Afinal, quantos somos?

Com o atraso do Censo do IBGE, a Codeplan começa a pesquisar a população do DF. Projeção é para uma população do Guará de cerca de 140 mil habitantes, abaixo do que a maioria imagina

A cidade do Guará ainda não ultrapassou os 140 mil habitantes, número abaixo da expectativa da própria população e do mercado. A informação corrente é que a cidade teria no mínimo 150 mil habitantes, mas há quem trabalhe com a possibilidade de até 170 mil e outros exageram para 200 mil. Esse número deve ser confirmado pela Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílio (PDAD), que começou a levantar os dados dos moradores de todo o Distrito Federal no início de setembro, pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan).
Essa população de cerca de 140 mil habitantes representa o crescimento vegetativo (a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade) sobre o próprio levantamento do PDAD de 2018, que apurou que o Guará tinha há três anos 134.255 moradores. Outro levantamento do Tribunal Regional Eleitoral de 2020 eleva essa quantidade para 137 mil dois anos depois. Além do crescimento vegetativo, nesse período a cidade recebeu entre 2 mil e 3 mil novos moradores, que vieram ocupar as moradias oferecidas por novos edifícios residenciais, a maior parte delas na região do Park Sul, que pertence à Região Administrativa 10, e a Expansão do Guará (QEs 48 a 58).
Um outro estudo da Codeplan divulgado em 2020, denominado “Projeções Po-pulacionais para as Regiões Administrativas 2010-2020”, baseado em informações das secretarias de Saúde, de Gestão do Território e Habitação do Distrito Federal (Sedhab), da Caesb e da CEB, com a ajuda de imagens de satélite do Google Earth e do Geoportal do GDF, projetava a população do Guará em 140.056 habitantes (ver quadro) há um ano.
Esse estudo é feito anualmente para subsidiar o governo nas suas ações nas áreas sociais, de saúde e de infraestrutura. Um gestor escolar, por exemplo, precisa estimar com a máxima precisão possível quantas vagas ofertar na creche de uma determinada região administrativa, e também para planejar a demanda de vagas hospitalares da rede pública, campanhas de vacinação, entre outros dados necessários para o planejamento governamental.
Já o Tribunal Regional Eleitoral, em seu último levantamento, do início deste ano, calcula que a Região Administrativa do Guará tenha cerca de 137 mil habitantes, com 103 mil eleitores – a 9ª Zona Eleitoral tem no total 128 mil eleitores, mas 22 mil são da Região da Estrutural/SCIA, que continua subordinada eleitoralmente ao cartório do Guará. A projeção do TRE é que o eleitorado da cidade chegue a 107 mil nas eleições de 2022, para uma população estimada de 141 mil pessoas.

Como é constituída a população do Guará

De acordo com o PDAD de 2018, dos 134.255 moradores do Guará, 53,8% (72.064) é composto do sexo feminino, e 46.2% (61.938) do sexo masculino. O dado curioso da pesquisa é que 71,476 (53,3%) pessoas haviam nascido aqui, e outras 62.515 (46,7%) em outros locais.
A média de idade era de 35,6 anos e renda média domiciliar de R$ 9.201.

Média de idade sobe no DF

A projeção da Codeplan indica uma expressiva redução da participação da população mais jovem (de 0 a 14 anos) e um aumento importante da participação da população idosa (de 60 anos e mais) no Distrito Federal de 2010 a 2020. A população com menos de 15 anos de idade, que correspondia a 24,7% da população do DF em 2010, corresponderá a menos de 17,5% em 2030. Em compensação, a população idosa passará de 7,6% da população total em 2010, para 16,6% em 2030.
O aumento no índice de envelhecimento aponta que, em 2030, para cada 100 pessoas em idades menores que 15 anos, haverá 95 idosos, o que representa mais do que o dobro do valor registrado em 2010, que era de 30 idosos para cada 100 jovens.
A diminuição da população com idades de 15 a 59 anos, que apresenta grande capacidade produtiva, e o aumento da pressão de demanda dos grupos etários dependentes (idosos e menores de 15 anos) ocasionarão o fim do bônus demográfico no Distrito Federal.

