Umas e outras | José Gurgel
FALHA TECNOLÓGICA
Sem ter o que fazer, já que em período de férias nem futebol temos na TV, o melhor programa ainda é ir ao Porcão tentar captar algum assunto interessante.
Procurei logo um lugar pra sentar e não ser incomodado. Queria me distrair. Eis que surge do nada o meu amigo Caixa Preta, sentando e pedindo mais um copo.
Depois que ele se acomodou, esperei que contasse um caso daqueles que só ele sabe contar, colocando uns exageros para deixar a coisa mais engraçada.
De vez em quando ele gosta de sacanear o nosso amigo Portuga, contou uma do dito cujo. O Portuga foi fazer uma viagem pelo mundo, quando chegou na China foi fazer umas compras. As ruas, conforme o relato do gajo, pareciam até a Feira dos Importados, só que mil vezes maior.
Encantado, saiu a procura de novidades, encontrou um óculos que era a última moda em tecnologia por lá, ficou maravilhado com a tranqueira, pois com ele podia ver todas as pessoas peladas.
Não se cansava de tirar e pôr os óculos na cara. Viu muita mulher pelada, algumas até boas, mas também deu de cara com cada cururu que só ele sabe o que viu.
Quando chegou ao aeroporto, voltou aproveitando...
SAMBA DO CRIOULO DOIDO
Como diz o meu amigo Caixa Preta, a coisa aqui no DF em matéria de política está tão complicada que já tem cientista político se inscrevendo no Masterchef (programa de culinária) pra ver se consegue entender a receita desse angu. Toda hora muda, parece até biruta de aeroclube.
Não podemos negar que a política do DF está igual ao “Samba do Crioulo Doido”,uma antiga música do nosso cancioneiro, que fazia uma gozação com a situação do país, que parece com a coisa por aqui no Planalto, mas precisamente no Palácio do Buriti, onde o inimigo habita.
Um grupo de “deuses” da política local se uniu para lutar contra o dono do pedaço, que é o atual governador. A coisa começou a tomar forma, mas esbarrou no ego exacerbado de membros do grupo, que por muitos fora chamado de “Madalenas Arrependidas”, uma espécie de terceira via ,onde os buracos aumentavam a cada reunião.
Todos muito espertos, achando-se capazes de derrotar o que eles consideravam, antecipadamente, derrotado, mas os egos inflados não resistiram e estão se digladiando internamente, numa guerra de egos e vaidades sob os olhares tranquilos do inimigo comum, que continua apenas observando a turma bater cabeça.
Com isso alguns corpos já estão...
EXPLOSÕES À VISTA
Quando o Caixa Preta aparece de mau humor, sei que alguma coisa deve estar acontecendo na cidade, nunca erro.
Depois de nos acomodarmos em nossa mesa cativa lá no Porcão, tomando aquela cerveja pra lá de gelada, o cabra resolveu botar pra fora o que o incomodava.
Vi que a coisa era muito séria, esperei ele começar o relato, do que o afligia e tive que concordar com a indignação do amigo.
Conta ele que outro dia passando pelo comércio da QE-15 deu de cara com uma aberração inconcebível para o local.
Três restaurantes ali localizados resolveram instalar suas centrais de gás na calçada, ocupando um espaço público e o que é pior, colocando em risco a integridade de suas lojas e da vizinhança.
Parece até brincadeira que os órgãos responsáveis demonstrem tanta falta de comprometimento com a população na hora de liberar alvarás aqui no Guará.
Para se ter ideia do absurdo, um dos gaiatos comerciantes resolveu não ocupar o seu espaço e instalou a tal central no meio da calçada do beco, entre o comércio e as residências.
Creio que passou da hora de tomar algumas resoluções drásticas, mesmo que isso contrarie o interesse dessa turma, mas preserve a vida e a integridade da...
GUERRA NO CALÇADÃO
Segundo o meu amigo Caixa Preta, parece que essa novela do Calçadão da Vergonha está longe de acabar, tudo por falta da presença do Estado em quase todas as obras direcionadas à população, nessa então, chega a ser um acinte.
Como estava previsto, está para ser deflagada a grande guerra entre os usadões que utilizam o famigerado calçadão para suas caminhadas matinais que muitas vezes vão até a madrugada, e os ciclistas que agora querem transformar o local em uma grande ciclovia.
Reclamações chovem por causa de tão precioso espaço público, pois a turma não se entende, a falta de bom senso de alguns ultrapassa os limites da civilidade, cada um se dizendo dono do pedaço.
Bastaria fazer a demarcação horizontal das vias, definindo o espaço de cada um, resolveria a questão, mas parece que, se dá pra complicar por que resolver?
Do jeito que a coisa vai a discussão vai ser tema de alguma assembleia geral da ONU, pois os ânimos estão pra lá de alterados, todo mundo com a sua razão.
O velho Caixa estava coberto de razão, a coisa está de mal a pior, não se vê uma solução a curto prazo, apesar da simples resolução.
Só não é possível chegarmos a...
CONDOMÍNIO
Ali bem próximo do Posto de Saúde Nº 2 no Guará II, quase chegando no Parque do Guará, embaixo de uma frondosa árvore, lindos barracos estão sendo montados, sem que ninguém tome qualquer providência, como sempre, com a famosa cara de paisagem ou “não tô nem aí”.
Mas para encurtar a coisa, está se instalando mais um lindo condomínio. Trata-se do “LIXON OF ORLA” esse foi o nome que o Caixa Preta batizou a coisa por achar chique, já em fase de habitação com um amontoado de lixo e pessoas que enchem os olhos de todos que por ali passam. Dá gosto ver os barracos sendo montados no meio da sujeira, pois como se trata de uma área pública, soma-se a isso o descaso das diversas autoridades responsáveis pela fiscalização e erradicação da proliferação dessas chagas sociais abertas em nossa cidade.
