Tudo bem que ele não seja conhecido da maioria dos moradores do Guará e não tenha sido bem votado por eles, como aconteceu também com a deputada distrital eleita Dayse Amarílio, mas é inegável que a expressiva votação conseguida pelo coronel Elziovan Matias Moreno Lima como candidato a governador transforma-o em uma nova liderança política no Distrito Federal e, claro, do Guará, onde nasceu e ainda mora. Afinal, de desconhecido da maior parte da população, com exceção do meio militar, com pouco tempo de rádio e TV, ele acabou sendo o quarto mais votado ao governo do DF, com 94 mil votos, abaixo apenas do eleito Ibaneis Rocha (MDB), do segundo Leandro Grass (PT), a apenas 30 mil votos do ex-vice-governador Paulo Octávio (PSD) e, o mais surpreendente, acima dos 79 mil votos da senadora Leila Barros (PSB) e dos 70 mil votos do senador Izalci Lucas (PSDB), candidatos com muito mais recursos financeiros e estrutura de campanha.
Para efeito de comparação, ele recebeu R$ 900 mil destinado pelo PTB do fundo partidário para toda a campanha, contra R$ 4,5 milhões de Ibaneis, R$ 3,6 milhões de Leila, R$ 2,4 milhões de Leandro Grass e R$ 2,3 milhões de Izalci. Oficialmente, só foi maior do que o recurso destinado pelo PSD a Paulo Octávio, R$ 900 mil, claro, sem contar o que gastou do próprio bolso o bilionário ex-vice-governador para turbinar a sua campanha e a do seu filho André Kubistchek, candidato a deputado federal.
Com apenas 30 pessoas contratadas para a campanha, contra centenas dos outros candidatos, Coronel Moreno teve o voto proporcional mais barato entre os de todos os candidatos ao governo do Distrito Federal.
Quem é
Coronel Moreno, 50 anos, ficou mais conhecido por ter sido comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar e comandante de outros seis batalhões comunitários, e por ter introduzido no Distrito Federal o programa Rede de Vizinhos Protegidos, uma interação entre os moradores e a Polícia Militar para garantir a segurança em ruas e quadras, ideia que tem se expandido em todo o DF, inclusive no Guará.
Morador no edifício Via Blanc, do Guará II, com a mulher e os dois filhos – Victor, 23 anos, estudante de Medicina, e Miguel de 7 anos – e a esposa, Coronel Moreno nasceu e foi criado na QE 28, onde ainda vivem seus pais. Dos tempos de criança e adolescência na quadra, ele lembra das gincanas da rua que envolviam os jovens e os pais em disputas animadas, e os passeios de mobilete com os amigos pelas amplas áreas verdes que ainda existiam no Guará II e os jogos de futebol de rua, conhecidos como “golzinho”.
Ainda ativo na farda, Coronel Moreno entrou para a Polícia Militar aos 19 anos e nesse período formou-se em Educação Física pela Faculdade Dom Bosco, que pertencia à rede Universidade Católica. Teve carreira meteórica na força – trabalhou durante dez anos no Batalhão da Asa Sul, onde chegou a comandante, foi comandante também do 6º Batalhão (Plano Piloto e Ministérios), do Gama, foi chefe da Seção de Doutrina Operacional da PM, responsável pela liberação de todas as operações policiais, do 3º Batalhão da Asa Norte, do 1º Comando Regional (Plano Piloto, Lagos Sul e Norte, Sudoeste e Varjão) e do 6º Comando Regional (Santa Maria, Gama e Riacho Fundo I e II).