Depois do governador José Roberto Arruda, quando o governo da época se gabava de ter em andamento em média 1.500 obras, nunca se viu tantos investimentos no Distrito Federal como nesses últimos dois anos do Governo Ibaneis, fruto do aumento de arrecadação e de outras medidas para promover economia de recursos públicos. De acordo com um relatório publicado pela Novacap e a Secretaria de Infraestrutura, no dia 3 de janeiro deste ano, haviam sido concluídas 721 obras em 2021. No mesmo relatório foi informado que as 33 regiões administrativas acumularam mais de 1,4 mil obras ao longo dos três primeiros anos do atual governo, com investimentos de R$ 3,6 bilhões. Para 2022, o governo afirma que está em execução cerca de 1.200 obras, com previsão de investimentos de R$ 2,2 bilhões, já reservados no orçamento deste ano.
Até aí, os números são elogiáveis. Independente do tamanho de algumas obras, o importante é que a população do Distrito Federal está sendo contemplada com uma grande quantidade de investimentos que vão melhorar os equipamentos e os serviços públicos. Mas, e o Guará nessa história? Dessa quantidade de obras anunciadas como executadas no ano passado e nos últimos três anos, pouquíssimas estão localizadas na Região Administrativa 10. Dá para lembrar e enumerar a drenagem do setor Guará Park, a troca de lâmpadas de Led na via contorno e nas vias centrais, a implantação do monitoramento das principais vias, a troca de endereçamento de três quadras, o recapeamento asfáltico da QE 15 e do Guará Park, melhorias no Park Sul e… mais nada. Ah, a polêmica obra da ciclofaixa do Guará II não recebe recursos públicos e é resultado de compensação urbanística que está sendo ressarcida pelas empresas que construíram grandes empreendimentos residenciais durante o Governo Arruda, e exigida de cumprimento pelo Tribunal de Contas do DF.
A esperança é que sejam cumpridas pelo menos parte das promessas feitas pelo governo Ibaneis para o Guará nesses oito meses que restam da sua gestão. Já se sabe, entretanto, que algumas delas não serão executadas este ano, por falta de conclusão de projetos, de licença ambiental e por outros entraves burocráticos. Mas, o que a população guaraense espera é que haja vontade política de executá-las, ou, de iniciá-las ainda neste 53º ano de criação do Guará. Seria pelo menos um alento.
R$ 100 milhões prometidos há dois anos
Há quase dois anos, foram anunciados mais de R$ 100 milhões de investimentos para o Guará, numa solenidade na Administração Regional, com a presença de quatro secretários de Estado, presidente da Novacap Seriam obras na área de saúde, educação, mobilidade, esporte e infraestrutura, em várias áreas e fontes. Um dos presentes à reunião e responsável por indicar o maior montante de recursos para a cidade foi o deputado distrital Rodrigo Delmasso. Justiça seja feita, desde o ano passado ele tem acompanhado e cobrado o governo a concretização dessas promessas, mas ainda sem resultados práticos.
Por enquanto, o que se sabe é que a maioria das obras no pacote de R$ 100 milhões, principalmente as maiores, está bem encaminhada, mas nenhuma ainda foi iniciada, mesmo quase dois anos depois. Entretanto, dos investimentos prometidos no pacote, talvez a única a ser executada ainda este ano seja a construção da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que tem o lançamento da licitação previsto para até o final de maio e a entrega do prédio até novembro. Só.
Feira do Guará parada
Em agosto do ano passado, o governo chegou a finalizar uma licitação de R$ 750 mil para elaborar um grande projeto de reforma da Feira do Guará. A reforma custaria cerca de R$ 40 milhões. Mas, os próprios feirantes foram contra o projeto, porque, como tratava-se de uma obra extensa, partes da feira e das bancas deveriam ficar interditadas durante os serviços, que levariam muitos meses.
“Ao conversar com os feirantes, ficou decidido que as obras mais importantes seriam feitas primeiro e outras reformas maiores viriam de conversas futuras”, explica o deputado Rodrigo Delmasso. O GDF ficou então de licitar uma obra de R$ 10 milhões para toda a reforma do telhado, das instalações e hidráulicas da feira, além de outros reparos. Tudo seria feito com a feira funcionamento normalmente. Outra novidade seria a ampliação da Feira, que deveria contar com um novo setor, específico para móveis e decoração. Os quiosques dos moveleiros instalados ao lado do Carrefour, no Park Sul, seriam retirados e realocados ao redor da feira.
Mas, por enquanto, nada da reforma.
Reforma das quadras poliesportivas e de grama sintética
As quadras esportivas do Guará há tempo não recebem nenhum tipo de obra além de pintura e reparação de alambrados. Em alguns casos estão inutilizáveis. Pior ainda é a situação dos campos de grama sintética, que nunca receberam a troca do piso, desde a construção deles há quase 10 anos. No ano passado, o governo prometeu reformá-los aos poucos, através do programa Renova DF, mas, por enquanto, foram feitas apenas reformas simples, sem recuperação dos pisos das quadras da grama sintéticas.
