Dificilmente quem more no Guará há no mínimo dois anos não conheça, não saiba ou não tenha ouvido falar em Aderbal, ou Ali, quando o assunto é comercialização de imóvel na cidade. Afinal, ele faz questão de se divulgar, em parte como estratégia de vendas ou de marketing, e em parte por causa de sua personalidade – é extrovertido, fala muito e alto, e com qualquer pessoa. Fazer amizades é com ele mesmo. Defender o Guará, mais ainda.
Para o mercado, Aderbal Luiz da Silva, 67 anos, é considerado o corretor que mais vendeu imóvel na história do Guará. Além do estilo marqueteiro, conta nessa avaliação os 40 anos em que ele intermedia venda de imóvel na cidade, que tem 54 anos, ou seja, ele começou quando o Guará tinha apenas 14 anos. É, ao lado de Giordano Garcia Leão, da Thaís Imobiliária, quem mais conhece o mercado imobiliário local.
Mas Aderbal entrou no mercado imobiliário por acaso. Se não fosse por seu irmão Esquival Luiz da Silva, proprietário da DA Silva Imóveis, ele poderia ser hoje um expressivo executivo de uma grande empresa internacional, por onde começou sua trajetória profissional. Com efeito, com apenas 24 anos, ele foi gerente regional da cervejaria Brahma em Anápolis, depois de ter sido gerente comercial em Goiás da Sousa Cruz, maior fabricante de cigarros do mundo.
Saga de luta
Entretanto, a saga de Aderbal é muito parecida com a de muitos que devem a Brasília seu sucesso na vida. Goiano de Anápolis, ele, com apenas nove anos, e os sete irmãos e a mãe foram para Formosa acompanhar o pai, que era caminhoneiro e havia descoberto a oportunidade de transportar mercadorias para a nova capital. Ficaram lá por apenais quatros meses e logo vieram morar de aluguel em Taguatinga, atrás do antigo hospital São Francisco de Paulo. Com a morte do pai em 1967, a família teve a sorte de a mãe receber uma casa da Sociedade Habitacional de Interesse Social (SHIS), hoje Codhab, na QI 1 do Guará I, porque não conseguiria mais continuar pagando aluguel.
Como só o irmão mais velho Emival Luiz da Silva, falecido no ano passado, tinha emprego, Aderbal vendia picolé e salgadinhos, fabricados pela mãe, dona Odete, dos 9 aos 13 anos, para ajudar na renda da família. Aos 13, ele conseguiu seu primeiro emprego, numa fábrica de fubá em Taguatinga. Parte do que ganhava entregava para a mãe e com a outra parte ia se divertir nos inferninhos de Taguatinga, de onde ele relembra episódios constantes. “Naquela época, o último ônibus de Taguatinga para o Guará era o famoso “corujão”, que circulava à meio noite. Depois dele, o transporte coletivo só recomeçava às 5h da manhã. Como a farra logicamente passava da meia noite, preferíamos vir de pé até o Guará, nos divertindo pelo caminho, na maioria das vezes cheios de álcool”, conta, rindo, lembrando que táxi naquela época custava uma pequena fortuna para o bolso dos jovens, sem contar que a maioria dos taxistas se recusava a entrar no Guará, por causa da lama, da poeira ou da má fama de violência.
Aos 17 anos, foi ser auxiliar administrativo no escritório da Souza Cruz em Brasília, de onde foi convidado a ser gerente comercial da filial de Goiânia até aos 24 anos, quando recebeu o convite da Brahma, que precisava de um executivo arrojado para reverter a perda do terreno regional para a cerveja Antarctica.
Como a família continuou a morar no Guará, ele vinha nos finais de semana para visitar a mãe e os irmãos e aproveitava para ajudar o irmão Esquival na DA Silva Imóveis, uma das duas maiores imobiliárias da cidade na época. “Foi aí que descobri o amor pela corretagem e minha facilidade na área de vendas de imóveis”, conta. Os “bicos” na DA Silva com o tempo foram superando o salário da Brahma, até que ele resolveu ficar definitivamente no ramo imobiliário e fincar o pé no Guará. À medida que ia crescendo na empresa, o irmão Esquival ia se acomodando e deixando os negócios por conta de Aderbal. “Propus a ele uma participação de apenas 20% no negócio, mas Esquival não topou. Foi quando, em 1987, resolvi criar a Aderbal Luiz Imóveis”, completa. Depois de passar pelas QE 26 e 32 e edifício Emival Shoppping, na via contorno, a Ali Imóveis permaneceu durante muitos anos na QE 11 do Guará I até há quatro anos, até mudar-se para o endereço atual, na QE 26.
Participativo nos movimentos sociais
Falante e engajado, Aderbal passou a participar dos movimentos sociais da cidade, como conselheiro, diretor e patrocinador do Clube de Regatas Guará, presidente do Rotary Club Guará Águas Claras e diretor da Associação Comercial e Industrial do Guará (Acig). E foi durante muitos o principal patrocinador de eventos da cidade, sejam sociais, culturais ou esportivos. E sempre que foi solicitado, participou de outros movimentos em defesa da cidade. “Sou muito bairrista. Adoro o Guará, para mim a melhor cidade para se morar no DF”, garante.
De tanto se destacar nesses movimentos, foi encorajado a candidatar-se a deputado distrital em 2014, quando obteve pouco mais de 800 votos. “Considero uma boa votação, para quem tentou pela primeira vez”, avalia, mas garante que eleição não tenta mais.
Hoje, além da Ali Imóveis, Aderbal dedica boa parte do seu tempo aos seis filhos – Wendel, Rafael, Gabriela, Lusinho e as adotadas Pérola e Amanda (filhas de uma das suas quatro ex-esposas) -, e aos dois netos (Um de Wendel e outro de Gabriela).