O bicicross é uma daqueles esportes que não tem muita visibilidade no Brasil. Se tivesse, o guaraense Wellington Fernandes seria um ídolo brasiliense e até nacional, porque é, há mais de 30 anos, um dos principais destaques da modalidade aqui e no país. Esse reconhecimento foi confirmado na semana passada, quando ele recebeu os diplomas de Campeão Brasileiro, Campeão Brasiliense e de líder do Ranking Regional e Nacional de 2017. Mas, pelo menos ele é um ídolo entre os praticantes do bicicross.
Campeão brasileiro por 15 vezes, e brasiliense e do Centro Oeste por quantidades que ele mesmo perdeu as contas, Wellington, 41 anos, trava uma batalha permanente com os adversários e com a falta de apoio ao bicicross. Mesmo com tantos títulos e tanto destaque, ele reclama da falta de incentivo do governo e dos empresários ao esporte. Nem ele consegue patrocínio e na maioria das vezes arca do próprio bolso com os custos para competir, mesmo quando representa o Distrito Federal e o Brasil em competições nacionais e internacionais.
“Nos últimos cinco anos, o Brasil ficou entre os três melhores em competições de bicicross no exterior. Mesmo assim, não tem apoio do governo e nem da iniciativa privada”, reclama.
Esporte relativamente caro
E o bicicross não é um esporte barato e talvez esteja aí a explicação para de ter no máximo 150 praticantes do esporte no DF que participam de competições oficiais. Uma bicicleta de competição custa no mínimo R$ 1 mil, mas pode chegar a R$ 20 mil. A bicicleta do próprio Wellington, em fibra de carbono, custou R$ 16 mil.
Por causa da idade, 41 anos, Wellington compete nas categorias Expert (acima de 40 anos) e na Cruiser (40 a 48 anos), mas já foi campeão em quase todas as outras categorias.
O amor dele pelo bicicross começou por acaso. Ao assistir uma prova na 410 Sul, quando tinha 10 anos, se interessou pelo que viu e na segunda-feira já estava praticando. Não parou mais. Atualmente, ele treina três vezes por semana, cerca de 3 horas por dia, na pista de bicicross do Cave, uma das três existentes no Distrito Federal – as outras são em Sobradinho e em Santa Maria. Foi Wellington, aliás, quem incentivou o governo a construir a pista do Guará.
A paixão dele pelo bicicross foi transmitida para o enteado Juliano Filho, de 18 anos, um dos destaques da nova geração brasiliense, e o filho de 4 anos, que também compete. “Estamos tentando viabilizar uma escolinha de bicicross para incentivar o esporte e de repente descobrir novos talentos”, conta ele.
Wellington participa do Campeonato Brasiliense, que é realizado em cinco etapas (provas). A primeira será no dia 6 de maio, no Cave, em comemoração ao aniversário do Guará. A última do ano será em novembro.