Ela foi a primeira mulher presidente de assembleias legislativas do país e deputada distrital por três legislaturas seguidas. Integrou a primeira bancada eleita da Câmara Legislativa, em 1990. Hoje, Lúcia Carvalho se dedica à sua empresa de prótese capilar para pessoas que ficaram calvas por problemas de saúde ou de genética. Mas, a ex-moradora do Guará – morou nas QI 9 e 2, na QE 4 e na QE 15 – onde nasceram e foram criados os quatro filhos, não abandonou a vida pública, embora não tenha aparecido na mídia. Nos bastidores, ela tem usado o seu capital político, principalmente no meio dos professores da rede pública – foi fundadora e presidente do Sindicato dos Professores do DF – para ajudar a eleger amigos e mais recentemente o presidente Lula. Foi também uma das fundadoras do PT e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Distrito Federal.
Paranaense de Londrina, Lúcia Helena Carvalho, 68 anos, veio para a capital do país em 1971, onde já morava um irmão e uma irmã, em busca de emprego e estudo. Começou trabalhando na Biblioteca do Sesi, onde tomou gosto pela leitura e depois pelo ensino. Logo depois, passou no concurso para professor da Fundação Educacional e foi trabalhar no Gama, mas não deixou o primeiro trabalho. “Levantava 5h da manhã, ia para a escola do Gama, retornava às 11h, entrava às 13h na biblioteca do Sesi, onde ficava até 22h. E fazia tudo isso com muito prazer e vitalidade”, conta. Aqui, formou-se em Pedagogia e Administração Escolar.
Militância trabalhista e política
Inquieta e incomodada com as injustiças sociais, ainda no período pós-ditadura militar, ela enveredou para o sindicalismo trabalhista e, como consequência, para a vida política. Na primeira eleição para a Câmara Legislativa, em 1990, obteve 11.506 votos, a quarta maior votação dos deputados distritais eleitos, numa época em que o eleitorado do DF era a metade do que é hoje. Reeleita em 1994, com quase 10 mil votos, Lúcia assumiu a presidência da Câmara Legislativa no biênio 1997/98, quando o PT tinha o comando do Governo do Distrito Federal com Cristovam Buarque. Voltou a se candidatar em 1998, mas ficou como primeira suplente. Em 2007, no segundo governo Lula, de quem é amiga, foi diretora do INSS e depois assumiu a gerência regional do Patrimônio da União no Distrito Federal, onde ficou até 2013, quando saiu para ajudar o filho na empresa de prótese capilar, a mesma que hoje é a única proprietária – o filho mudou-se para a Inglaterra.
Embora não esteja na mídia, Lúcia garante que não abandonou a militância política. “Pelo contrário, continuo muito ativa. Tenho participado de campanhas dos meus amigos, como aconteceu agora nas campanhas de Erika Kokay, Leandro Grass, Rosilene Correia e Lula”, diz. Mesmo com a política ainda no sangue, ela afirma que não sabe voltaria a se candidatar. “Somente seria se fosse para ajudar a reforçar o time das mulheres, que está muito desfalcado, e mesmo assim apenas para deputada federal. Mas não é meu objetivo hoje. Prefiro continuar com meu negócio, que está indo bem e que gosto muito”, completa.
O trabalho é dividido com a atenção aos quatro filhos – Erica Alessandra, servidora da Justiça do DF, Pedro, que mora na Inglaterra, Mariana, que mora nos Estados Unidos, e Lucas, oficial de chancelaria do Itamarati, e às duas netas, Beatriz (19 anos) e Júlia (13 anos).