AGORA VAI!…Via Guará-Núcleo Bandeirante será finalmente duplicada

Uma parte da via de ligação entre o Guará e o Núcleo Bandeirante será duplicada nos próximos meses, no trecho de 1.130 metros que liga o semáforo na via contorno em frente à QE 32 do Guará II ao Park Way, passando sobre o Córrego Vicente Pires. Depois de 15 anos de espera e de promessas de governos anteriores, a obra finalmente vai sair do papel, depois da proposta elaborada pela Secretaria de Obras ser aprovada pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), conforme a Portaria 101, publicada no Diário Oficial do DF no dia 4 de novembro, quinta-feira da semana passada.
A obra prevê a construção de uma segunda ponte sobre o Córrego Vicente Pires, a duplicação da pista da ponte até o balão entre a antiga estação Bernardo Sayão e o Lar Maria de Madalena (Lar dos Velhinhos) e intersecção com Arniqueira e Park Way. Serão construídas também ciclovia, calçadas e uma rotatória de 30 metros de diâmetro e mais vegetação no canteiro central e nas laterais da via.
A duplicação vai reformular todo o sistema viário no trecho, onde passam cerca de 12 mil veículos por dia, principalmente nas horas de pico. De acordo com o projeto aprovado, a segunda ponte sobre o Córrego Vicente Pires terá aproximadamente 45 metros de extensão e 10 metros de largura, para acomodar duas pistas de 3,5 metros e calçadas de 2,5 metros de largura.
Ao longo da via está prevista uma faixa de serviço, entre a calçada e o meio-fio, para postes de iluminação pública, vegetação, lixeiras e sinalização viária vertical. O espaço ainda cria a possibilidade de plantio de árvores e implantação de mobiliário urbano.

Ciclovia e calçadas

Já a nova ciclovia será conectada à ciclovia da via contorno no Guará II a partir da QE 32, e no Park Way próximo à interseção entre a ferrovia e a via de acesso à DF-079. Parte do trajeto ficará na lateral da via e parte no canteiro central.
Para o secretário de Go-verno, José Humberto Pires, é uma prioridade da atual gestão melhorar os acessos, as condições de trânsito e trazer mais conforto à população, “sobretudo com a duplicação da via, ciclovia e as condições de acessibilidade para as pessoas que ali transitam. Por isso, é muito importante que essa obra seja executada”, afirma o secretário.
“Esta é uma obra muito aguardada pela população. Esperamos que a duplicação e a troca da pavimentação atual melhorem de forma significativa o tráfego, beneficiando milhares de motoristas”, ressalta o secretário de Obras, Luciano Carvalho.

Condições precárias

Atualmente, a via de ligação possui condições precárias de pavimentação e sinalização. Também não conta com ciclovia ou calçadas em todo o percurso, o que deixa a passagem mais insegura para os usuários.
“O projeto torna a via de ligação mais confortável e segura, com as pistas separadas por canteiro e mais sinalização. Essa medida torna possível a execução de retornos bem localizados, sem comprometer a integridade dos motoristas”, explica a coordenadora de Aprovação de Projetos de Urbanização da Seduh, Caroline Fernandes.
A aprovação era mais um passo a ser concluído pela Seduh, que também será responsável por licenciar as obras, mas a execução será feita pela Secretaria de Obras, que estima a geração de 100 empregos diretos e 300 indiretos durante os trabalhos. As obras estão previstas para serem iniciadas nos primeiros meses de 2022, com previsão de conclusão até o final do ano. Os recursos, cerca de R$ 15 milhões, já estão previstos no Orçamento do GDF.

 

 

Previsão de obra se arrasta há 15 anos

Considerada essencial pa-ra resolver um dos gargalos de trânsito mais problemáticos do Distrito Fe-deral, a duplicação da via entre o Guará e o Núcleo Bandeirante foi considerada uma das prioridades de quatro sucessivos governos do Distrito Federal. Mas não saiu do papel, em parte por intercorrências técnicas do projeto, como a troca de um viaduto sobre a linha térrea por um túnel, ou por dificuldades na liberação da Licença Ambiental.
Faltou também vontade política de secretários e de governadores para agilizar a obra, considerada relativamente barata se comparada aos custos de outras obras menos relevantes executadas no Distrito Federal nesses 15 anos.
Mas, depois de muitas promessas, a duplicação foi confirmada em outubro do ano passado, durante o anúncio do pacote de obras para o Guará em 2021/22, quando o governo prometeu investir mais de R$ 100 milhões na cidade. A obra foi incluída no pacote, a pedido do deputado distrital Rodrigo Delmasso, morador da cidade. Previsto inicialmente em R$ 40 milhões no último governo Roriz, em 2006, o orçamento da duplicação foi reduzido para R$ 33 milhões no governo Agnelo e para R$ 29 milhões no governo Rollemberg, e agora para R$ 15 milhões. As reduções tinham a intenção de ajudar na obtenção dos recursos necessários, mas o projeto não conseguiu sair do papel, mesmo depois das alterações técnicas para a redução do orçamento.

