Histórias de duas mães se encontram na piscina da academia Água Vida. A fisioterapeuta Maraísa Botelho e Juliana Lopes são ambas mães de filhos com lesão cerebral.
Maraísa é contadora e servidora pública. Aos 23 anos teve sua filha em um parto complicado por uma embolia amniótica. Várias complicações para a mãe e para a bebê se seguiram após o nascimento. Maraísa passou dias em coma e sua filhinha 8 meses na UTI. Com lesões neurológicas, a pequena logo começou uma série de tratamentos para desenvolver-se melhor. Entre eles, a fisioterapia. “Passamos por vários profissionais ruins, uma fase muito frustrante, até que encontrei uma excelente profissional”, conta a mãe sobre a fisioterapeuta que a inspirou. A melhora da filha a motivou a estudar mais sobre a fisioterapia. “Queria entender como minha filha, que era tetraplégica, conseguia se movimentar tão bem na água e não conseguia no solo”. Assim, Maraísa Botelho, assídua nadadora desde a infância, passou a estudar fisioterapia e fez especialização em fisioterapia aquática. Apesar dos tratamentos, as complicações da filha de Maraísa agravaram-se e a pequena não resistiu. “Mesmo após o falecimento da minha filha, minha motivação não acabou. Por conseguir ver nos outros pacientes as mesmas melhoras que via na minha filha”.
Em meio a esta saga, a fisioterapeuta encontrou, na piscina onde recebe seus pacientes, na Água Vida do Guará, os trigêmeos de Juliana Correia Lopes: Katarina, Valentina e Davi. Nascidos de 28 semanas, os três têm paralisia cerebral. “Katarina foi a primeira paciente que assumi sozinha. Eu já a conhecia por ser coleguinha da minha filha, junto aos irmãos. Quando ela chegou para mim, estava no pós-operatório por conta de uma cirurgia no quadril e respondeu muito bem ao tratamento”, conta a terapeuta. “Katarina tem paralisia cerebral triplégica e a lesão afetou os membros inferiores e o braço esquerdo. Ela tem uma personalidade forte, quando quer alguma coisa ela vai atrás até conseguir! E é uma criança super alegre e de tudo acha graça”, relata a mãe Juliana. “A hidroterapia é a terapia que ela mais gosta de fazer. Era o sonho dela aprender a nadar, finalmente conseguiu acompanhar os irmãos”, continua orgulhosa.
A fisioterapia aquática
“Escolhemos este local porque é preciso de uma piscina com temperatura entre 32° e 34°C”, explica a terapeuta. O tratamento propicia aos pacientes que tem aumento de tônus, ou paciente espástico, o relaxamento daquela musculatura. Na água o paciente tem liberdade para realizar movimentos que ele não conseguiria no solo. Primeiro ele repete o movimento na piscina e depois o transfere para o chão. Além da água propiciar o aspecto lúdico do tratamento, fundamental para as crianças. Maraísa atende preferencialmente crianças, em horários marcados, no Guará.