A temática fake news nunca esteve tão falada como em 2022. No dia a dia, somos bombardeados por inúmeras informações. Daí a importância de checar o que é fake ou fato e realizar sempre esse exercício. Com a preocupação de formar estudantes antenados e com senso crítico aguçado, escolas têm tratado do tema em sala.
Em 2021, o Elite Rede de Ensino inseriu em sua grade de eletivas, a matéria “Desvendando Fake News”. Afinal, a receita para que a tecnologia não seja uma aliada das notícias falsas é educar. “Todos nós já ouvimos falar sobre o tema, mas acredito que falte ensinamento prático. Usamos as aulas da eletiva a fim de que os estudantes coloquem a mão na massa nesse aprendizado e não apenas tenham contato com o assunto de forma superficial. Mostramos o que são notícias falsas, como detectá-las e como combatê-las. Nosso propósito é formar pessoas com cada vez mais senso crítico. Sendo assim, podem ter autonomia e protagonismo em suas decisões”, salienta Amanda Mussauer, coordenadora de inovação do Elite.
Coordenador do Ensino Fundamental Anos Finais da mesma escola, Lucas Vieira, endossa as palavras da colega. “Se nós, enquanto educadores, não trabalharmos e desenvolvermos junto aos nossos alunos a investigação, a elaboração de hipóteses, a verificação de fontes, a análise de linguagem e tantas outras habilidades, eles não serão capazes de exercer a sua cidadania no mundo. Aqui, estamos falando de tomadas de decisão de forma coerente e consciente, evitando aderir a teorias não comprovadas e notícias sem qualquer embasamento”.
Uma pesquisa feita pelo dfndr lab, laboratório especializado em segurança digital da PSafe, em 2020, apontou que 75% dos brasileiros entrevistados já foram impactados por notícias falsas e 55% já repassaram fake news sem saber. Os aplicativos de troca de mensagens e as redes sociais são os meios onde essas notícias são mais disseminadas, quase 80% dos entrevistados afirmaram que receberam notícias falsas pelo WhatsApp e Facebook.
Alunos educam os familiares
Todo mundo conhece alguém que já caiu em uma notícia falsa. Por isso, é tão importante que esse assunto seja tratado desde cedo, em sala de aula. Segundo Mussauer, é papel das escolas trabalharem a temática não só pelo bem dos alunos, mas também dos seus familiares e amigos.
Em casa, os jovens acabam educando as pessoas com as quais convivem, sobretudo as com mais idade, em geral, menos íntimas da tecnologia. “Nossos alunos são considerados nativos digitais, já a geração de pais e avós não é. Cabe à escola dar a eles insumos para orientar as suas famílias, de forma didática e séria, com fontes confiáveis. Caso isso não aconteça, acaba se criando uma barreira entre gerações, o que não fomentamos enquanto instituição”, comenta a coordenadora.
Mesmo sendo uma disciplina recente na grade da escola, já é possível notar a evolução da criticidade dos alunos. Ao final de cada semestre, o colégio realiza o circuito de ideias. “Neste evento, os estudantes apresentam o que aprenderam ao longo dos seis meses e criam formas de mostrar à comunidade escolar como é possível prevenir e combater as fakes news”, conta Amanda.
Lucas Vieira exalta o interesse da garotada. “Eles se interessam bastante porque é um tema que dialoga com suas vidas e suas rotinas. Conseguimos perceber um enorme avanço nos questionamentos sobre as informações recebidas e repassadas”.