Briga na Feira do Guará termina em morte

Dois amigos que bebiam num quiosque brigaram por causa do sumiço de um aparelho celular. Um levou um soco, caiu, sofreu parada respiratória e morreu no local

Um mês após morte de um jovem de 24 anos no Polo de Moda depois de uma briga, outra morte em circunstâncias parecidas choca a população do Guará. Neste sábado, 6 de novembro, cerca de 11h30, dois amigos que bebiam num quiosque ao lado da Feira do Guará começaram a discutir por causa do suposto sumiço de um aparelho celular. Um deles, Ricardo Menezes da Silva, 40 anos, depois de levar um soco de Bruno Sales de Melo e Silva, de 30 anos, com quem bebia, caiu, bateu com a cabeça no asfalto, sofreu parada cardiorrespiratória e, segundo testemunhas que presenciaram a briga, ainda teria levado dois chutes no pescoço e na cabeça. Ao perceber a gravidade das agressões, o próprio agressor tentou reanimar a vítima, sem sucesso. Os bombeiros também tentaram socorrer Ricardo por cerca de 40 minutos, mas ele não resistiu a uma parada cardiorrespiratória.

O autor dos socos e chutes, foi preso em flagrante pela polícia e vai ficar à disposição da Justiça, para responder por homicídio qualificado, por motivo fútil. Ele alega que agiu em legítima defesa, porque teria sido agredido primeiro por Ricardo.

Por causa de um celular

De acordo com testemunhas da briga ouvidas pela reportagem do Jornal do Guará, os dois teriam chegado à Feira de manhã depois de uma noitada bebendo juntos. Em determinado momento, o autor dos socos teria acusado Ricardo de ter furtado seu aparelho celular, quando começaram a discutir. Chamado para apartar a briga, um dos seguranças da Feira teria encontrado o aparelho onde o dono o havia deixado, o que provocou a ira de Ricardo, que partiu pra cima do acusador. Depois de levar um soco no rosto, a vítima caiu e bateu a cabeça no asfalto.

Nas redes sociais da cidade, amigos de Ricardinho, como era conhecido, lamentam a morte, lembram da alegria e generosidade dele e lembram que ele se preparava para abrir um restaurante no Polo de Moda nos próximos dias, e que a gastronomia era sua grande paixão.  Amigos de Ricardo contestam a versão de que ele era amigo de Bruno Sales de Melo e Silva, mas o próprio agressor confirmou à polícia que os dois estavam bebendo juntos desde à noite e que foram juntos para continuar bebendo na Feira.

Em seu perfil no Facebook, o irmão de Ricardo, o contador Wesley Moura, candidato a deputado distrital nas eleições de 2018, publicou uma mensagem comovente lamentando a morte. “Hoje eu perdi não só um amigo, mas um irmão que a vida me deu. Não tenho nem palavras para uma dor tão grande como essa. Foram tantos momentos inesquecíveis, que nem sei como te agradecer por tudo. Quantas vezes falei que eu te amo irmão, mas foram poucas. Queria ter te falado mais eu te amo muito meu irmão, você vai estar sempre no meu coração e na minha vida. Não vou me esquecer de você nunca”.

Morador da QE 24, Ricardo era filho de uma pastora evangélica e deixa dois filhos menores.

 

Quem é Bruno, o agressor

Acusado de agredir e provocar a morte de Ricardo, Bruno Sales de Melo e Silva, 30 anos, se apresenta como instrutor físico e gosta ostentar fotos com armas nas redes sociais, além de registrar três passagens pela polícia, duas como acusado e uma como vítima.  Ele já trabalhou também como vigilante numa empresa de transporte de valores.

Antes do seu perfil ser apagado nas redes sociais, Bruno se apresentava como servidor da Secretaria de Segurança Pública, mas a informação não é confirmada pelo órgão.

De acordo com anotações da Polícia Civil, Bruno já foi autuado por tráfico de drogas e corrupção de menores em 2011 e por porte de drogas em 2014. Em fevereiro deste ano, ele procurou a polícia para relatar agressão e ameaça que teria sofrido por um homem, por causa de ciúmes de uma mulher. O instrutor afirmou à polícia que temia por sua vida porque o autor das ameaças tinha antecedentes criminais e era mestre de capoeira. O caso continua sendo apurado pela Polícia Civil.

 

Tentativa de reanimação

Em seu depoimento à polícia, Bruno garantiu que não chegou a acusar ninguém do furto do seu aparelho celular, mas Ricardo teria se sentido ofendido pela insinuação e começou a discutir com o agressor até desferir um soco em seu queijo, quando teria havia o revide. À polícia, ele afirmou que teve a intenção de apenas se defender das agressões que teriam iniciadas por Ricardo.

Ao ver o amigo inerte no chão, Bruno disse que ficou desesperado e foi procurar ajuda de uma brigadista que trabalha na feira, que, por sua vez, acionou o Samu quando percebeu que não conseguiria reanimar Ricardo. Após 40 minutos de tentativa de reanimação, a equipe de socorro confirmou a morte.