natal – RN, João Pessoa – PB, Fortaleza – CE, Gramado e Canela – RS, Anápolis e Goiânia – GO, Rio de Janeiro – RJ, São Paulo – SP, Belo Horizonte – MG, Japão e França.
Hamilton Zen
Morador do Guará II desde 1972, é produtor e ativista cultural, artista plástico e desenhista, diretor de teatro, ator e músico. Poeta da vida, participa dos coletivos de poesia literatura e musical e artes visuais, Celeiro Literário Brasiliense e presidente da Tribo das Artes atualmente. Ativista Cultural desde 1980. Hoje na cidade que mora atua como Presidente do Conselho Regional de Cultura Guará na terceira gestão 2016/2019.
Omik
Com a felicidade sendo um fator energético a vida das pessoas, há 8 anos o trabalho do artista Omik nasceu e transita pelas ruas de Brasília. Tem como linguagem artística a figura feminina de forma latente e geralmente voltadas a paleta quente com predominância no vermelho e laranja. O artista teve seu trabalho exposto em vários lugares do país e do mundo em forma de decoração e exposições contando com duas solos como “IN VENTO” em Brasília e “OCUPAR” em São Paulo. Esteve presente com seu trabalho em lugares como: Alemanha, Argentina, Chile, França, Peru, Portugal, Espanha, Inglaterra e Brasil. Acredita que as cores têm um papel fundamental para o humor da sociedade e torna o um dos principais motivos a ter se tornado um artista urbano.
Kellen Klipel
Kéllen Klipel tem 29 anos, nasceu na Serra Gaúcha, em Caxias do Sul – RS e hoje reside em Brasília. É artista e terapeuta, graduanda em Psicologia e Filosofia, pela Universidade Federal de Santa Catarina. Kéllen Klipel é especialista em mandalas. Além de criações em telas e murais, é idealizadora do projeto “Oficina Terapêutica de Mandalas”, criado em 2017, e leva esse projeto itinerante por diversas cidades do Brasil, ensinando a arte milenar das mandalas, dentro de um contexto terapêutico. “Estudo essas geometrias há 4 anos e acredito que a arte das mandalas é uma poderosa ferramenta de expansão de consciência e transformação. Por isso levo minha arte com esse propósito: conectando pessoas com seus talentos, inspirações, criatividade e essência.
Neew
Caio de Aguiar é natural de Brasília, onde reside atualmente. É conhecido nas ruas como NEEW. Iniciou suas atividades artísticas por meio do desenho, influenciado por quadrinhos e animes.
Em 2002, já se encantava com os graffitis no centro da cidade de Brasília. Era algo que não acontecia sempre, então todas as vezes que entrava em um ônibus mantinha os olhos bem abertos para não perder nada. Em 2004 teve o primeiro contato com o graffiti, quando participou do Projeto Picasso Não Pichava e em seguida fez seu primeiro graffiti com um rolinho e um spray no Guará, onde morava na época.
Entre 2004 e 2005 se descobriu como artista. Tem formação em Design Gráfico, artista autodidata, faz uso de técnicas especiais como acrílico sobre tela, ilustração digital e customização.
Através do GRAFFITI e seus desenhos, tem como objetivo principal de se comunicar com o público dentro de uma linguagem própria, além de explorar a interação das pessoas com mundo real e imaginário.
Soneka
Flávio Mendes, iniciou no graffiti em 2002 e na tatuagem em 2007. Conhecido nas ruas como o grafiteiro Soneka, desenha desde criança, na adolescência conheceu o graffiti. Sua carreira é uma das mais reconhecidas na cena de graffiti do DF e também na cena nacional, acumulando 15 anos de história. Hoje atua também como ilustrador e tatuador, seu estilo é facilmente reconhecido pelos admiradores de suas obras, sua arte é inspirada no seu cotidiano, e seu olhar sobre a realidade de 9 que fizeram parte da sua infância e adolescência, gosta de criar histórias surreais e seres místicos, misturados com personagens reais e animais. O artista é muito influenciado pelo Hip-hop, skate e a cultura underground, os jovens encontrados nas periferias de Brasília também possui assento cativo em seus graffitis. Soneka faz trabalhos para grandes marcas como a Eskis e Cool Cat, suas obras estampam camisetas, bermudas, bonés e mochilas. Esteve presente nos principais eventos da cena nacional e internacional. Atua de forma voluntária oferecendo oficinas de Graffiti e desenho, já realizou oficinas em diversas intuições e locais carentes como: – CAJE – Nas casas de Semiliberdade – Unidade de Internação do Recanto das Emas – Favela Santa Luzia – Cidade Estrutural- DF – Favela Rua do Sossego – Candangolândia/DF
Cacau
Ana Carla Borges, mais conhecida como Cacau B. , artista auto de data residente do Guará, teve sua consolidação como pintora aos 21 anos, formada em Historia pela UPIS, retrata em seus quadros suas vivências como mulher negra, sonhos, aspirações e pesadelos. Sua arte é especialmente sobre partilhar sua visão particular com um tom ácido e satírico, bom humor e referências da cultura pop. Trabalha com tinta acrílica e de tecido sob papel canson, também usa algumas colagens com jornais e revistas, arranjos de flores e reciclagem (bijuterias estragadas por exemplo).
Julimar dos Santos
Artista plástico autodidata, escultor, malabarista, artesão, músico, Educador e produtor cultural, ex-conselheiro de Cultura do Guará-2014-2016. Trabalha a quase 15 anos com muralismo, especializado em pintura de painéis em grandes formatos, principalmente a céu aberto e como parte de seu projeto de aproximação do espectador e arte, com mais de 200 painéis espalhados por Brasília, e em outros estados se dedica principalmente a pintar paisagens do Brasil e do Cerrado, é o atual Gerente de Cultura do Guará.