Cidade vai receber mais 40 mil habitantes nos próximos anos

Setor Quaresmeira, QE 60, QEs 48 a 58 e Centro Metropolitano vão aumentar a população em 40% em dez anos

Além da ocupação das seis quadras (QEs 48, 50, 52, 54, 56 e 58) da Expansão do Guará, a cidade vai receber três grandes quadras residenciais nos próximos anos – a QE 60, no terreno conhecido como “Área da Tasa”, entre a QE 46 e o Setor de Motéis, Postos e Concessionárias, o Setor Quaresmeira, entre o Guará Park, a SQB e a EPTG , e ainda o Centro Metropolitano, entre Guará I e II, às margens da futura Avenida das Cidades. A previsão é que sejam ofertadas cerca de 18 mil novas moradias para cerca de 40 mil habitantes. E não se trata mais de propostas, mas de projetos concretos, porque os estudos para a criação dos novos setores estão bem avançados.
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) aprovou o Estudo Territorial Urbanístico (ETU) aplicável aos setores habitacionais Jóquei Clube, em Vicente Pires, e Quaresmeira, no Guará. Os dois novos setores ficarão separados apenas pela via EPTG. O ETU é o primeiro estudo necessário para possibilitar o início do processo de parcelamento do solo urbano, com previsão de beneficiar uma população estimada em 56 mil habitantes nos dois setores, 15 mil somente do lado da Quaresmeira, na Região do Guará.
O Jóquei Clube, que pertencia à Região do Guará até 2016 e foi transferido para a Região Administrativa de Vicente Pires, tem 258 hectares. A previsão é de que o local abrigue mais de 38 mil habitantes. A área abrange as antigas instalações do Jockey de Brasília, hoje fora de funcionamento. O Setor Quaresmeira é constituído de um lote e de áreas desocupadas às margens da EPTG, na proximidade do Superquadra Brasília (SQB) e ao lado da linha férrea.

Centro Metropolitano

A Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) anunciou em maio a conclusão do relatório com as contribuições da sociedade civil relativas à parceria público-privada da Avenida das Cidades (Ex-Interbairros e Transbrasília), que vai ligar o Plano Piloto a Samambaia, passando pelo meio do Guará. A via terá 26 quilômetros de extensão e edificações em suas margens para compensar o custo da obra, que será executada através de PPP. Entre esses empreendimentos imobiliários está o Centro Metropolitano do Guará, um conjunto de edificações residenciais e comerciais na faixa hoje ocupada pela linha de transmissão de Furnas, que será toda enterrada. De acordo com o projeto, a previsão é que sejam criadas moradias para cerca de 12 a 15 mil novos moradores somente na parte que divide o Guará I do Guará II.
Agora, o projeto seguirá para análise do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF). Após eventuais ajustes e aprovação pelo órgão, o edital de licitação poderá ser publicado. A expectativa é que o processo licitatório ocorra ainda este ano e que a contratação do empreendimento aconteça no início de 2022.

QE 60

Embora prefira não adiantar detalhes, a Terracap anunciou oficialmente em julho a criação da QE 60, no terreno 235 mil metros quadrados que pertencia à Telecomunicações Aeronáuticas S/A (Tasa), uma subsidiária da Em-presa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). De acordo com o comunicado, a empresa informou que o lançamento das projeções deve acontecer em 2022 e serão todas verticais, com altura máxima de seis pavimentos.
As projeções devem atender a uma população de cerca de 8 a 10 mil pessoas. Para promover o lançamento da nova quadra, a Terracap aguarda apenas a liberação da licença ambiental da área, que começou a ser discutida.

 

PDAD vai fazer um retrato da população do DF

A Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD), que começou a ser realizada em maio em algumas regiões, vai coletar informações sobre os moradores de todas as 33 regiões administrativas do Distrito Federal, a fim de subsidiar e orientar de forma qualificada o planejamento governamental.
Nesta edição do estudo tem novidades. Além das questões tradicionais, entre as perguntas do questionário há algumas voltadas aos animais domésticos e segurança alimentar. Também será entregue um questionário facultativo para cada indivíduo da família sobre questões de gênero.
Realizada a cada dois anos, a PDAD é efetuada por amostra de domicílios urbanos – selecionados mediante critérios de probabilidade. No entanto, ela avança por cada uma das 33 RAs da capital federal, e sua frequência bianual possibilita um acompanhamento da evolução das condições de vida dos brasilienses.
Para o secretário de Eco-nomia, André Clemente, as políticas públicas necessárias para atender a população devem ter base em evidências. “O Estado, para atender a população, precisa definir suas políticas públicas; e, para que surtam efeitos e atinjam seu objetivo, essas políticas precisam de base científica, base técnica e muita articulação e engajamento para viabilizar as entregas”, destaca.
“A PDAD, como as outras pesquisas da Codeplan, como PMAD (Pesquisa Me-tropolitana por Amostra de Domicílios) e PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), nos ajuda a obter os dados necessários para subsidiar o GDF na estruturação de políticas públicas”, resume o presidente da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), Jean Lima. “São pesquisas baseadas em evidências, permitindo delinear melhor os cenários e construir políticas mais eficazes”, completa.
A fim de oferecer um diagnóstico detalhado da situação atual do DF, os pesquisadores da PDAD 2021, devidamente identificados com crachá, visitarão cerca de 35 mil domicílios na capital federal.