Durante quatro anos, a população guaraense acreditou que, finalmente, teria seu grande hospital. Tudo caminhava para que o sonho se tornasse realidade. As informações eram que o projeto já estava sendo preparado, os recursos encaminhados e o anúncio oficial era questão de tempo. O grande hospital do Guará teria, de acordo com o projeto original, cerca de 350 leitos e atendimento de emergência para todas as especialidades.
Era a concretização da luta antiga do Conselho Regional de Saúde do Guará, encampada pelo então deputado distrital Rodrigo Delmasso, o padrinho político da cidade nos governos Agnelo e no primeiro governo de Ibaneis. O próprio governador Ibaneis respaldava o projeto, de acordo com Delmasso. Mas, para surpresa quase geral, o próprio governador anunciou, em agosto de 2023, numa solenidade no Palácio do Buriti, que na verdade o hospital que seria construído no Guará seria outro, de referência em ortopedia, e não mais o que estava sendo gestado. A justificativa é que a chamada Região Centro-Sul (arredores do Guará até Samambaia), carecia de um hospital especializado em ortopedia e não de outro de clínica médica. O projeto do hospital de “portas abertas” que foi planejado para ser implantado no Guará foi transferido para São Sebastião.
Em princípio, a população não percebeu que o projeto não era o mesmo que havia sido idealizado e esperado durante tanto tempo. E que não seria mais o hospital do Guará, mas de toda uma região. E não mais de quem o procurasse, mas de quem fosse encaminhado pelas unidades de saúde da rede pública. E somente não ficou mais frustrada, porque, após protesto do Conselho de Saúde local, a Secretaria de Saúde resolveu incluir “clínica geral” ao projeto, que originalmente era “puro sangue”, destinado somente para ortopedia. Tudo bem, que, de alguma forma, a população guaraense será também beneficiada, mas somente em casos de traumas e depois de atendimento no Hospital Regional do Guará ou na futura UPA local.
O jeito, por enquanto, é o morador se contentar com o orgulho de receber um grande e moderno hospital, mesmo que não vá se beneficiar dele como gostaria. E continuar sendo atendido no antigo e desconfortável Hospital Regional do Guará, que os próprios conselheiros de saúde da cidade chamam de “postão”, em alusão aos postos avançados do INSS. Aliás, o próprio prédio que abriga o HRGu era sede de um postão antes de ser transferido ao GDF e adaptado para receber um “hospital”.
Como será o novo hospital
Previsto para ter a obra iniciada até fevereiro de 2024 – a licitação está marcada para o próximo 18 de dezembro – o Hospital Clínico Ortopédico da Região Centro-Sul terá 160 leitos, sendo 90 de ortopedia, 50 de clínica médica de retaguarda e 20 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulta.
O HCO também terá centro cirúrgico com seis salas de cirurgia, laboratório de apoio, diagnóstico por imagem e ambulatório. A área principal será dividida em quatro blocos: o primeiro será destinado a ensino e pesquisa; o segundo, para uma área de circulação; o terceiro será o coração do hospital, onde ficarão o ambulatório, os leitos de internação e o centro cirúrgico; enquanto o quarto bloco abrigará as estruturas de água, energia e esgoto. E mais auditório, anfiteatro e uma capela, além de estacionamento para os pacientes e funcionários.
Nos mesmos moldes dos projetos hospitalares que o GDF recentemente lançou para o Recanto das Emas, e, em breve, para São Sebastião, o HCO não funcionará no esquema “porta aberta”, ou seja, de demanda espontânea. Ele será referenciado em clínica médica e ortopédica, com especializações em cirurgias eletivas.
O Hospital Clínico Ortopédico será erguido em um terreno de 70 mil m² localizado entre o Parque Ezechias Heringer (Parque do Guará) e a Unidade Básica de Saúde (UBS) 2, no Guará II, ao lado da via contorno do Guará, em frente às QEs 17 e 19.
A previsão é que o novo hospital sediado no Guará vá custar cerca de R$ 204 milhões e deve ficar pronto em até 36 meses, ou seja, até o final de 2026, ainda no governo Ibaneis.