Violeiras no Museu da Memória Candanga

Encontro de violeiras no Museu Vivo da Memória Candanga, ao lado das quadras novas, Iapi e QEs 44 e 46, reúne violeiras de todo o país, para reverenciar a viola caipira, em homenagem ao Mês das Mulheres

Maisa e Amarilis

Os moradores de Guará, Candangolândia e Núcleo Bandeirante, e os amantes da viola caipira, vão poder apreciar o maior encontro de violeiras do Brasil, o Viola em Canto de Mulher, que desembarca pela primeira vez no Museu Vivo da Memória Candanga, símbolo da identidade e da memória da capital federal, ao lado das últimas quadras do Guará, nos dias 30 e 31 de março, e 1 e 2 de abril. O evento convida o público a se encantar com um pedacinho desse grandioso universo da música e a viola caipira, que floresce ao longo de 94 anos, e que se prepara para celebrar seu centenário.

Viola em Canto de Mulher traz o sabor da terra e do encantamento do meio rural, com mulheres artistas protagonistas na produção musical, como intérpretes, compositoras e instrumentistas, em canções entoadas na viola de dez cordas, a viola caipira, que perpassa gerações com suas raízes preservadas e valorizadas.
Em sua quarta edição, o Viola em Canto de Mulher tem o objetivo de incentivar e reconhecer o protagonismo de mulheres que de forma incansável e revolucionária, apaixonadas pela cultura e música caipiras, lutaram bravamente pela conquista desse espaço, considerado ‘tradicionalmente’ de homens, de acordo com o organizador do evento, Volmi Batista, um dos fundadores do Clube da Viola Caipira do DF. ”A presença feminina na música caipira revela as marcas do amor e da luta da mulher pela busca da liberdade, respeito e igualdade de direitos. São histórias simbólicas que mudaram não apenas o cenário da música caipira, mas a existência da mulher no país, rompendo com os padrões estabelecidos na cultura e nas artes da sociedade brasileira”, explica o organizador do encontro.


Nesta edição, uma especial homenagem será realizada para o duo de maior prestígio no Brasil, “As Galvão”, Mary e sua irmã Marilene, que morreu em agosto do ano passado, que, em suas vozes, eternizaram a canção “Beijinho Doce” e promete muita comoção. A cativante dupla que encantou o Brasil, com mais de mil músicas gravadas, ao longo de mais de sete décadas de carreira, quebrou barreiras, venceu o preconceito e abriu as portas do mundo da música caipira para outras mulheres.

Programação

Na programação, variada e extensa, mais de 30 artistas sobem ao palco, com representantes da capital federal e de estados como Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais, mostrando a diversidade de estilos e a habilidade feminina com o instrumento de dez cordas.
A noite de abertura, na quinta-feira (30 de março), vai presenteiar o público com apresentações da violeira Dayane Reis (DF), da compositora, produtora, musicista Mayara Góis (SP) e Bete Silva e o Coral Habeas Cantus (DF). O encerramento da noite de estreia fica por conta do show de uma das maiores solistas do país, conhecida como a Violeira do Universo, Juliana Andrade e suas filhas Lívia e Lavínia, de São José do Rio Preto (SP). Juliana Andrade é referência para muitas violeiras, famosa por solar a viola na afinação de cebolão de grandes violeiros, como João Mulato, Tião Carreiro, Bambico, dentre outros. Para a violeira: “Reconhecer que a luta não foi fácil é um dever, saber que temos mulheres brilhantes que realmente mudaram a vida de tantas outras, promovendo um novo e nobre território de ternura, amor e força, numa mensagem de libertação e vitórias.”
Na sexta-feira, sobem ao palco a violeira, compositora e produtora Karen Parreira (DF), Karoline Violeira, compositora e catireira de Botucatu (SP), as irmãs Lizandra e Victória, de Nova Odessa (SP) e Mary Galvão e Mário Campanha, dupla formada pela célebre Mary Galvão, que formou a dupla “As Galvão” com sua irmã Marilene, falecida em agosto do ano passado, e seu marido, o maestro Mário Campanha.
Carol Carneiro (DF) dá início aos shows da noite de sábado, trazendo a alegria dos festejos das culturas populares. Na sequência sobem ao palco a dupla cuiabana Maisa e Amarilis, e Priscilla e Geisa Helena, dupla de mãe e filha, mineiras de Uberlândia. A noite finaliza com a violeira Adriana Farias, de São Paulo, famosa por participações em grandes bandas e gravações com renomados artistas, com 40 anos de carreira. Adriana apresentou o tradicional programa “Viola Minha Viola” e trabalhou ao lado de cantores como Fábio Júnior, Vavá, Vanessa Camargo, Leandro e Leonardo, dentre outros.
No domingo, último dia do evento, os shows, que começam às 11h, apresentam a jovem violeira Gaby Viola (DF), o Trio Viola com Elas, formado pelas violeiras: Vitória da Viola, Mel Moraes e Carol Viola, do interior de São Paulo, que traz a junção das duas mais fortes vertentes da Viola Caipira Instrumental: o tradicional e o contemporâneo, e a violeira Jucimara Lins (SP). A dupla Leyde e Laura (SP), consideradas referências do gênero, com 25 anos de carreira, encerram o evento com um show grandioso, confirmando o talento do duo e sua enorme paixão pela música caipira de raiz. No último dia do evento, o público também será agraciado com um grande almoço caipira, trazendo o famoso Costelão de Chão e a Queima do Alho, símbolos da culinária caipira. A participação é aberta mediante a doação de 1 kg de alimento (não perecível), que será trocada por um ingresso, durante os dias de realização do evento (de quinta a sábado), com limite de 700 convites.

Geração de Violeiras no DF

A capital federal tem se despontado também como celeiro da música e da viola caipira também na produção musical feminina. Na estrada da música de raiz, a geração feminina da música e da viola caipira está muito bem representada pelas brasilienses Karen Parreira, Dayane Reis, Carol Carneiro e da jovem Gaby Viola, que seguem à luz das grandes mestras e mestres, e já são reconhecidas por suas trajetórias consolidadas.