O Guará há muito tem um vínculo estreito com o comando do Departamento de Trânsito do Distrito Federal, através dos ex-diretores-gerais Francisco Saraiva Neto (por duas vezes) e mais recentemente com Alírio Neto, que deixou o cargo no final de 2019 por problemas de saúde, e agora com Gustavo Carvalho Amaral, diretor-geral adjunto desde julho do ano passado. É esse jovem de apenas 33 anos de idade, morador do Guará há mais de 20 anos (QE 34 e depois QE 32), um dos principais protagonistas da verdadeira revolução tecnológica implementada no Detran-DF em menos de um ano, em parte para se adaptar às necessidades dos usuários durante a pandemia.
Formado em Direito, com especialização em Direito Administrativo, matéria que leciona há 13 anos em cursos preparativos para concursos, professor de pós graduação da Escola de Magistratura do DF, servidor de Carreira do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), ex-presidente da Comissão de Ética e Desempenho dos Conselhos Tutelares do DF, ex-coordenador das administrações regionais na Secretaria de Cidade, ex-chefe de gabinete do deputado federal Osmar Bertolde (DEM/ES), ex-assessor do deputado federal Luis Miranda (DEM/DF), ex-Secretário Nacional da Diversidade Cultural, ex-administrador regional de Brasília (Plano Piloto) Gustavo Amaral está levando toda essa experiência para essa empreitada de transformar o Detran num órgão na palma da mão do usuário, praticamente todo digital, em parceria com seu colega de cursinho, Zélio Maia da Rocha, o diretor-geral, de quem recebeu o convite para ser seu adjunto.
Nesta entrevista ao Jornal do Guará, Gustavo o que os dois conseguiram fazer em menos de um ano no comando do órgão.
Como vocês receberam o Detran e o que já conseguiram fazer?
Encontramos um órgão bastante defasado e desatualizado. Era como se tivéssemos o mais moderno aparelho celular de 1990. Organizamos a distribuição de recursos para investir no que era mais necessário, e a primeira providência nossa foi atualizar toda a gestão tecnológica do Detran. Com isso, já conseguimos lançar o Aplicativo Digital, o novo portal e renovamos toda a frota de veículos, que era de 2013; capacitamos os servidores através de vários cursos, porque não adianta implantar procedimentos modernos se a equipe não está preparada para executá-los.
O nosso objetivo foi fazer a mudança de dentro para fora. Arrumar e preparar a casa para receber o usuário da melhor forma possível.
O Detran sempre foi considerado um órgão corporativo, em que alguns servidores, principalmente os mais antigos, resistiam à chegada de quem não era da área para o comando. Como foi com vocês?
O dr. Zélio chegou em março e eu julho. Realmente tivemos que lidar com algumas resistências internas, por parte de quem não concordava com mudanças mais drásticas, ou não as consideravam necessárias em tão pouco tempo. Por isso, tivemos que fazer trocas de peças para que a máquina pudesse acompanhar o nosso ritmo de trabalho. Depois da casa arrumada, os resultados começam a aparecer, como o Aplicativo Digital, em que qualquer pessoa, através do celular, pode consultar tudo sobre seu veículo, fazer transferência de pontos – o que demandava fila e tempo de espera – indicar o condutor infrator, quem realmente dirigia o veículo no momento da infração. Consegue emitir o novo CRVLe (Certificado de Registro de Licenciamento de Veículos digital), e estamos próximos de concluir a implantação do novo documento de transferência que aboliu toda a burocracia, incluindo cartório, o ATPVe (Autorização Eletrônica para Transferência de Propriedade de Veículo). O serviço que era todo braçal agora é quase todo digital.
O Detran é um dos poucos órgãos que mexem com a vida de todas as pessoas, tenham carro ou não. Com quem tem bicicleta, usuário do transporte público ou quem é simplesmente pedestre. Todos dependem das decisões do Detran. Por isso, estamos fazendo com que o balcão de atendimento do Detran seja uma TI, como a solução de todos os problemas na tela de um computador ou celular. Implementamos também a CNH Social, favorecendo mais de 2 mil motoristas de baixa renda, sem qualquer custo.
Esses serviços foram facilitados por causa da pandemia, mas serão permanentes? Como será a redução da burocracia?
Estamos chegando próximos de acabar com todas as filas do Detran. O que precisa da presença física do usuário terá que ser agendado, como é o caso da vistoria do veículo, e mesmo assim a vistoria está sendo modernizada para acabar com o gargalho de 20 mil carros à espera de atendimento. Será um novo Detran, ou, um Detran completamente digital.
Em que escala está o Detran-DF em relação aos outros Detrans do país nesse processo de modernização?
O Detran-DF está na vanguarda de todos os Detrans do país em modernização. No último encontro dos Detrans, o diretor geral Zélio Maia impressionou todos os colegas de outros estrados ao apresentar o que já conseguimos implantar. Estamos à frente inclusive de São Paulo e Rio de Janeiro.