CADÊ SEU ENDEREÇO?

Encontrar a casa de alguém no Guará apenas pelo endereçamento virou um sacrifício. A maioria das placas de localização está apagada. Pior para os entregadores, que não podem ficar muito tempo procurando pela casa do cliente

Encontrar endereços no Guará, principalmente para quem não mora na cidade, virou um problema e motivo de irritação de motoristas de aplicativos, de serviços e de entregadores de encomendas. Ou para quem vem visitar um parente e não está familiarizado com a lógica da sequência das quadras e conjuntos. É que o endereçamento nas placas está quase ilegível e em algumas quadras impossível de ser visualizado a média distância.
Implantado em 1996 na gestão do administrador regional Alírio Neto, através de parceria com uma empresa privada em troca do espaço para propaganda, o endereçamento continua o mesmo há 27 anos e sequer recebeu revitalização nesse período. Com o tempo, a ação do sol e da chuva foi esmaecendo a impressão na base plástica adesivada nos postes de metal e em alguns locais nem existe mais.


Como foi implantado por uma empresa privada e o contrato não pôde ser renovado por recomendação do Tribunal de Contas do DF, o endereçamento ficou sem manutenção nesse período. Há dois anos, o ex-deputado distrital Rodrigo Delmasso chegou a sugerir a troca do endereçamento através de parcerias com associações (prefeituras) de moradores e outras instituições organizadas, que poderiam se habilitar de acordo com a Lei 6915/2021, de autoria do próprio Delmasso, que criou o projeto Nossa Quadra. A lei permite que associações de moradores ou prefeituras comunitárias, conselhos comunitários, cooperativas habitacionais e outras instituições organizadas vão poder cuidar da manutenção de quadras, praças e equipamentos públicos com recursos destinados pelo governo. O projeto tem o objetivo, segundo o autor, de desburocratizar e agilizar a contratação de serviços que exigem menos recursos financeiros e não passem a depender mais da lenta burocracia da máquina pública.

As QEs 15 e 26 são as únicas que já receberam
a revitalização do endereçamento

De acordo com Delmasso, as parcerias com as associações de moradores podem agilizar os serviços e manutenção dos espaços públicos. Mas a proposta perdeu força com a não reeleição do deputado, que prometia a destinação dos recursos necessários através de emendas parlamentares de sua cota.
Responsável pela confecção e manutenção das placas rodoviárias, de endereçamento e turismo de todo o Distrito Federal, o Departamento de Estrada de Rodagem (DER/DF) chegou a iniciar a troca das placas do Guará há três anos, inicialmente pelas QEs 15 e 26, mas o serviço foi interrompido por falta de recursos financeiros. Esta semana, foi publicado no Diário Oficial do DF o remanejamento de R$ 200 mil da Administração Regional do Guará para o órgão confeccionar novas placas de endereçamento para a cidade. De acordo com o administrador regional Artur Nogueira, esse será o primeiro de outros aportes para implantar onde ainda não tem e recuperar o endereçamento deteriorado das quadras mais antigas. “Tínhamos previsto remanejar R$ 700 mil para o DER, mas, em comum acordo com o órgão, repassamos R$ 200 mil para avaliarmos o que será suficiente com esses recursos, para dimensionarmos o que será necessário para recuperar em toda a cidade”, explica o administrador. Segundo ele, a prioridade será a confecção do endereçamento das quadras novas (QEs 48 a 58) com esses recursos iniciais. Pelos cálculos do DER, cada placa pode custar entre R$ 300 e R$ 700, dependendo do tamanho e do formato.

Busca por mais recursos

Como esses R$ 700 mil do caixa próprio da Administração Regional não serão suficientes para completar a recuperação, Artur Nogueira afirma que vai buscar emendas parlamentares para completar o serviço até o final de 2024. Há três anos, o DER previu que a recuperação de todo o endereçamento do Guará custaria entre R$ 3 e 4 milhões.
Embora esses primeiros recursos já tenham destinação para as quadras novas, o DER garante que ainda não existe uma sequência para a recuperação do endereçamento do Guará. “A ordem de atendimento é a da chegada dos pedidos encaminhados pela Administração do Guará, e pode ser alternada entre quadras do Guará I e do Guará II”, explica o diretor de Operações do DER, Murilo de Melo Santos.
A troca da placa é completa, incluindo a haste fixada no chão, porque, segundo Murilo, parte dos postes antigos está com as ferragens corroídas porque foram implantadas em 1996, portanto, há 27 anos.

Onde e como são fabricadas as placas de sinalização

O próprio DER fabrica as placas de sinalização de todo o Distrito Federal, o que reduz o custo do serviço, que poderia ficar bem mais caro se tivesse que ser contratado à iniciativa privada. As placas são produzidas na fábrica de placas do Parque Rodoviário do órgão, em Sobradinho, por uma equipe de 35 servidores

Assim que recebe a solicitação de administrações regionais e outros órgãos do GDF, a equipe do DER dá início ao processo de produção das placas. Primeiro, são feitas a dobra e a solda das estruturas de aço das placas; em seguida, a pintura de fundo. Por fim, os designers gráficos do DER estruturam o modelo e a impressão dos adesivos que serão colados na estrutura.
“São utilizados o vinil, o adesivo de alta intensidade e a película refletiva de grau técnico”, explica o superintendente de operações do DER, Murilo de Melo Santos. “Todas as impressões estão de acordo com as normas previstas no Código de Trânsito Brasileiro.”
Em média, anualmente, 4,6 mil novas placas são fabricadas por mês, enquanto outras 200 são restauradas por terem sido acidentadas ou por terem sofrido avarias. Aproximadamente 320 passam por reforma por conta de vandalismo (pichação, quebra ou depredação), e 80 são restauradas por danos naturais causados pelo tempo.
O GDF gasta, aproximadamente, R$ 52 mil por mês com o trabalho de restauração dessas placas com novas peças, cujo valor unitário pode chegar a R$ 2,5 mil.
Os atos de vandalismo são considerados crime passível de detenção de um a seis meses ou multa de um a seis salários mínimos – no caso de danos simples.