Arthur da Cunha Nogueiram ex-administrador regional de Riacho Fundo I por duas vezes e do Paranoá, e atual secretário da Secretaria de Atendimento à Comunidade do GDF, é o novo administrador regional do Guará a partir de 1º de janeiro, no lugar do atual administrador Roberto Nobre. Embora esteja sendo incluído na cota do deputado federal eleito Gilvan Máximo (Republicanos), o convite a ele foi feito pelo próprio governador Ibaneis Rocha, de quem é amigo pessoal. A chegada de Arthur Nogueira encerra o ciclo de quase oito anos de apadrinhamento da Administração do Guará pelo deputado distrital Rodrigo Delmasso e o grupo político da igreja Sara Nossa Terra, que começou com André Brandão, seguido de Vânia Gurgel, Luis Carlos Júnior, Luciane Quintana e Roberto Nobre.
Embora seja morador de Arniqueira, Arthur Nogueira, 46 anos, morou durante 13 anos no Guará, na QI 9 e na QI 23, e para onde pretende retornar a partir de janeiro para um apartamento próprio que possui na cidade. Essa, aliás, foi a condição imposta pelo governador Ibaneis para ele assumir a Administração do Guará.
Além de ter morado por tanto tempo na cidade, Arthur foi um dos diretores do Grupo Fiança, de conservação e prestação de serviços, que durante muitos anos foi a principal empresa do Guará, e que pertencia ao seu cunhado Luiz Vicente Araújo. A Fiança, que chegou a ter mais de 10 mil funcionários, tinha sua sede na orla do Guará II, em frente à QE 34, onde é hoje o Colégio Objetivo.
Formado em Gestão Pública e pós-graduado em Gestão Política e Ciências Políticas, Arthur Nogueira tem um bom trânsito no meio político do Distrito Federal – foi administrador regional do Governo Roriz e até do petista Agnelo Queiroz e chefe de Gabinete do seu sobrinho ex-deputado distrital Christiano Araújo na Câmara Legislativa – e é conhecido pelo seu estilo trabalhador, de ir para as ruas conhecer as demandas e tomar as providências no próprio local. Nas duas gestões como administrador regional do Riacho Fundo I e do Paranoá ele ficava mais tempo percorrendo a cidade do que no atendimento no gabinete.
Nome provoca reação das lideranças
O anúncio do nome de Arthur Nogueira como o novo administrador regional do Guará, antecipado em primeira mão pelo Jornal do Guará, provocou reação das lideranças comunitárias locais, que esperava a indicação de alguém que já morasse na cidade. Até então, o nome de Arthur não constava das especulações que circulavam nas redes sociais, que davam como prováveis próximos padrinhos políticos do Guará os deputados distritais eleitos Hermeto, Wellington Luiz e Iolando, todos do MDB. Hermeto, entretanto, anunciou há 15 dias que havia desistido da indicação porque preferia apadrinhar as administrações de Candangolândia, Núcleo Bandeirante e Riacho Fundo I. Já Wellington, que já morou durante muito tempo no Guará, deixou de se interessar pela indicação do administrador regional quando ficou definido que ele seria o novo presidente da Câmara Legislativa, o que passaria a exigir dele um tratamento isonômico em relação a todas as administrações regionais. Especulava-se, também, que a solução poderia ser uma indicação técnica, e o favorito no caso seria o secretário-adjunto de Cidades, Cléber Monteiro, ex-diretor da Polícia Civil, filho e morador do Guará.
As principais críticas das lideranças foram ao fato do novo administrador regional não morar no Guará. “É uma falta de respeito com a comunidade a indicação de alguém de fora. Esses apadrinhados só vem aqui para satisfazer os anseios dos seus segmentos. Temos que ter aqui um administrador que tenha conhecimento das demandas da cidade. Chega de forasteiros!”, dispara Solano Oliveira Sousa, líder comunitário ligado ao futebol amador e do segmento de bares e restaurantes. “É brincadeira com a comunidade do Guará. Vamos sempre ser fantoches desse pessoal da Sara Nossa Terra e da Igreja Universal, pois nunca terá um lista tríplice com moradores do Guará, sempre com indicação de um fantoche para o cargo de administrador. Essa indicação é uma falta de respeito com a comunidade, pois o cidadão nem morador daqui é, já passou por várias administrações regionais e está caindo de paraquedas no Guará”, reforça Francisco Pinheiro Filho, conhecido como Xyquinho. “A Administração do Guará virou reduto de igreja e de partido político. A comunidade que se dane”, completa Klécius Oliveira, do Blog do Professor Klécius.
Mas há também quem prefere um tom conciliador, como é o caso da professora Gicileide Ferreira, diretora do Centro de Ensino Especial: “Precisamos primeiro conhecer o novo administrador e o que ele pretende para a cidade e apoiá-lo caso atenda às demandas da comunidade. E deixar para criticar caso ele não atenda”. Essa é também a opinião de Célia Caixeta, prefeita comunitária da QE 46, para quem, “a força de trabalho, as intenções do administrador regional e a disponibilidade para ouvir os moradores devem ser prioridade em relação ao local de moradia dele”.