DUPLICAÇÃO GUARÁ-NÚCLEO BANDEIRANTE – Promessa repetida a cada governo

Obra relativamente barata não consegue sair do papel. Começou a ser planejada há mais de 20 anos. Congestionamento chega a 40 minutos em menos de dois quilômetros

Entra ano e sai ano, sai governo e entra governo e a promessa de duplicar a via entre Guará e Núcleo Bandeirante não é efetivada, mesmo sendo uma obra cada vez mais premente e relativamente barata no contexto do Orçamento do GDF. A obra vem sendo prometida desde o último governo Roriz, foi anunciada no governo Arruda, teve o projeto adiantado no governo Agnelo, inclusive com negociação de recursos com o Banco do Brasil, depois readequado e anunciado pelo governo Rollemberg, mas na metade do governo Ibaneis sequer entrou no pacote de investimentos anunciado nesta quinta-feira, 10 de setembro, em que serão gastos R$ 28 bilhões em obras em praticamente todo o Distrito Federal.
Ao que parece, para o governo, a duplicação da via não é tão importante, mesmo com a constatação de que o trecho de menos de dois quilômetros de extensão (entre a ponte do córrego Vicente Pires e a via de ligação com Arniqueira e Park Way) é um dos maiores gargalos do trânsito no DF. Em horários de pico, entre 18h e 20h, o congestionamento de veículos chega a 40 minutos. Se houver algum acidente no percurso, esse tempo pode ultrapassar a 1h. A situação pode piorar mais ainda à medida que a expansão do Guará (Quadras 48 a 58), vai sendo ocupada e o trânsito na via vai aumentando.
A duplicação começou a ser planejada no último dos três governos de Joaquim Roriz, mas ficou parado no governo Cristovam Buarque, como aliás aconteceu com quase todas as obras físicas do período. O projeto voltou a andar no governo Arruda, quando o Distrito Federal recebeu a maior quantidade de investimentos em obras de sua história. Entretanto, a duplicação da via não foi contemplada, mas, desta vez por culpa de entraves na licença ambiental impostos pela Secretaria de Meio Ambiente.

Os governo tampões que o sucedeu, de Wilson Lima, e depois o de Rogério Rosso sequer se interessaram pela obra, que voltou a ser discutida efetivamente no governo Agnelo, quando o projeto inicialmente orçado em cerca de R$ 40 milhões foi refeito e readequado para cerca de R$ 33 milhões.
O governo Rollemberg foi o que mais se interessou e avançou no projeto de duplicação da via, mas esbarrou numa outra exigência, desta vez da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que havia alterado os cálculos de concretagem de viadutos e pontes – no projeto estão previstos dois viadutos e a duplicação da ponte sobre o córrego Vicente Pires. Por causa dessa alteração das normas, o projeto teve que ser novamente readequado, mas como a Novacap não tinha estrutura para fazê-lo por conta própria, teria que contratar uma empresa externa para executá-lo, mas não houve tempo para a contratação.
Para tentar viabilizar a obra mais rapidamente, a Secretaria de Infraestrutura e Obras do governo Rollemberg resolveu promover algumas alterações no projeto, a principal delas a troca do viaduto sobre a linha férrea, entre a antiga estação Bernardo Sayão e o Lar dos Velhinhos Maria Madalena, na via de acesso ao Park Way, por um túnel, que tem um custo bem menor – o viaduto exigiria uma altura de 6 metros para a passagem dos trens.
A esperança dos usuários da via que sofrem com os congestionamentos há vários anos é que a obra seja uma das prioridades do governo Ibaneis, até por causa do adiantamento das providências por parte dos governos anteriores. Mas não foi o que aconteceu até agora. Questionada algumas vezes pelo Jornal do Guará em 2019, primeiro ano do novo governo, a Novacap se limitou a responder que o projeto continuava na pauta, mas sem fornecer mais detalhes. Em janeiro deste ano, a reportagem do jornal questionou o então presidente da Novacap, Cândido Teles, sobre a duplicação e mais uma vez recebeu a promessa de que o projeto seria “desengavetado” e posto em prática. Nesta quinta-feira, 10 de setembro, a reportagem do Jornal do Guará voltou a pedir informações sobre o projeto à Novacap e recebeu a resposta da sua Assessoria de Comunicação que a empresa “aguarda recursos para posterior processo administrativo licitatório”, sem citar prazos, providências que estão sendo tomadas na busca de recursos e outros detalhes de um projeto tão significante para a população guaraense e para os usuários da via.


Demanda vai aumentar

Com a duplicação, o governo se anteciparia na resolução de um problema que vai se ampliar com a ocupação da expansão do Guará, na área conhecida como “cidade do servidor”, onde estão sendo assentadas cerca de 10 mil pessoas nos 700 lotes que foram licitados pela Terracap e nos 805 lotes entregues às cooperativas habitacionais.
Mesmo antes dessa ocupação, o percurso entre o Guará II e o Núcleo Bandeirante e Park Way, de menos dois quilômetros, chega a consumir até 40 minutos no final da tarde, no período entre 18h e 19h. Sem investimento na ampliação da via e a ocupação da expansão, o gargalo certamente será muito maior.
A pista do Guará até a ponte sobre o córrego Vicente Pires é dupla, mas afunila quando passa a ser simples a partir da ponte até o acesso à ligação com o Park Way, entre a antiga estação ferroviária e o Lar dos Velhinhos Maria Madalena. O congestionamento nas horas de maior movimento nesse trecho começa no Polo de Moda e vai o até a intersecção com a via entre Park Way e Arniqueira, sentido Águas Claras.
No governo Arruda, o então administrador do Park Way, Antônio Girotto, pensando em facilitar o acesso às quadras 3 e 4 daquela Região Administrativa, resolveu abrir uma passagem sobre a linha férrea para tentar reduzir um imenso engarrafamento todos os dias dentro do Guará e na Epia, na altura do Núcleo Bandeirante. A nova passagem sobre os trilhos criou uma nova rota para quem vive no Park Way e em Arniqueira e Águas Claras, passando por dentro do Guará. Mas, a quantidade de veículos que passava pelo acesso era muito superior à capacidade da via, causando enormes congestionamento nos horários de pico, com reflexos até na via contorno do Guará II em alguns momentos. A situação melhorou com a duplicação da nova via, no final do governo Rollemberg, com a criação de uma segunda pista.
A ampliação prevê a construção de uma nova ponte, de mais uma pista dos dois lados da via na parte do Guará, a duplicação e a construção de um viaduto em frente à QE 32 e um túnel na ligação com Park Way/Arniqueira.
Como ainda restam mais de dois anos do governo Ibaneis, ainda há esperança de que a obra entre nas prioridades da Secretaria de Infraestrutura e Obras e da Novacap.