A eleição para o comando da Ascofeg, a associação de feirantes da Feira do Guará, foi acirrada. No dia 27 de outubro, os donos das bancas deram 221 votos (contra 145) para a Chapa 1, formada principalmente por quem nasceu dentro da Feira do Guará. A nova diretoria vai substituir a gestão de Cristiano Jales, que ficou à frente da Ascofeg por três mandatos, ou 12 anos, e enfrentava desgaste entre os empresários. O processo eleitoral foi muito disputado e uma das alegações é que a chapa 2, de oposição, era coordenada por pessoas de fora da feira, que sequer tinham direito a voto.
O presidente eleito Valdinei Lima herdou a sua banca, uma mercearia, de seu pai, um dos primeiros feirantes do Guará. E agora tem a missão de reerguer a feira que já foi a maior do Centro-Oeste e ainda é referência de feira popular no Distrito Federal.
Hoje, o principal desafio da associação de feirantes é a inadimplência. Cerca de 40% dos feirantes não pagam as taxas devidas à entidade gestora dos espaços públicos e serviços coletivos da Feira do Guará. “Precisamos voltar a conversar com os feirantes, um a um, e entender os motivos da inadimplência. Pode ser por conta da difícil situação econômica, mas pode ser também apenas por discordarem dos rumos da associação. Então é preciso conversar com todos e entender”, explica o presidente eleito. Com a baixa arrecadação, as dívidas se acumularam. “A transição para o nosso novo mandato será bem tranquila (a chapa assume no início de janeiro de 2024), mas ainda vamos fazer um levantamento das dívidas e traçar um plano para que possamos pagá-las, sem prejudicar o funcionamento da feira e sem impedir novos investimentos”.
Outros desafios
A estrutura da Feira do Guará é o maior problema enfrentado pelos feirantes. O telhado, os banheiros, o fornecimento de energia elétrica e água e os estacionamentos ainda sofrem problemas, mesmo que algumas obras tenham sido realizadas na gestão passada. “A feira acabou de passar por uma obra, uma revitalização, mas ainda não resolveu os principais problemas de estrutura. O telhado ainda está pingando, e agora com as chuvas, isso fica mais claro. As lonas que colocaram sobre o telhado não puderam ser todas retiradas porque ainda há risco de goteiras. Mas, a obra ainda está na garantia. Vamos nos reunir com o GDF e com a empresa que fez a manutenção para discutir uma correção no que foi feito”, conta o presidente eleito.
“A obra do estacionamento está sendo o principal motivo de discussão entre os feirantes e a maior insatisfação entre os clientes. Esta obra não foi discutida com os feirantes e tem nos prejudicado muito. O movimento tem caído bastante por conta da falta de vagas e dificuldade de manobrar. Tem lugar que há calçadas e 8 metros, algo inédito e sem sentido. E o pior: as rampas para cadeirantes desapareceram, ou ficaram em locais inacessíveis”, afirma Valdinei.
Segundo ele, foi o esforço do administrador do Guará Artur Nogueira que impediu que o problema fosse ainda maior. “Ele teve muito bom senso. Pediu para parar a obra, ouviu os feirantes e fez o que pode para readequar. Agora, está prometido um novo bolsão de estacionamento que vai ajudar muito a recuperarmos o movimento da Feira do Guará”.
Outro desafio para a nova gestão é resolver o problema da energia elétrica. “Hoje, precisamos de uma subestação na Feira do Guará, por conta da grande demanda. E é preciso ainda individualizar todos os medidores. Esta é uma obra que precisa ser feita pelo governo. Estamos sempre sob risco de ficar sem energia, e é preciso dar mais tranquilidade para os feirantes trabalharem”.
O mandato da chapa vencedora começa apenas no dia 1º de janeiro. Agora o foco dos vencedores é entender a situação das financeira e administrativa da Feira do Guará. Com dívidas, baixa arrecadação e desconfiança de parte dos feirantes, a aposta de Valdinei Lima é no diálogo com os feirantes.
