Cultura tradicional maranhense no Guará

Festival Flores de São Benedito ocupa a Casa da Cultura neste fim de semana

No primeiro fim de semana de abril (1 e 2), entre às 14h e às 18h, a cultura tradicional maranhense ocupa a Casa de Cultura do Guará com uma extensa programação gratuita. O encontro reúne brincantes do Maranhão e do Distrito Federal em um intercâmbio de saberes e fazeres simbólicos. O objetivo é fortalecer e difundir o Tambor de Crioula, movimento que traz em suas raízes a cultura de matriz indígena e africana, promovendo oficinas, apresentações, artesanato e gastronomia típica. A entrada é gratuita.
Idealizado pelo grupo candango Flores de São Benedito, o festejo contará com encontros inéditos de batuqueiras e batuqueiros para homenagear importantes personalidades da cultura tradicional do Maranhão: Mestra Roxa, Mestre Chico e o Coreiro Barrabás.
A ação é realizada pelo Instituto Rosa dos Ventos, no marco do Circuito Candango de Culturas Populares, com recursos da Secretaria de Cultura do DF (Secec-DF) e do Governo do Distrito Federal (GDF).

Para María Joana Mendes, que também é idealizadora do Festival, o fortalecimento da cultura popular é o grande ganho do projeto. “Reunir os quatro grupos de Crioula que temos aqui e ter a possibilidade de agregar mais brincantes, chegar até os jovens e a comunidade maranhense, que é tão grande no DF, é muito importante para não deixar essa cultura morrer. O Festival leva o conhecimento da cultura popular e da ancestralidade para as pessoas, o que também é uma forma de combate ao preconceito. E não é só maranhense que gosta, eu sinto que o povo é ávido pela cultura”.
Protagonismo feminino e diversidade

Protagonizado e liderado por mulheres, o encontro visibiliza o feminino na cultura popular tradicional e fortalece suas redes, celebrando as que as precederam, como Mestra Roxa (MA) e Mestra Tamá (DF).
“A potência do feminino nas culturas sempre existiu, mas agora, por meio deste projeto, resolveu mostrar rosto e forma. Flores de São Benedito é uma inspiração para as brincantes do DF. É a primeira vez que figuras importantes e simbólicas dos grupos de Crioula do DF irão participar de um Festival assinando como Mestras da Cultura Popular, papel até então protagonizado, majoritariamente, por homens. Isso é inédito, um passo muito importante para o protagonismo feminino dentro deste universo”, ressalta Stéffanie Oliveira, presidente do Instituto.
Segundo Conrada Santos, uma das idealizadoras, o projeto proporciona um potente intercâmbio de saberes e fazeres, além de ser um importante aliado na educação e na batalha contra o preconceito.
“A cultura popular precisa ser mais reconhecida e valorizada, e um festival como este traz visibilidade e conhecimento sobre as manifestações tradicionais. É comum ver como muitas pessoas que não tinham contato ou não conheciam o Tambor de Crioula, descobrem em nós a sua origem. Além disso, o Flores de São Benedito pretende chegar ao público mais jovem, apresentar os grupos que temos de Crioula, nossa cultura ancestral e o reconhecimento da formação de um provo negro, enaltecendo uma história de inclusão e valorização da cultura afro-indígena”, aponta Conrada.