Logo estará consolidado, provocando uma enxurrada de audiências públicas na cidade para discutir o problema, além dos que temos e não são poucos.
Parece que o programa “Invadiu é Seu” está sendo reimplantado no Guará, talvez por se tratar de um programa exitoso em gestões passadas, que, juntando-se ao “Meu Quiosque, Minha Vida” parece que fará a alegria da...
ESTAMOS DE OLHO
Quando se observa o cenário para as próximas eleições, a coisa fica pra lá de esquisita, principalmente aqui no Guará onde começam a aparecer figuras que nunca foram vistas por aqui, na maior cara de pau, sempre jurando amor pela cidade e muitos, mesmo morando longe daqui, ainda insistem no grande amor que sentem, pois a mãezinha mora aqui.
O mais curioso disso tudo é que discussões sérias são feitas por aqui para melhoria da região e nunca nos deparamos com essas figuraças, que deixam a parte mais difícil para os moradores para depois aparecerem como salvadores da pátria, sempre com aquelas soluções milagrosas que costumam aparecer quando estão à caça dos incautos eleitores, que eles adoram enganar.
É cada figura que aparece , a maioria vive de querer passar a perna, sempre com uma bela mentira na ponta da língua, mostrando que está apoiado por outros safados, velhos conhecidos da população.
Tem gente até condenada por improbidade querendo se candidatar na maior cara de pau, achando que talvez vá passar despercebido. Estamos de olho nesses enganadores da humanidade.
SEM PREJUÍZO
O nosso destino não podia ser outro, o sempre amado Porcão, onde tudo é ruim, desde o garçom até a comida preparada pela mãe do garçom e proprietária da espelunca.
Mas tem uma coisa boa, a cerveja servida por lá sempre chega estupidamente gelada na mesa, isso não tem preço, e sempre mandamos pendurar.
O velho Caixa estava animado, queria contar o que aconteceu com ele na semana passada, quando saiu pela cidade a procura de uma distribuidora de bebidas para aplacar a sede.
Pegou a bicicleta da mulher e foi direto pra distribuidora de um chegado, onde comprou uma garrafa de cachaça, mandou pendurar e colocou na cesta do guidão da bicicleta.
Mas logo imaginou que poderia cair e terminar quebrando a garrafa, resolveu então tomar a garrafa toda de uma vez por ali mesmo.
Talvez tenha sido a decisão mais sábia, segundo ele, porque no caminho pra casa caiu umas dez vezes.
Apesar da cara toda arranhada, por causa das quedas durante o trajeto, diz que não teve prejuízo.
O GUARÁ FICOU MAIS POBRE
As vezes demora a cair a ficha, mas quando nos deparamos com a morte de alguém tão caro, sempre na lembrança bate algum arrependimento e tristeza, isso não tem como evitar por mais preparados estejamos.
A morte de Márcia Fernandez foi um choque para nós que a admirávamos. Não como figura pública, mas como a professora que nutria um amor muito grande pelo Guará.
Que descanse em paz!
POUCA BALA
O Caixa Preta ainda com cara de ressaca apareceu lá no Porcão. Pedimos logo a nossa cerva e começamos a beber. Fiquei esperando o velho Caixa abrir os trabalhos e contar algum caso pois eu estava doido pra dar umas risadas já que tinha acabado de ler o jornal com aquelas notícias políticas nojentas de todo dia.
Depois do segundo copo, o cabra já ficou mais alegre e então resolveu contar uma de lascar, mas para começar estava bom até demais.
Sempre jurando que era verdade, começou:
“Um cabra violento chegou no boteco bufando, como dizem por ai, botando fogo pelas ventas”.
Final de semana como sempre o boteco estava lotado, era grande a algazarra, foi quando o cabra bombadão, cheio de tatuagens igual um muro pichado, com uma cara de pittibul chegou e já entrou gritando:- Tô armado com uma pistola de 9 mm, tenho ainda dois carregadores com 12 balas cada um, só quero saber quem anda pegando minha mulher?
Um silêncio de lascar, ninguém se movia, todo mundo calado olhando pro cabra, muitos nem respiravam evitando fazer qualquer tipo de barulho, alguns que estavam indo ao banheiro perderam os freios de contenção e fizeram por ali mesmo.
Se caísse uma pena no...
NOSSO CASTIGO
O mundo parecia que ia acabar, o que tínhamos feito não tinha perdão. Deixamos praticamente Brasília sem água, parecia que o Armagedom batia à nossa porta ou nas nossas nascentes.
Foi então que resolveram que, como culpados, tínhamos que passar por alguma pena, obrigaram-nos a economizar migalhas, pra salvar o que?
Assustados, com um sentimento de culpa jamais experimentado, como verdadeiros otários, baixamos a cabeça como todo bom rebanho e passamos a economizar sem o menor questionamento, afinal, os poucos litros economizados na nossa panela, na pia, no banho e na própria higienização da família, pouco nos custaria na visão reduzida deles.
Muito sacrifício para nada, pois a sanha dos governantes pelo vil metal é imensurável, apesar de todo sacrifício feito pela população (no caso o racionamento). Como se não bastasse, ainda querem que façamos mais sacrifícios, com intuito de manter salários e mordomias de uns poucos, pois o faturamento encolheu.
Quando a grana fica minguada, ficam sempre procurando uma brecha para empurrar no nosso lombo, algo que compense os desmandos praticados.
É isso que a ADASA e CAESB, unidas, estão querendo nos empurrar goela abaixo, sem dó nem piedade, sem direito de reclamar, apenas para manter a máxima incompetência no mesmo patamar.
Agora para...