O circo Vitória já é familiar para a comunidade guaraense depois de quatro vezes em que passou pela cidade, uma delas por mais de dois anos durante o período da pandemia do coronavírus. E ele está de volta pela quinta vez, agora com uma novidade: além dos espetáculos, o circo está oferecendo oficinas para ensinar moradores interessados em aprender a arte circense, como bambolê, acrobacia, lira, malabares e trapézio. E melhor, de graça.
As oficinas fazem parte do projeto em parceria com o Fundo de Apoio à Cultura (FAC), da Secretaria de Cultura. O objetivo do projeto do circo é atender prioritariamente crianças da rede pública no contraturno das aulas curriculares, mas qualquer morador pode se inscrever, até o limite da capacidade das aulas e atividades. Além de Guará, o projeto do FAC contempla também Recanto das Emas, Samambaia e Riacho Fundo, onde o grupo já aportou ou ainda vai passar.
Retribuição ao tratamento que recebeu no Guará
O retorno ao Guará tem dois motivos, de acordo com Loiri Mocelim, que passou a ser a porta-voz do Circo Vitória depois que a filha Michele criou seu próprio circo, o Master Show, que está se apresentando em Samambaia. “O primeiro motivo é que queríamos retribuir o tratamento que tivemos da comunidade guaraense durante o período da pandemia, quando recebemos todo tipo de apoio num período em que as nossas atividades e, consequentemente, o faturamento tiveram que ser interrompidos. O segundo, é uma deferência ao gerente de Cultura da Administração Regional do Guará, Julimar dos Santos, que viabilizou toda a aprovação do projeto na Secretaria de Cultura”, explica.
As inscrições para o curso podem ser feitas através do contato da próprio Loire Mocelim, 98381.3337. As oficinas serão realizadas durante o dia, porque às noites estarão reservadas para os espetáculos circenses à comunidade, a partir desta sexta-feira, 12 de agosto, entre as QEs 19 e 26, ao lado do edifício Consei.
Amor pelo circo
Criado há 27 anos em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, o Circo Vitória foi a afirmação do empreendedorismo de Antenor de Almeida, 82 anos, seu filho Wilson de Almeida, 61 anos, e a nora Loiri Mocelim, 59. Antenor trabalhava num circo, onde nasceu Wilson. A gaúcha Loiri era uma apaixonada pela atividade circense e após conhecer e se apaixonar por Wilson resolveu segui-lo. Dessa união, vieram três filhos e quatro netos, que teve a adesão na atividade de noras e genros. Todos são crias do Circo Vitória e até hoje continuam a acompanhá-lo.
Segundo Loiri Mocelim, para o público externo pode parecer de difícil compreensão essa paixão por uma vida mambembe, em que se vive apenas o dia a dia. “É um sentimento inexplicável. Só quem vive no circo sabe o que representa esse mundo, que nos dá oportunidade de conhecer tantos lugares, culturas e pessoas diferentes. O trabalho se confunde com o divertimento. Não há rotina”, diz ela. Com efeito, o Circo Vitória somente não passou ainda por Amazonas, Acre e Rondônia no Brasil, mas já perambulou por Uruguai, Paraguai, Chile e Peru.
Até para as crianças a vida circense é divertida, porque a cada porto elas tem a oportunidade de estudar numa escola diferente e conhecer novos colegas – uma lei federal garante vagas em escolas públicas aos filhos de profissionais de circo em qualquer época e local, até o Ensino Médio. Até curso superior é possível fazer, como foi o caso de Michele, que agora tem seu próprio circo, que concluiu Artes Cênicas nos quatro anos em que o circo ficou em Ribeirão Preto.
Loiri transformou a admiração adolescente pela paixão ao circo. “Depois de 40 anos em que estou no Vitória, acho que não saberia viver fora desse mundo, que ensina uma coisa nova a cada dia”, garante a ex-trapezista e domadora de cavalos, que cuida da parte administrativa e da cozinha e dá suporte à toda a família.