Moradores se unem para arborizar parque do Guará

Cerca de 250 mudas de árvores nativas do Cerrado foram plantadas no Ezechias Heringer neste domingo. Na segunda, outras 500 mudas foram plantadas por voluntários da Câmara Legislativa

É no quintal de casa que a moradora do Guará II, Vânia Arraes Almeida, cria mudas de árvores frutíferas e as distribui aos amigos. Há frutas que ela compra só para plantar as sementes e fazê-las brotar. A preocupação da dona de casa é, além de produzir alimentos, arborizar a cidade, umidificar o clima e deixar um legado ambiental para as próximas gerações.

E foi pensando nisso que ela se juntou a mais de 70 pessoas numa ação voluntária de arborização do Parque Ecológico Ezechias Heringer, no Guará II. A parceria entre o Governo do Distrito Federal e (GDF) e a sociedade civil, em um trabalho conjunto de melhoria de Brasília, se deu por meio do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), gestor do parque, e o projeto Tempo de Plantar. Só neste domingo (13 de dezembro) foram mais de 250 mudas de árvores nativas do Cerrado.

As mudas foram doadas pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) e por moradores da cidade. A própria Vânia levou 46 delas, de 20 espécies diferentes, entre Pau de Jacaré, Pau de Pombo, Graviola, Jequitibá e Pitomba. A escolha não foi involuntária: ela pesquisou os tipos mais frondosos, com grandes copas. “Eu olho para esses descampados e me dá uma dor no coração. Quero ver isso tudo verde”, diz ela. Junto dela estava a filha Danielle Almeida, de 37 anos. Servidora pública, essa foi a segunda vez que as duas se voluntariaram para ajudar no reflorestamento de uma área de conservação de Brasília. Atenta às melhorias climáticas que sua atitude pode causar, Danielle acha que quanto mais árvores a cidade tiver, melhor para os moradores. “Brasília está ficando cada vez mais quente. Precisamos ter mais árvores por aqui.”

Participação dos moradores

O projeto Tempo de Plantar coordenou toda a ação de plantio de árvores no Parque do Guará, como já havia feito no domingo anterior no Bosque dos Eucaliptos (Entre as QEs 38, 42, 44 e Expansão do Guará), onde foram plantadas 250 mudas de plantas do cerrado.

Pela manhã, era possível acompanhar dezenas de voluntários plantando mudas, carregando estacas de sustentação para as mais frágeis e colocando a mão na terra. Simone Vaz de Holanda, de 33 anos, coordenadoras do Tempo de Plantar no Guará, conta que só em 2019, em parceria com as administrações regionais, foram plantadas 22 mil árvores em 22 regiões administrativas. Durante parte do ano, o grupo ensina como germinar e plantar uma muda para no período de chuva, entre dezembro e março, promover o plantio. “Plantar árvores ajuda a preservar nossas nascentes, a manter vivas as espécies do Cerrado e a promover a interação da comunidade com o lugar onde mora”, acredita Simone.

Essa interação é o que o advogado Leonardo Rangel, de 39 anos, tenta criar entre suas filhas e o meio ambiente. Acompanhado da Manuela, de 8 anos, e da Ana Júlia, de 10, eles plantaram uma muda de Ipê Amarelo no parque do Guará. O trabalho em conjunto, acredita ele, tenta conscientizar as meninas a preservarem o ecossistema e estarem atentas às questões ambientais. “Desde já elas precisam saber a importância que tem uma árvore para a nossa sobrevivência”, conclui.

 

Voluntários da Câmara Legislativa

É a primeira ação do Comitê de Voluntariado, em parceria com Novacap e Ibram

O Comitê de Voluntariado Ambiental do Programa de Voluntariado da Vice-presidência da Câmara Legislativa iniciou nesta segunda-feira (14 de dezembro) o plantio de 500 mudas de espécies nativas do cerrado no Parque Ezequias Heringuer, no Guará. A iniciativa é fruto de parcerias com a Novacap, que doou as mudas já preparadas para o plantio, com o Instituto Brasília Ambiental (IBRAM), que disponibilizou o espaço, e com a Administração Regional do Guará.

Entre as espécies a serem plantadas estão: araçá do campo, angico, jenipapo, aroeira, urucum, ipê amarelo, ipê rosa, ipê branco, jacarandá, xixa, buriti, pitomba, mirindiba, fedegoso, sangra d’água, cajuzinho do cerrado, uvaia e cagaita.

“Ações como essa buscam conscientizar a população contra os crimes ambientais e resgatar a solidariedade também para a questão ambiental”, destacou a presidente do comitê executivo do Programa de Voluntariado, Rafaela Abrantes.

 

Em seu pronunciamento, o vice-presidente da Casa, deputado Delmasso (Republicanos) ressaltou que a escolha do Parque Ecológico Ezequias Heringuer para a primeira iniciativa do Comitê de Voluntariado Ambiental deve-se a uma conexão histórica dos moradores do Guará com o local. “Havia essa demanda da comunidade muito grande para a remoção dos invasores que estavam dentro do parque, o que conseguimos no governo passado. Agora trabalhamos com o IBRAM e a Novacap para a implantação definitiva do Parque. Delmasso adiantou que mais três parques ecológicos do DF receberão ações semelhantes de plantio de mudas: o da Península do Lago Norte, no final de janeiro; o Bernardo Sayão no Lago Sul, em fevereiro; e o Parque Três Meninas, em Samambaia, no mês de março.

A superintendente do Instituto Brasília Ambiental (IBRAM), Rejane Pieratti, destacou em seu pronunciamento que a época das chuvas no DF faz com que a “sociedade civil fique ávida por plantar” e que as unidades de conservação são um espaço mais que propício. “O Comitê é super bem-vindo! O parque é da comunidade e esse controle social é super importante, a sociedade civil é quem vai cuidar da implementação”, observou Rejane. O IBRAM conta com 82 unidades de conservação, sendo 26 parques disponíveis à comunidade e “mais cinco para serem abertos em breve”.

Preservação

Criado no dia 12 de novembro, o Comitê de Voluntariado Ambiental trabalha por meio do engajamento voluntário de servidores da Casa e de outros membros da sociedade civil. O programa promove medidas para recuperar áreas degradadas, com a sua revegetação com espécies nativas e exóticas, conforme definições técnicas dos órgãos competentes; estimular o plantio de árvores nativas, além de realizar debates e palestras voltados para a educação ambiental. A atuação do voluntariado envolve, ainda, parcerias com entidades públicas e privadas.