Quase no governo Rollemberg

A obra esteve muito próxima de ser executada no governo Rollemberg, depois que a Novacap concluiu o projeto, mas a exigência de mudanças de cálculos do viaduto previsto, por parte do ABNT, abortou as providências. Com a troca de comando do Palácio do Buriti e da Novacap desde o início de 2019, o projeto voltou para a gaveta e não foi incluído em nenhum pacote de obras nos dois primeiros anos do governo Governo Ibaneis, até que uma reportagem de capa do Jornal do Guará em agosto do ano passado despertou o assunto. O pedido para a retomada da duplicação foi feito pelo deputado distrital Rodrigo Delmasso, membro da base do governo na Câmara Legislativa, e morador da cidade, ao secretário de Infraestrutura e Obras, Luciano Carvalho, ao presidente da Novacap, Fernando Leite, e ao secretário de Economia, André Clemente.
Um dos fatores que ajudou no convencimento ao governo foi a lembrança da reportagem do JG de que o assentamento de cerca de 10 mil pessoas na Expansão do Guará (QEs 48 a 58) nos próximos dois anos iria aumentar consideravelmente o gargalo da travessia, que hoje chega a 40 minutos entre 18h e 20h, em menos de dois quilômetros.

Planejada há quatro governos

A duplicação começou a ser planejada no último dos três governos de Joaquim Roriz, mas ficou parado no governo Cristovam Buarque, como aliás aconteceu com quase todas as obras físicas do período. O projeto voltou a andar no governo Arruda, quando o Distrito Federal recebeu a maior quantidade de investimentos em obras de sua história. Entretanto, a duplicação da via não foi contemplada, mas, desta vez por culpa de entraves na licença ambiental impostos pela Secretaria de Meio Ambiente.
O governo tampão que o sucedeu, de Wilson Lima, e depois o de Rogério Rosso sequer se interessaram pela obra, que voltou a ser discutida efetivamente no governo Agnelo, quando o projeto inicialmente orçado em cerca de R$ 40 milhões foi refeito e readequado para cerca de R$ 33 milhões.
O governo Rollemberg foi o que mais se interessou e avançou no projeto de duplicação da via, mas esbarrou numa outra exigência, desta vez da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que havia alterado os cálculos de concretagem de viadutos e pontes. Por causa dessa alteração das normas, o projeto teve que ser novamente readequado, mas como a Novacap não tinha estrutura para fazê-lo por conta própria, teria que contratar uma empresa externa para executá-lo, mas não houve tempo para a contratação.
Para tentar viabilizar a obra mais rapidamente, a Secretaria de Obras do governo Rollemberg resolveu promover algumas alterações no projeto, a principal delas a troca do viaduto sobre a linha férrea, entre a antiga estação Bernardo Sayão e o Lar dos Velhinhos Maria Madalena, na via de acesso ao Park Way, por um túnel, que tem um custo bem menor – o viaduto exigiria uma altura de 6 metros para a passagem dos trens.
No governo Arruda, o então administrador do Park Way, Antônio Girotto, pensando em facilitar o acesso às quadras 3 e 4 daquela Região Administrativa, resolveu abrir uma passagem sobre a linha férrea para tentar reduzir um imenso engarrafamento todos os dias dentro do Guará e na Epia na altura do Núcleo Bandeirante. A nova passagem sobre os trilhos criou uma nova rota para quem vive nas quadras 3 e 4 do Park Way, em Arniqueira e Águas Claras, passando por dentro do Guará. Mas, a quantidade de veículos que passava pelo acesso era muito superior à capacidade da via, causando enormes congestionamento nos horários de pico, com reflexos até na via contorno do Guará II em alguns momentos. A situação melhorou com a duplicação da nova via, no final do governo Rollemberg, com a criação de uma segunda pista no sentido contrário.