O silêncio – intencional ou não -, dos órgãos responsáveis pela obra da ciclofaixa do Guará II foi quebrado após a reportagem do Jornal do Guará da semana passada, que lembrava a falta de informações sobre as alterações prometidas há um ano durante a última reunião com a comunidade. Nesta quarta-feira, 2 de agosto, o Detran-DF informou à Administração Regional do Guará que está concluindo os ajustes do projeto, conforme solicitação da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), mas sugeriu que “as propostas a serem apresentadas sejam avaliadas pela população em audiência pública”. O órgão, entretanto, não estipulou prazo para a conclusão dos estudos. Mas, de alguma forma, a reportagem despertou o interesse de dar seguimento ao assunto, que não foi esquecido pela comunidade.
A reportagem do JG lembrou que há quase dois anos do início da obra e há um ano e quatro meses que ela foi interrompida após intensos protestos da comunidade guaraense, a parte da ciclofaixa do Guará II concluída continua do mesmo jeito, mesmo com a promessa da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) de promover adequações para minorar as reclamações de motoristas e pedestres. Nos últimos meses, nem se falou mais no assunto. A única providência de fato foi a interrupção do projeto na parte que previu interferências na via central até a QI 33, no final do Guará II.
Interferência do administrador regional
Após a publicação, o administrador regional Artur Nogueira, que não havia participado das discussões anteriores porque assumiu o cargo em janeiro deste ano, cobrou uma posição da Seduh e do Detran. Como na última reunião com a comunidade, em agosto do ano passado, ficou acertado que os destinos da obra seriam definidos após a conclusão das adequações, o Detran então respondeu que está retomando os estudos, que, possivelmente, estavam parados no órgão porque não se justifica tamanho atraso na conclusão do projeto.
Durante a última reunião com representantes da comunidade, há exatamente um ano, os representantes do governo – Secretaria de Cidades, Seduh, Administração Regional do Guará e Detran-DF – sinalizaram que estavam dispostos a rever a construção dos trechos restantes da ciclofaixa na via central do Guará II e até desmanchar parte do que tinha sido foi feito ou readaptá-lo à realidade, uma vez que o projeto havia sido elaborado há mais de dez anos quando as condições do trânsito eram outras. Durante a reunião, o secretário de Cidades, Valmir Lemos, garantiu a disposição do governo de ouvir as sugestões e tomar as decisões que contemplassem o que a maioria da comunidade defendia para a obra.
No primeiro projeto, o Detran propôs a redução do canteiro central, a redução dos dois gargalos no início (ao lado dos semáforos entre Guará I e II, ao lado do comércio) e no final do QI 23 (em frente ao quadradão da 4ª Delegacia), para a criação de mais uma faixa dos dois lados da via, e a abertura de baias para a parada dos ônibus sem ocupar parte da pista. Propôs também nivelamento das calçadas à pista nas passagens de pedestres, para facilitar o acesso de cadeirantes.
Os representantes dos moradores sugeriram ainda a retirada dos estacionamentos demarcados dos dois lados da via para possibilitar a abertura de mais uma faixa. Após três horas de discussão, foi marcada uma nova reunião para uma semana depois, quando seriam apresentadas sugestões por parte do Detran a partir das críticas e sugestões dos representantes dos moradores, o que não aconteceu até hoje. Depois de fechadas as alterações em consenso das duas partes – moradores e governo – o projeto seria submetido à audiência pública, aberta à comunidade, para definir os destinos da ciclofaixa. Mas, quase um ano depois, somente agora o assunto foi resgatado pelos órgãos do governo, após a reportagem do JG.