EXPOSIÇÃO METAMUNDUS – arte no metaverso e na Estação Guará do Metrô

Entre os dias 02 de junho e 01 de julho de 2022, será realizada a exposição individual do artista goiano, radicado em Brasília, Lemuel Gandara intitulada Metamundus. A proposta consiste em uma experiência que atravesse os espaços físicos em que as obras ficarão instaladas e também a arena do digital, onde poderemos interagir por meio do metaverso, onde estão os originais em NFT (tokens não fungíveis). Em decorrência do caráter itinerário intuído desde o princípio de todo o processo, a exposição contará com dois momentos principais: um primeiro, que se estenderá até o dia 16 de junho, realizado na Estação Central do Metrô-DF, e um segundo, a partir do dia 17 de junho, que se concentrará na Estação Guará.

Pelo caráter híbrido e pelo alcance internacional da exposição, posto que organizada tendo em vista ampla circulação no âmbito do metaverso, a palavra “metamundus”, de que se intitula o evento, também foi formulada a fim de se romper com certas barreiras linguísticas – que poderiam limitar a amplitude na divulgação pretendida pelos organizadores. Por meio do resgate ao étimo latino, intuiu-se expressão que dispense traduções a outras línguas, porquanto recupere em sua própria sonoridade uma das questões fulcrais do projeto artístico, a exploração do metaverso, que será acessado através da Plataforma Spatial. A isso se deve também a escolha em realizar a exposição presencial nas estações do Metrô do Distrito Federal. Trata-se, afinal, de exposição sobre trânsitos humanos no pós-pandemia. Com isso, os deslocamentos coletivos são pensados como palco certeiro e dialógico às obras expostas.

A empreitada de Lemuel Gandara encontra em seus percursos acadêmicos e cinematográficos dados cruciais para a compreensão das escolhas definidoras do evento. Leitor e estudioso de filmes desde criança, o artista nascido em Goiás, é doutor em Literatura pela Universidade de Brasília (UnB),  professor no Instituto Federal de Goiás – Campus Formosa (IFG/Formosa) e pesquisador no pesquisador do Grupo Crítica Polifônica (CNPq). Suas obras já foram exibidas e publicadas no Brasil e no exterior em países como os Estados Unidos, a França e a Áustria. Em outubro de 2022, criações de Gandara farão parte do Salão Internacional de Arte Contemporânea – Carrousel du Louvre, que acontecerá no Museu do Louvre, em Paris.

Com todos esses esforços, verifica-se, em seus estudos e trabalhos em torno do cinema, material seminal para alguns dos principais elementos agora desenvolvidos nas artes que comporão a exposição, a exemplo da busca por uma estética artística própria da pandemia, porque responsiva às limitações e às aberturas agraciadas por este primeiro biênio de proliferação do vírus a artistas e fazedores de cinema.

As obras de arte, em sua maioria compostas por Gandara após a difusão da pandemia no mundo (com exceção de “Procissão” e “No jardim das Ideias” – que, de todo modo, também se configuram dentro do esquadro que o intelectual chamaria de estética da pandemia), respondem à ambiguidade da exposição. A fruição das artes, por exemplo, foi pensada para que fossem experenciadas de diferentes formas em ambos os espaços, pois o tamanho das obras expostas e suas disposições não são refletidas no metaverso de forma fiel às físicas.

A exposição contará com 33 obras do artista selecionadas pelo curador Augusto Niemar – poeta e professor de literatura da Universidade de Brasília. Com a rigorosa escolha das artes, buscou-se reunir quadros que evocam aquela “civilidade de categorias binariamente opostas”, de que nos falou a antropóloga Janaína Ferreira Fernandes, a respeito da bidimensionalidade do projeto aqui enunciado. A ideia motriz da exposição consiste em uma apreciação dúbia das obras, pois, disponibilizadas nas estações do metrô, colocam-se a serviço de um portal para o universo labiríntico do metaverso, onde somos agraciados com novos modos de apreciação artística, viabilizados pelas distorções estéticas das artes ali compiladas.