Por suas dimensões continentais, o Brasil não tem uma culinária que pode ser chamada de típica e exclusiva do país, porque cada região tem a sua, geralmente trazida das origens dos povos que a compõem, como a Europa e a África. Entretanto, a gastronomia do Norte e Nordeste pode ser considerada a mais autêntica brasileira, porque é a que mais aproveita elementos nativos, descobertos por caboclos e indígenas, e aprimorada por portugueses e africanos que vieram morar na região. Pratos como tacacá, pato no tucupi, vatapá, açaí, maniçoba, fazem parte de uma culinária que envolve magia, história e trajetória de um povo que fez do espaço físico privilegiado a sua cultura.
É impossível falar de gastronomia amazônica, aqui incluídos também Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia, sem pensar na natureza, a maior provedora das iguarias básicas dessa culinária regional, como peixe, camarão, caranguejo, mariscos, aves, caças, pato, folhas, ervas e pimentas.
Mas, fora do Pará, a comida regional do estado não é tão fácil de ser encontrada, por causa da distância que exige uma logística para garantir o frescor dos produtos e a qualidade do preparo.
Feita essa referência, vamos ao que mais interessa ao leitor, que é encontrar a melhor comida paraense no Guará. Aliás, o único lugar na cidade é o quiosque Sabor do Pará, na orla da Feira Permanente, em frente à Administração Regional.
Diferente de muitos restaurantes autodenominados de típicos, toda a comida do Sabor do Pará é preparada por nativos paraenses, o que dá mais autenticidade aos pratos. Acrescente-se a isso, o fato da maior parte da equipe ser de uma mesma família, comandada pelo casal Erika Guimarães e Isaac Júnior, com a ajuda das filhas Ana Beatriz e Elida Rayane, do pai de Érika, Antonio Rodrigues, e da tia Eliete.
Com a experiência de caboclo acostumado a pescar e preparar o peixe no interior do Pará, seu Antonio é o responsável pelo tambaqui assado, desde a escolha do produto até o tempero e depois o comando da grelha. A tia Eliete, também do interior paraense, cuida do preparo dos pratos na cozinha. Enquanto Erika gerencia a casa, o marido Isaac cuida do mercadinho de produtos típicos da região e as filhas se encarregam do atendimento aos clientes. Daí, o sabor caseiro da comida, elogiado por uma clientela fiel, formada por nascidos no Norte do país e apreciadores da comida regional de lá.
Os pratos
Os pratos mais pedidos na casa são o Tacacá (R$ 43 a tigela grande e R$ 28 a pequena), uma espécie de sopa, feita com tucupi, extraído da mandioca brava, folha de jambu (uma planta nativa), e camarão seco. A iguaria é mais conhecida pela anestesia que provoca na língua e o sabor levemente azedo, que faz um gostoso contraste com a cerveja, por exemplo. O Tambaqui na Brasa, inteiro ou em banda, acompanhado de arroz branco ou baião de dois, farofa, pirão e vinagrete (R$ 93 a porção inteira, para até quatro pessoas, ou R$ 65 a meia porção). Outros pratos bastante pedidos são o Vatapá paraense (R$ 30), e o autêntico Açaí (R$ 23, de 500 ml), servido in natura, sem aquele monte de ingredientes servidos no açaí comercial, acompanhado apenas de açúcar e farinha de tapioca ou farinha de puba.
Outros pratos: Pato no Tucupi, acompanhado de arroz branco e farofa, para duas pessoas (R$ 65); Maniçoba, com arroz branco e farinha de puba (R$ 30, individual); Sabor do Pará, com vatapá, caruru e arroz (R$ 42); Pirarucu, com arroz branco e farofa (R$ 40, individual).
Além dos pratos típicos do restaurante, uma lojinha ao lado oferece produtos da culinária paraense, incluindo a cerveja Cerpa, cachaça de jambu e o icônico guaraná Jesus e guaraná Globo, refrigerantes Tuchaua e Garoto, todos regionais. O mercadinho abre de quarta a domingo, às 8h.
A única coisa a lamentar é que o restaurante só funciona de quarta e domingo, apenas para almoço.
E para quem não pode ir até lá, basta pedir pelo Ifood.
SABOR DO PARÁ
Quiosque 3, na orla da Feira Permanente
Abre de quarta a domingo, das 8h às 17h
Pedidos: 99662.3032 ou Ifood.com.br