Administrador regional do Guará por duas vezes e uma das lideranças mais respeitadas da cidade, José Orlando de Carvalho descobriu que tinha mais amigos do que imaginava quando contraiu a Covid, foi internado na UTI, ficou em coma induzido e sobreviveu. A doença dele provocou uma verdadeira comoção na cidade, com direito a boletim diário nas redes sociais do Guará sobre o seu estado de saúde. Quase recuperado de graves sequelas deixadas pelos 88 dias de três internações e da ação do vírus, José Orlando está levando uma vida quase normal, mas ainda com algumas limitações, e fazendo o que mais gosta na vida pública, que é cuidar de política.
A ligação de José Orlando, 77 anos (aniversaria dia 15 de agosto), também conhecido como “Baú”, apelido carinhoso com que gosta de tratar os amigos, com o Guará começou em 1975, quando chegou do Ceará para assumir o cargo de auxiliar administrativo da Caixa Econômica Federal depois de aprovado em concurso. A primeira cidade que conheceu foi o Guará, mais precisamente o Guará I, recepcionado por um amigo. “Mesmo com todo aquele cenário de cidade em construção, barro, poeira, sem comércio, sem atrações, muito diferente da minha Fortaleza, me apaixonei pela cidade e decidi que aqui é que queria morar. O Guará II estava em construção, e era só lama e poeira”, relembra.
Depois de morar por algum tempo no Plano Piloto, onde gerenciou oito agências da Caixa Econômica, Zé Orlando foi designado para assumir a gerência da agência na QI 20 do Guará I. Como era a única agência bancária do Guará na época, o espaço não era mais suficiente para atender a clientela com um mínimo conforto. “Com a autorização da Superintendência Regional, intermediei a compra do terreno na QI 7, onde foi construída uma agência confortável, a que existe hoje”, conta. Mas, em 1981 ele deixou a agência Guará para peregrinar por outras agências, sempre como gerente, na 515 Sul, Setor Comercial Sul, Lago Sul, até deixar a Caixa para assumir uma assessoria do deputado federal Tito Costa na Câmara dos Deputados, onde conheceu e fez amizade com o então deputado federal brasiliense Valmir Campelo Bezerra, que depois viria a ser senador e ministro do Tribunal de Contas da União. Foi Valmir que o indicou para chefiar o gabinete do administrador regional Heleno Nogueira de Carvalho, outro indicado do já senador. Com a saída de Heleno para outro cargo no governo, José Orlando completou a gestão de março a dezembro de 1994.
Foi nessa época que ele realizou aquela que considera como sua maior obra à frente da Administração Regional. “Assim que fui nomeado, o governador Joaquim Roriz me chamou e perguntou se eu queria me mudar para a residência oficial do administrador regional, no Cave. Eu disse que não. Ele então me incumbiu de dar uma destinação social à casa. Assim que retornei para meu gabinete na Administração, era aguardado por uma senhora, Lúcia Dutra, presidente da Abrace, que buscava um local para instalar uma casa de apoio para abrigar as famílias das crianças que vinham fazer tratamento contra câncer em Brasília. Enorme coincidência. Na mesma hora acertamos tudo e a Abrace está lá até hoje”, diz.
Com a eleição de Cristovam Buarque, ele deixou o governo e foi trabalhar na Câmara Legislativa, onde assessorou vários deputados durante oito anos, chefiou várias divisões e chegou a diretor legislativo interino. Em 2001, o governador eleito Joaquim Roriz, que assumia o governo pela terceira vez (duas por eleição) o convidou para assumir novamente a Administração Regional do Guará, onde ficou de janeiro a dezembro daquele ano. Depois voltou a trabalhar na Câmara Legislativa, para continuar exercitando o seu amor pela política.
Sobrevivente da Covid
Mas a vida de Zé Orlando viria a sofrer uma grande transformação em junho de 2020, quando ele foi diagnosticado com Covid. Imediatamente o vírus se propagou em seu organismo de forma brutal, levando-o à UTI por 45 dias. Depois de alta, com várias sequelas, foi novamente internado em agosto e somente saiu me novembro. Mas, em janeiro de 2021, foi entubado novamente, desta vez com direito a parada cardiorespiratória e reanimado pelos médicos depois de 5 minutos de procedimento e nove tentativas. “Morri e ressuscitei”, conta, sorrindo.
Da terceira internação, saiu com sequelas mais severas no coração, pulmão, rins, vista e com atrofia e sem locomoção na perna esquerda por causa de uma trombose. Depois de vários tratamentos, hoje ele consegue caminhar sem bengala e sem apoio e até dancar forró, outra de suas paixões. E pronto para caminhar e pedir voto para seus candidatos nas próximas eleições, ofício que gosta e entende, mas sempre acompanhado de sua inseparável companheira Consolação.