Mineiro de Araújos, Izalci foi criado no Guará, onde permaneceu até o nascimento dos filhos Marcelo, Renato e Sérgio. “Sou guaraense”, se autodefine. Apesar de sair da cidade, ele continuou com suas atividades empresariais no Guará, assim como parte de sua família – inclusive sua mãe, que permaneceu no Guará até o falecimento.
Izalci foi fundador e proprietário da escola São Francisco, na QE 3 do Guará I, uma das mais tradicionais escolas particulares da cidade durante muitos anos. A ligação com o Guará continua através da família, com seus irmãos, e outros parentes vivendo na cidade.
Há ainda as gostosas peladas no Clube dos Amigos, no Cave, às quartas e sábados, que continuaram mesmo com a campanha política ao governo do Distrito Federal.
Senador, podemos dizer que o senhor é um filho do Guará. Como foi tudo isso? Conte sua história aqui…
Meu pai veio para cá antes da família, e nos deixou em Minas. Por acreditar na nova capital, eu, ainda pré-adolescente, mandei diversas cartas para ele animando-o e apoiando sua decisão. Tenho essas cartas até hoje. Alguns anos depois, ele que morava em um dos assentamentos na Vila Planalto, teve a possibilidade de comprar uma casa por meio da SHIS que era um projeto social para aqueles que vieram construir a nova capital. Esse projeto foi feito com a instalação do Guará e aí tivemos a oportunidade de ter uma casa. Meu pai mandou buscar a família e nos juntamos novamente com alegria. Cheguei aqui em janeiro de 1970, com 13 para 14 anos e com muita vontade de morar na capital da Esperança. Mas não foi fácil. Tudo era terra vermelha e muita poeira, o que pra nós crianças era tudo de bom.
E como foi a sua história e a de sua família aqui no Guará e em Brasília?
Minha mãe virou merendeira e nós, os filhos, fomos ajudar naquilo que podíamos, além de estudar. Fui estudar no Ginásio do Guará, o GG, que ainda estava em construção, e minha mãe, conseguiu um emprego como merendeira. Aqui constitui a minha família, tive filhos e criei raízes na cidade que levo comigo para sempre.
E como foi esse seu começo?
Eu fui à luta, não fiquei parado porque precisava ajudar a minha família! E logo consegui um emprego na banca de revista de nossos vizinhos e queridos amigos, dona Maria e seu José, a banca Pernambuco, da 503 Sul. Trabalhava na banca de dia e estudava à noite e ganhava por isso, inclusive, ao fim do dia levava o pão que comíamos no jantar tomando sopa.
E aí? O que mais aconteceu?
Próximo à banca, na 504 Sul, tinha um banco privado, o Banco Mineiro do Oeste, que na época era muito importante e tinha muitos clientes, mas depois foi vendido ao Bradesco, que até hoje tem uma agência lá. Como era perto da banca, eu sempre ia lá e conversava com os funcionários. Um dia, me disseram que estavam abrindo uma vaga de office boy e que eu poderia me candidatar, por exames. Fiz isso e fui aprovado. Nesse momento, tinha feito também um curso de datilografia que me qualificou para dar 150 toques por minuto na máquina de escrever, o que era muito bom. Fui aprovado e me tornei escriturário do banco. Cuidava das contas e dava aos clientes às informações que precisavam.
Mas o banco foi vendido…
Sim! Um belo dia, o banco foi vendido para o Bradesco. Foi um momento de transformação para aqueles que ali estavam. Mas alguns, assim como eu, tiveram oportunidades nesse momento. Um dos melhores clientes do banco me chamou para trabalhar com ele numa escola de alto nível e que preparava para o vestibular. Me deram um emprego em que em que eu trabalhava durante o dia na administração e à noite fazia o curso preparatório para o vestibular com bolsa de estudos. Para mim, foi o início do conhecimento e da vida.
Depois foi servir ao Exército. Qual foi a importância dele em sua vida?
Sim, servi também no Exército e saí como segundo-tenente da reserva, cargo que poderia ter seguido como profissão. Aprendi muito, como ser disciplinado e organizado, mas naquele momento, pela minha vontade e amor, optei pela Educação. Comecei a dar aulas de Matemática, Práticas Comerciais e Contabilidade em escolas de Planaltina, Sobradinho, Asa Norte, em Taguatinga, no Gama e em várias outras cidades. A Educação falou mais forte no meu coração.
Eita que essa história vale a pena ser contada. E aí, como chegou a senador?
Nas escolas, ensinando, comecei a ver a força da Educação como agente transformador na minha vida e na das pessoas. Quem saía dali ia para a Universidade. Quem não tinha essa oportunidade não ia para lugar nenhum. A não ser quando veio depois o crédito educativo, um projeto que integrou o país inteiro. Na pública ele dava auxílio para manutenção e livros. Na privada, ele pagava o curso integral e ainda financiava a manutenção. Foi por aí que a maior parte dos estudantes do Brasil tiveram a oportunidade de seguir em frente e se formar. Esse modelo me inspirou. E eu fui um desses, que usou o crédito educativo.
E como foi essa jornada para se formar?
