Qual a mãe de nove crianças não sonha com o dia em que eles estarão crescidos, não precisando mais de tantos cuidados diários como troca de fraldas, banho, alimentação na boca, auxílio nos deveres da escola, enfim toda atenção que os filhos pequenos necessitam? Qual professora infantil que tendo trabalhado a vida toda no ofício não sonha com a tão esperada aposentadoria, vida tranquila e longe da gritaria estridente das crianças?
A maioria das pessoas deseja anos mais tranquilos depois de uma vida dedicada aos filhos e à profissão para poder se dedicar a um hobby, viagens ou simplesmente descansar… Mas Maria das Graças Cardoso de Oliveira não desejou isso! Ela é a idealizadora e diretora voluntária da creche comunitária Estrela Guia, situada na colônia agrícola Bernardo Sayão, em frente ao parque Denner, Guará 2.
A iniciativa de criar um projeto como a creche comunitária que auxilia as famílias carentes, onde ambos os pais precisam trabalhar para garantir o sustento da casa ou muitas vezes famílias compostas somente de mãe e filhos, e ela sozinha provê o dinheiro da casa; veio dos tempos em que então professora, Maria das Graças, precisava trabalhar e não tinha com quem deixar os filhos. Algumas ocasiões contava com a ajuda de vizinhos, em outras os filhos maiores cuidavam dos menores. Porém, a mãe e professora ficava sempre com o coração na mão por não ter um local seguro para deixar os filhos, sabendo que lá estariam bem assistidos.
A vida seguiu, os filhos cresceram, os netos vieram, a aposentadoria chegou e ela não parou. Em 2003, observando outras mães em situação de maior dificuldade do que aquela que vivera, dona Graça começou a ajudá-las recebendo as crianças em sua própria casa. “Eu fico sensibilizada com a situação das mães que não conseguem vagas nas creches públicas, e muitas não tem dinheiro nem para comer, é trabalhar para viver. E hoje você vê crianças de 10 anos envolvidas com coisas erradas, eu fico preocupada. Aqui na creche estão protegidas e com refeição na hora certa”, diz a diretora.
No começo foram quatro crianças em sua casa e aos poucos foram aparecendo mais. Depois ela alugou uma casa para o serviço, e finalmente em 2005 conseguiu comprar um lote grande para construir a creche com o dinheiro da venda da sua casa. Criou um sistema de telemarketing e iam ligando pedindo doações e convidando as pessoas de todo o Distrito Federal para conhecer o projeto e ser um mantenedor. Muitos pais e moradores da região colaboraram com a função que sabia exercer, seja eletricista, encanador etc., e a sede foi edificada.
Dona Graça conta que sempre manteve a creche com doações de grupos, associações, indivíduos ou organizações, mas em 2017 com a crise econômica que o Brasil tem enfrentado as doações diminuíram significantemente levando-a cogitar de fechar as portas. Em julho com muitas contas pendentes, água a luz cortados e faltando entradas financeiras, ela pensou em desistir do seu sonho. Fez uma reunião com os pais e expôs suas dificuldades. Eles se mobilizaram e têm tentado levantar recursos para que as contas de água, luz, telefone e alimentação estejam em ordem. “Eu fico muito preocupada e triste porque às vezes não temos o que oferecer para as crianças como eu gostaria de dar, mas eu confio em Deus e com a ajuda das pessoas temos conseguido manter”, afirma dona Graça. O serviço de telemarketing ainda funciona, uma operadora faz as ligações pedindo donativos.
A creche atende 52 crianças de dois a oito anos no horário das 7:30h às 17:30h, com café da manhã, almoço, lanche e janta. Algumas crianças ficam o período integral, outras vão à escola meio período e meio período estão sob os cuidados das monitoras na creche. Durante o dia realizam atividades direcionadas como pintura, colagem, leitura, auxílio no dever da escola (para as crianças que estudam), banho, descanso e atividades em grupo. O material de artes, a diretora consegue através de doações de algumas escolas particulares da cidade que ao final do ano ofertam os materiais que sobram.
O processo de seleção para conseguir uma vaga é baseado em bastante conversa com os pais para saber qual a real situação da família e a triagem para conferir a necessidade de fato. Outras crianças são encaminhadas pelo Conselho Tutelar, por estar vivendo alguma fragilidade na organização da família, ou por ter sofrido algum abuso e precisa de acolhimento durante o dia, a creche recebe de braços abertos. A diretora afirma que o local é espaçoso e suficiente para atender o dobro do que está sendo atendido agora, mas por falta de dinheiro não tem condições de receber mais crianças, “já tivemos época com mais de 100 crianças aqui, mas por falta de verba para contratar funcionários para cuidar delas, infelizmente tivemos que diminuir as vagas também.”
Além do trabalho burocrático e todas as responsabilidades ao longo do dia, ao despedir as crianças a tardezinha, dona Graça adianta o serviço do dia seguinte, faz bolo, gelatina, corta o frango, cata o feijão e coloca de molho, trabalho que faz com amor para agilizar o dia da cozinheira que trabalha sozinha na creche e conta com a ajuda da equipe. “Para mim essas crianças são tudo! Eu amo trabalhar para elas! Me sinto bem, é uma terapia, me motiva a cada dia a continuar e não desistir desse sonho de ajudar o próximo”, encerra dona Graça.
SERVIÇO:
Itens que a creche necessita com urgência:
- Leite
- Biscoitos (sal ou doce)
- Achocolato
- Suco
- Flocão (para cuscuz)
- Margarina
- Sabonete
- Creme dental
- Papel higiênico
- Álcool (para higienização dos colchonetes)
- Doações de roupas, calçados, bijuterias, eletrodomésticos podem ser entregues o ano todo na creche para realização de bazar.
Endereço: Colônia Agrícola Bernardo Sayão, chácara 10 A lote 01 – Guará 2 – próximo ao parque Denner no Pólo de Modas
Telefone: (61) 3567-0006
E-mail: crechestrelaguia10@gmail.com
Facebook: Creche Comunitária Estrela Guia
Doações em dinheiro:
Banco do Brasil
Agência 2912-2
c/c 12.3064-6
Creche Comunitária Estrela Guia
CNPJ 07.558.057/0001-50