“A prioridade do meu mandato será a defesa do Guará”, deputada distrital Dayse Amarílio

Sete meses após a primeira entrevista como recém-eleita, o Jornal do Guará recebeu a deputada distrital Dayse Amarílio (PSB), para uma avaliação dos seus seis primeiros meses de mandato. Como única parlamentar moradora do Guará, ela promete investir na cidade através de sua atuação na Câmara Legislativa, seja através de sua influência ou com emendas parlamentares para investimentos.
Ela conta que já destinou recursos para a iluminação pública, para os postos de saúde e escolas da região e agora se aproxima da comunidade cultural e esportiva em defesa dos equipamentos públicos da cidade. E propôs uma audiência pública para discutir a Parceria Público-Privada do Cave (veja matéria abaixo).

Adaptação ao mandato

“A minha atuação no Sindicato dos Enfermeiros me ajudou bastante (Dayse foi presidente do sindicato da categoria) acabou me ajudando muito (na adaptação ao trabalho político). Fiquei lá cinco anos e tomei um choque do que era a política. Há uma diferença entre sonho e realidade. Mas, a gente fez um trabalho muito bom de reaproximar a categoria, de voltar a acreditar. Os sindicatos se afastaram muito da base mesmo por culpa do fisiologismo, e acho que a política está assim também, muito distante da população. E essa ressignificação do representante com representado é algo que demorará muito para a gente reconstruir. As pessoas têm raiva de política, estão afastadas da política.
São muitos desafios que a gente enfrentou nesse ano, que está sendo atípico. Com o oito de janeiro, agora o ataque ao fundo constitucional, CPI, instabilidade do governo, governador afastado…. É um pouco frustrante, apesar de ter a consciência da dificuldade de legislar e das pessoas entenderem isso. Na verdade, a população conhece muito pouco de política. Então, as pessoas esperam que façamos projetos de reestruturação de carreira, dê gratificação, dê aumento, que execute obras e nada disso é função do parlamentar, isso é função do executivo. Acho que parte dessa culpa é do próprio parlamentar”.

Enfermagem

“Eu fui muito apoiada pelos profissionais de saúde. A enfermagem sempre será uma prioridade. Mas, trabalho para a saúde do Distrito Federal todo. (Nosso mandato) vai sempre valorizar a enfermagem. Nossas pautas principais a gente começou a conquistar ainda no sindicato. Estamos trabalhando muito na implementação do piso nacional. Apesar de ser uma luta nacional, tive um grande protagonismo e continua tendo porque ajudo muito a federação e o Fórum Nacional. Então, estou em todas as reuniões. Fiz um levantamento muito, muito profundo no impacto orçamentário no DF, porque o levantamento do governo não estava correto. É preciso rever a legislação da dos enfermeiros especialistas e dos enfermeiros de saúde da família, e para que sejam convocados mais enfermeiros generalistas para os hospitais públicos do DF.
Continuo pensando muito na enfermagem. Os técnicos de enfermagem não tiveram nenhum reajuste nos últimos anos, apenas uma mudança na carreira, que foi uma mudança na nomenclatura, mas eles também não tiveram nenhum aumento, nada. E, a gente precisa avançar. É lógico tem coisas que eu brigarei mais para colocar na lei. Eu queria que os cargos de gestão fossem exclusivos de profissionais da rede concursada, que tivesse mais transparência, que a gestão fosse feita com cargos mais técnicos”….
Gestão da saúde
“Brigo muito para que se tenha transparência no IGES e que possa realmente dar a resposta social para a qual ele foi contratado. Desde 2017 o IGES não prestava conta, isso só aconteceu na semana passada. Tenho participado de todas as pautas relacionadas à saúde, e o (contrato do) IGES vem tendo aditivos frequentemente, e mesmo as metas subdimensionadas não são atingidas.
A criação do IGES foi um erro. Foi um erro porque pegamos um hospital que é o único hospital terciário da rede e nós pegamos Santa Maria e entregamos para o IGES que não consegue prestar o serviço que se propôs. Existem hoje 636 uma consulta para oncologia. A lei fala que um paciente com câncer ele tem que ter no máximo trinta dias para entrar no sistema e ser atendido. Temos setecentas pessoas no Distrito Federal esperando”.

Diálogo

“Tenho uma característica, até como sindicalista, eu sou do diálogo. Isso foi uma coisa que conversei muito quando fui me filiar ao partido (Dayse foi eleita pelo PSB). Falei para o partido, olha, eu não tenho uma história de militância, eu me identifico com as pautas progressistas, mas sou uma pessoa do diálogo. Jamais vou segurar um projeto para poder atacar o governo e jamais eu vou brigar por brigar ou falar por falar. Então tento avaliar muito o projeto mesmo.
Então, eu não faço jogo de força, não. Eu não uso projeto, eu não uso cargo. O que precisar bater eu vou bater mesmo, quiser brigar, vou brigar mesmo, mas os projetos que forem bons com certeza eles podem contar comigo para aprovar”.

Guará

“Moro no Guará desde os quatro aninhos de idade. Minha mãe criou a gente aqui sozinha. Como trabalho muito, costumo dizer que me escondo aqui, mas ainda consigo acompanhar os problemas da cidade. Como guaraense eu já sentia que a cidade estava um pouco abandonada nesses últimos anos. Já dei tanta aula ali no auditório da Administração, e quando entrei lá fiquei novamente chocada. O mesmo com o ginásio do Cave, onde fazia escolinha de vôlei.
Nesses cinco meses, tenho buscado identificar os grupos, as lideranças do Guará, e conversado. O guaraense ele é um povo muito envolvido com a cidade, inteligente e politizado. Um povo que quer participar das decisões da cidade. O que estamos tentando fazer é trazer muito investimento para o Guará, e este é um compromisso meu.
O administrador do Guará é uma pessoa sensacional, uma pessoa que está sempre na rua trabalhando. Estou muito feliz com a atuação dele. Já destinamos R$ 5 milhões para a troca das lâmpadas da iluminação pública por lâmpadas de LED e para a ampliação da iluminação em toda a cidade. Este ano já colocamos emendas para a reforma dos postos de saúde do Guará, para algumas escolas, mas são muitas demandas”.

Cave

“O complexo do Cave está praticamente todo abandonado. E a nossa grande preocupação com a questão da PPP é que ela inicialmente iria ser a parte esportiva, e seria um centro olímpico. Mas, incluíram os equipamentos culturais, e a lei orgânica da cultura traz algumas questões que precisam ser respeitadas. A gente ficou um pouco preocupado com o processo, achamos que realmente não houve uma escuta qualificada. O que queremos é melhorar a proposta, e é o que eu vou tentar fazer. A PPP pode ser muito boa, se tiver transparência e a gente consiga realmente entender o impacto e a relevância social para cidade. Peguei este processo todo, inclusive o que tem tramitado no próprio Tribunal de Contas do Distrito Federal, e conversado. O entendimento do Ministério Público é que se precisa dar uma contrapartida maior, e que se divida a parte esportiva da cultural. Estou tentando dialogar com o governo para a gente chegar num consenso. Não só com o governo, mas com a comunidade. O pessoal do conselho de cultura acha que tem que ser retirado todos os equipamentos de cultura, o governo já acha que tem que colocar tudo no mesmo bolo. Acho que a gente precisa melhorar o formato da proposta. Temos que ser inteligentes e saber negociar”.