Não foi fácil porque sempre trabalhei e não tive a oportunidade de fazer o vestibular da UnB, mesmo porque ela só funcionava durante o dia. E eu, como a maioria dos jovens pobres, tinha que trabalhar durante o dia. Naqueles tempos, a gente trabalhava. Por isso, tive que trabalhar muito, sustentar a família e conseguir fazer o meu curso superior. Como eu, muitos que poderiam ser alunos da UnB, acabaram fazendo cursos em instituições privadas. Mas ainda bem que tivemos boas escolas, conseguimos o crédito educativo e pudemos nos formar com excelência. Foram o CEUB e a UDF que com o Governo Federal nos deram a todos nós, trabalhadores a oportunidade de ter um curso superior de excelência.
Depois disso, o que mais aconteceu em sua vida?
Me formei em Conta-bilidade, fiz pós-graduação e cheguei nas associações de ensino nas áreas de Educação e de Contabilidade. Trouxe para eles o sentido da Educação. Eles aceitaram o meu projeto que trazia para as escolas aqueles que estavam fora por falta de vagas ou por não terem uma escola de nível alto que era muito cara. Foi aí que colocamos nas escolas privadas o Cheque Educação que beneficiou mais de 100 mil alunos no DF. Hoje em quase todas as famílias, tem sempre um remanescente que teve o cheque educação em sua vida. Isso me enche de orgulho e de alegria de saber que pude ajudar as pessoas a terem melhores oportunidades pela Educação.
E o que aconteceu depois?
Depois decidi entrar na política. Entendi que para mudar a vida das pessoas, o caminho é a Política e a Educação. Abri mão de ser juiz do Trabalho, onde atuava, para concorrer à CLDF. Fui eleito deputado distrital, deputado federal, fui secretário de Estado nos governos Roriz e Arruda, e agora senador. Aprendi muito, adquiri experiência e vi que para governar é preciso ter o respaldo das leis e fiz isso. Mudei a legislação fundiária, o Fundeb, a legislação de Ciência e Tecnologia, mudanças que vieram para o bem da população do Guará, do DF e do Brasil.
Com isso tudo, o senhor está preparado para ser governador do DF?
Sim, e mais do que qualquer um de meus oponentes. Eu me preparei para isso. Não quero ser governador para fazer negócios e não mantenho negócios com o Governo. Também tenho experiência no Executivo, o que a maioria dos adversários não tem. Eles têm discursos e dinheiro, mas sequer sabem onde ficam as cidades, as vilas e as comunidades. Sabem deles e o que defendem, mas nem sabem se no DF tem aquilo que defendem.
E para e pelo Guará? A senhor fez o que?
Só em saúde, destinei mais de R$ 3 milhões para compra de equipamentos para o Hospital do Guará, setor Neonatal e UPA. Destinamos ao Conselho Tutelar recursos para a compra de um automóvel e para o projeto “Elas com Elas” destinado a oferecer palestras, workshops e cursos para mulheres em situação de vulnerabilidade. A Escola Técnica do Guará é fruto do meu trabalho. Consegui o terreno e a construímos, com recursos federais, a Escola Técnica do Guará.
Só fez pelo Guará?
Não. Além disso, consegui para o DF recursos do governo federal para a saúde, o transporte e outras áreas prioritárias referentes ao trabalho que fizemos junto ao Governo Federal e ao Congresso Nacional. O DF recebeu quase R$ 2,9 bilhões para enfrentar a pandemia nos últimos dois anos e cerca de R$ 4,1 bilhões em auxílio emergencial.
O que as pessoas querem?
As pessoas querem mudanças, elas não querem esses que estiveram e que aí estão. Falta a esses, o conhecimento, a sensibilidade, o saber onde está a população que precisa de apoio, ajuda e, sobretudo de cuidado. O governo existe para o cidadão, para trabalhar pelo sem bem-estar.
Quem fez por Brasília?
Quem fez Brasília, o DF ser próspero, foram aqueles que para cá vieram com a esperança e a vontade de servir ao país. Foram aqueles que trabalharam e trabalham duro por dias melhores e cuidados para a população. Eu quero cuidar assim como fui cuidado. Quero criar oportunidades, como as que tive em Brasília.
As suas propostas parecem não ir ao encontro daquelas de seus oponentes. Por que?
Porque pensam apenas no projeto deles próprios, no que vão lucrar e não na população que sofre e precisa de políticas públicas. Todos conhecem hoje esse governo Ibaneis que aí está e que destruiu a saúde e a esperança da população. O outro candidato, Paulo Octávio teve a oportunidade de governar o DF e tirar a nossa capital da maior crise política-administrativa que já tivemos. E o que fez? Renunciou! Ficou cerca de duas semanas como governador e pediu para sair. Dá para confiar? Os demais não têm experiência nenhuma para administrar o DF.
Como assim?
Nas minhas propostas quem lucra é o cidadão. Elas são para as pessoas, suas vidas e seus filhos com um futuro melhor, mais igual e mais justo. Eles querem oportunidades de vida, de emprego, de trabalho. As pessoas não querem cesta básica, querem trabalho!