com Zuleika Lopes, do Blog da Zuleika
Quando se depara com ratos, baratas, escorpiões e mosquito dentro ou próximo de sua casa, a tendência do morador é reclamar do governo, que, na sua opinião, não promove a manutenção adequada das áreas públicas e nem recolhe o lixo como deveria. Mas, não é bem assim. Geralmente, a culpa é do próprio morador, principalmente na falta de cuidado com o lixo, que é descartado em embalagens inadequadas, sem fechamento correto e a qualquer hora, sem obedecer aos horários recomendados pelo Serviço de Limpeza Urbano (SLU).
Além do SLU, a culpa recai também sobre a Administração Regional do Guará, que, entretanto, não é responsável pelo recolhimento do lixo, mas somente do entulho depositado em locais previamente autorizados ou imóveis e objetos inservíveis, desde que a coleta seja solicitada. O que falta, na verdade é a conscientização dos moradores no descarte do lixo e do entulho, porque os dois órgãos fazem a sua parte. Para o entulho de obras ou de poda, a cidade dispõe de dois papa-entulhos, um no Cave e outro no entorno do Guará II, ao lado do 4º Batalhão da Polícia Militar, para onde podem ser levadas essas sobras, sem custo para o morador, que pode contratar o serviço de tuk tuk, aqueles veículos elétricos que estão substituindo as carroças com tração animal, ao custo de apenas R$ 30 por viagem. Já o descarte de móveis, eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos, o recolhimento é gratuito, desde que seja agendado na Administração Regional (ver contatos abaixo).
O SLU recomenda que o morador consulte os horários de coleta do lixo na sua quadra, para evitar que cães, gatos e até mesmo os catadores de produtos recicláveis danifiquem as embalagens e o lixo espalhado atraia moscas, mosquitos, baratas e ratos, além de animais predadores entre si.
Polo de Moda, mais crítico
Quem mais reclama das consequências do lixo e do entulho jogado nas ruas é o morador o Polo de Moda, por causa da alta concentração de moradores nas quitinetes, a dificuldade de circulação dos caminhões de coleta de lixo em ruas estreitas e claro, a falta de conscientização dos próprios moradores. A situação é pior na Rua 14, principalmente debaixo de uma área verde, onde se escondem e proliferam ratos, que percorrem as ruas em busca de alimentos.
É comum no Polo ver móveis e objetos jogados nas ruas e grande quantidade de lixo descartada de forma inadequada. Na semana passada, até uma cadeira de banho estava jogada em área pública. Sofás velhos é o mais comum dos objetos jogados nas ruas.
No Polo de Moda, o horário de coleta é das 19h às 3h da manhã, às segundas, quintas e sábados.
Lixo e entulho aumentam inundações
Um estudo publicado no periódico Nature Climate Change revelou que as mudanças climáticas também intensificam a ocorrência inundações e chuvas intensas, e apontou que, no Brasil, o principal efeito do aumento da temperatura será o crescimento do risco de enchentes até o final do século. Apesar da influência do aquecimento global na intensificação de eventos extremos, o despejo e acúmulo de lixo em áreas impróprias são os principais responsáveis pelas inundações em áreas urbanas. Os materiais despejados em vias públicas são arrastados pela força das águas da chuva, causando o entupimento de bueiros e galerias, impedindo o escoamento da água.
Além de contribuir diretamente com as enchentes, o lixo descartado nas ruas também potencializa os impactos deste problema à população. Os resíduos contaminam a água e servem de abrigo e alimento para animais e insetos que são vetores de doenças, como a peste bubônica, leptospirose, cólera, febre-amarela, dengue, entre outras. São, desta forma, responsáveis pelo aumento da incidência de doenças infectocontagiosas, registrado após a ocorrência de enchentes.
LIXO NO POLO DE MODA – Faltam containers e conscientização
Por Vinicius Neves
Quando se fala em maus exemplos de descarte de lixo no Guará, a primeira imagem que vem à mente do morador é o Polo de Moda/QE 40, onde a mistura de falta de conscientização e de contêineres e o adensamento urbano dão à quadra um ar de caos permanente. O excesso de lixo nas ruas é a principal reclamação dos moradores, mas grande parte da culpa é exatamente deles, conforme comprova essas imagens e depoimentos colhidas pela reportagem do Jornal do Guará.
Aliás, a busca de soluções, pelo menos paliativas, para o lixo do Polo de Moda/QE 40 serão discutidas durante um mutirão promovido por órgãos do governo nesta sexta-feira, 27 de janeiro. A ação, que conta com parceria de DF Legal, Polícia Militar, Vigilância Sanitária e Detran, já ocorreu, recentemente, na Estrutural sendo prevista para acontecer a cada 15 dias nas regiões administrativas do DF.
Garis recolhem lixos deixados nas calçadas e pistas. O serviço é complementar ao que é feito pelos profissionais trabalhando em caminhões do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), responsáveis por coletar as sacolas de detritos deixadas nas esquinas e contêineres.
A princípio, a compra e disponibilização de contêineres para armazenar lixo é de responsabilidade dos moradores dos prédios residenciais e comerciantes da área, mas, devido à informalidade e falta de regularização de muitas propriedades da região, surge um vácuo de liderança em muitos dos prédios e os contêineres, tão importantes para a conservação e imagem da cidade, não são adquiridos e o lixo se acumula em pilhas pelas esquinas. O preço de um contêiner é de aproximadamente R$ 1.500.
Os poucos containers encontrados, em quantidades insuficientes para atender a demanda da população, são frequentemente encontrados abarrotados de sacolas de lixo logo no início do dia, sendo que o recolhimento dos detritos pela SLU é feito ao anoitecer, por meio de caminhões que circulam das 19h às 3h20.
No entanto, o problema do descarte irregular de lixo também tem causado conflito entre moradores dos prédios do Polo. Há relatos de moradores se queixando sobre a má conservação de espaços comuns do prédio, como fosso de ventilação e até despejo de itens em terrenos vizinhos. Uma moradora mostrou à reportagem a vista de seu apartamento, onde mora há mais de 15 anos: dezenas de garrafas de whisky se acumulam no terreno, arremessadas da janela de um apartamento por um vizinho, segundo ela. O cenário também causa uma reflexão sobre o consumo excessivo de álcool entre os habitantes da região.