O programa Renova DF oferece capacitação para a construção civil em aulas teóricas e práticas ministradas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para carpinteiro, jardineiro, eletricista, encanador, serralheiro e pedreiro. Nas aulas práticas, os estudantes realizam a recuperação de quadras poliesportivas, praças, parquinhos infantis, parques, pontos de encontro comunitário, jardins, campos de futebol sintéticos.
Parque Ezechias Heringer, Bosque dos Eucaliptos e Parque Dener
Os parques Ezechias Heringer (Parque do Guará) e Parque Denner (no Polo de Moda) e dos Eucaliptos (entre as novas quadras e as QEs 38, 42 e 44) receberiam obras de revitalização para incentivar o uso por parte da comunidade. Foi anunciado um novo projeto para o Parque do Guará, seguindo a legislação urbanística e ambiental, que seria apresentado no final do ano passado, mas não foi. A expectativa é que sejam investidos R$ 24 milhões nas unidades de conservação do Guará, mas a única obra em execução é a troca do cercamento, mesmo assim, dois anos depois do prometido.
Duplicação da Via Guará –Núcleo Bandeirante
Outra obra significativa aguardada pela comunidade guaraense é a duplicação da via entre Guará e Núcleo Bandeirante, uma demanda antiga que vem sendo prometida sucessivamente há quatro governos do DF. A obra está orçada em cerca de R$ 20 milhões e o projeto está pronto desde o governo Rollemberg e já conseguiu todas as licenças ambientais e urbanísticas e está pronto para licitação desde o final do ano passado. A obra servirá para desafogar o trânsito pesado, principalmente no fim da tarde, de moradores a caminho de Águas Claras, passando pelo Guará. De acordo com informações da Secretaria de Infraestrutura, a licitação da obra aconteceria em abril, mas, também não aconteceu.
Nada do Complexo Educacional
A área prevista para receber mais investimentos na cidade é a da educação. Foi anunciada a construção de um Complexo Educacional no Cave, nas proximidades da Unidade Básica de Saúde 2, em frente à QE 17, onde seriam reunidas escolas de todas as fases, deste o ensino infantil até o ensino técnico, com ginásio, biblioteca e tudo que uma escola de excelência precisa. Os recursos, no montante de R$ 30 milhões, já estão liberados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) desde o ano passado e aguardam apenas a conclusão do projeto executivo para serem aplicados na cidade, mas a Secretaria de Educação alega que dispõe de apenas 9 profissionais de engenharia e eles estão empenhados na execução do projeto de construção de duas escolas públicas na Estrutural, obras consideradas como prioridade pelo governo, mais até do que a do complexo do Guará.
Corre-se o risco, por isso, dos recursos do FNDE caducarem no orçamento e não poderem ser mais utilizados na virada de governo, como aconteceu com os recursos perdidos para a reforma do Estádio do Cave, também por falta de adaptações no projeto técnico, e a cidade perder mais um grande investimento prometido.
Outro investimento que deveria ter acontecido no Guará seria a construção da Creche Pública, a ser erguida ao lado do Centrão, entre as QEs 17 e 19, e até o orçamento, no montante de R$ 4 milhões, foi anunciado. Mas, também, nada.
Nada de hospital, talvez só a Upa
Outra área privilegiada entre os investimentos futuros seria a da saúde, principalmente com a construção o novo Hospital Centro-Sul, um hospital de referência onde hoje é a UBS 2. O complexo seria construído através de Parceria Público Privada (PPP), mas o governo já admite construí-lo com recursos próprios, mas o projeto continua parado na Secretaria de Saúde ainda em processo de elaboração. O atual Hospital Regional do Guará seria transformado em uma policlínica.
Portanto, também na área da saúde, por enquanto, nenhuma providência mais efetiva, além das promessas.
Avenida das Cidades não sai do papel
No início de 2021, o GDF anunciou que havia assinado um termo de cooperação para o enterramento da linha de alta tensão de Furnas, o único empecilho para o andamento do projeto da implantação da Avenida das Cidades, que vai impactar bastante a vida do guaraense. De acordo com o projeto, a via expressa vai ligar o Plano Piloto a Samambaia, passando pelo meio de Guará, Águas Claras e Taguatinga.
A Aneel teria autorizado o aterramento de sete linhas de transmissão aéreas. Segundo o GDF, o valor estimado do investimento seria de R$ 2,9 bilhões. Do total, R$ 1 bilhão seria para o enterramento. Mas não nem se fala mais na Avenida das Cidades.
E assim, a comunidade guaraense vai comemorar, ou, pelo menos lembrar, os 53 anos de criação da cidade, mais uma vez, ouvindo promessas.