RÊNIO QUINTAS – “A cultura não pode perder o Teatro de Arena”

Novo presidente do Conselho Regional de Cultura do Guará protesta contra a inclusão do espaço na privatização do Cave e reclama do descaso da Administração Regional com a cultura da cidade

foto de Mariana Alves

Considerado um dos principais ativistas culturais do Distrito Federal, como coordenador do Polo de Cultura, músico e produtor há 40 anos, Rênio Quintas se depara com novos desafios ao assumir o Conselho de Cultura do Guará após renúncia do presidente anterior. E os primeiros desses desafios são a luta para retirar o Teatro de Arena do projeto de privatização do Cave e estabelecer uma melhor relação do meio cultural com a Administração Regional, que estaria sendo omissa e indiferente com algumas demandas do segmento.
Em relação ao Teatro de Arena, o novo presidente do Conselho está investindo em quatro frentes: no Tribunal de Contas do Distrito Federal, onde o projeto está passando por ajustes antes de ser encaminhado à Secretaria de Esporte e Lazer para licitação, na Câmara Legislativa, com pedido de informações por parte de alguns deputados, e no Ministério Público Regional para que a comunidade cultural seja ouvida antes da privatização. “Estamos também preparando uma campanha de mobilização da comunidade guaraense para a importância dela lutar pela preservação de um espaço cultural que não pode ser transformado simplesmente num espaço empresarial”, conta.
A intenção do movimento cultural do Guará, segundo Rênio, é salvar pelo menos o Teatro de Arena, porque ele próprio considera praticamente impossível evitar a privatização do complexo do Cave. “É inaceitável que se repasse para a iniciativa privada um espaço com 5 mil lugares, inclusive contrariando o Artigo 250 da Lei Orgânica da Cultura (LOC). Não adianta virem afirmar que o teatro vai continuar existindo, porque certamente não estará mais a serviço da cultura, pelo menos a cultura popular, uma vez que será transformado num espaço para geração de recursos pelo provável concessionário”, critica.

Falta apoio da Administração Regional

Outro desafio do presidente do Conselho de Cultura é “quebrar o gelo” entre o segmento e a Administração Regional do Guará. Rênio cita o recente episódio do furto dos cabos de energia do Teatro de Arena há mais de um mês, sem que sejam tomadas providências. “Recorremos à Administração, que repassa o assunto para a Novacap, que não nos responde e nem toma providências. É inaceitável que uma Administração Regional não consiga resolver uma simples reposição de uma pequena quantidade de cabos de energia. Isso é omissão e negligência, pra mim, de propósito, para depois justificar a necessidade de incluir o espaço na privatização”, diz ele, que protocolou denúncia contra a omissão da Administração do Guará na Procuradoria Geral do DF.

Rua de Lazer mais dinâmica

Outras propostas do presidente do Conselho de Cultura é revitalizar a Rua de Lazer no centro do Guará II, interrompida por causa da pandemia, embora a rua continue interditada durante o domingo por força de lei, e o retorno do Festival Universitário de Música Candanga (Finca), um festival criado há mais de 30 anos, que envolve várias atividades culturais de forma itinerante entre quadras das cidade do DF .
“Em relação à Rua de Lazer, queremos movimentá-la com atividades que atraiam o morador de outras quadras e não apenas os vizinhos. Não pode continuar sendo apenas uma rua fechada aos domingos, como se fosse um Eixão do Lazer sem alma. Precisa de atrações, como artesanato, pequenos shows culturais, praça de food trucks para que as pessoas lanchem por lá mesmo, atividades para crianças e pets, entre outras atrações”, enumera. Rênio defende também que a Rua de Lazer seja itinerante e não fique apenas na via central do Guará II. “Poderia ser naquele quadradão entre o condomínio Sargento Wolf e a Delegacia de Polícia, que tem um espaço inutilizado. Montaríamos uma praça de food trucks para ajudar a custear cachês de artistas e a produção, por exemplo. Poderia ser de vez em quando na quadra Lúcio Costa, no Cave… Seria mais dinâmico e diferente”.
Para Rênio, a cidade tem o maior celeiro cultural do DF fora do Plano Piloto, mas que não é aproveitado ou não é prestigiado como deveria. “Nós vamos mudar essa configuração”, promete.