Administradores regionais serão indicados por parlamentares

O futuro chefe da Casa Civil do governador eleito Ibaneis Rocha afirma que o governo vai ouvir deputados distritais, federais ou senadores aliados nas indicações. E que promessa de ouvir a comunidade é difícil de executar

Terminado o Governo Rollemberg e nada da prometida eleição para administrador regional. Vai começar o Governo Ibaneis e a também prometida consulta à comunidade parece que também não vai vingar. Durante a campanha, o então candidato a governador incluiu entre suas bandeiras a nomeação de administrador regional de uma lista tríplice escolhida pelos moradores de cada cidade. Mas, tudo indica que o governador eleito não vai fugir da velha prática do toma-lá-dá-cá entre governo e parlamento, institucionalizada desde a emancipação política do Distrito Federal em 1990.
Depois que a promessa de campanha desencadeou uma corrida de candidatos ao cargo, em busca de apoio de quem acham quem são os eleitores que poderiam definir a escolha, o próprio futuro governo trata de jogar uma ducha de água fria nas pretensões de quem sonha pelo menos ser incluído na tal lista tríplice. Na primeira entrevista após ser indicado como novo titular da Casa Civil a partir de janeiro, Eumar Novacki adiantou que há “dificuldades operacionais” para fazer as eleições para administradores regionais. Ele está analisando as propostas sobre o tema, mas acredita não ser possível concretizar a medida de imediato. “Se não fizermos no primeiro ano, faremos até o último. O certo é que, nesta gestão, não vamos trabalhar com negociação de facilidades”, afirmou na entrevista. “Até o último” é a senha para não acontecer, repetindo o que aconteceu com o governo Rollemberg.
Numa outra entrevista, na sexta-feira passada, 16 de novembro, o próprio Ibaneis disse que vai cuidar pessoalmente do assunto. “Eu mesmo vou escolher quem vai administrar cada cidade, após conversar com todos os partidos e representantes das regiões”, explicou. “Todos os partidos” leia-se como os parlamentares eleitos que vão fazer parte da base aliada. Nada de novo. E nem tem como poderia ser diferente, por uma razão muito simples: além de precisar de apoio nas votações de seu interesse na Câmara Legislativa ou no Congresso, o governo não tem como prescindir das emendas parlamentares para investir nas cidades, porque elas tomam boa parte do que sobra do Orçamento do DF para investimento em obras e serviços – cerca de 87% da arrecadação do GDF está comprometida com o custo da máquina pública, entre salários, encargos e aluguéis.

Como deve ser no Guará?
Nessa ótica, dificilmente a indicação do próximo administrador regional da cidade deixa de passar pelo deputado distrital reeleito Rodrigo Delmasso (PRB), ou pelo senador eleito Izalci Lucas (PSDB), que tem base eleitoral no Guará – a outra nova deputada distrital da cidade, Júlia Lucy, não vai participar de qualquer negociação envolvendo troca de apoio como o governo porque é um princípio do seu partido, o Novo. Até a deputada federal eleita Flávia Arruda pode ter influência na indicação do administrador regional do Guará, pelo peso do sobrenome e, claro, pela possibilidade de ser uma embaixadora do Governo Ibaneis na Câmara dos Deputados na defesa da aprovação de projetos de interesses do governo local.
Dito isso, vamos aos nomes preferidos de cada um. Se tiver novamente a deferência de indicar um afilhado, o deputado Rodrigo Delmasso já anunciou publicamente que sua candidata é Vânia Gurgel, que obteve quase 6 mil votos, destes, 1900 no Guará, na primeira vez que concorreu ao cargo de deputada distrital, nas eleições deste ano.
Delmasso diz que aposta em Vânia Gurgel por causa do potencial que ela demonstrou na eleição e por representar a possibilidade de uma dobradinha entre eles nas eleições de 2022, quando ele pretende se candidatar a deputado federal e ela novamente a distrital. Ao Jornal do Guará, o deputado garantiu que se tiver novamente a possibilidade de apadrinhar o próximo administrador regional, vai continuar destinando a maior parte de suas emendas parlamentares para a cidade, e, lógico, turbinar a popularidade de sua possível afilhada. Esse, inclusive, era o projeto que ele tinha com o ex-administrador regional André Brandão, que, entretanto, preferiu antecipar sua ida às urnas, o que provocou a ruptura política entre os dois.
Se for Izalci o parceiro guaraense, a escolha recai sobre João Paixão de Lima, um conhecido líder comunitário do Guará, que coordenou a campanha do senador eleito na cidade, uma das onde ele obteve a maior votação sobre sua principal concorrente Leila do Vôlei. Paixão também teria as bênçãos de Flávia Arruda, por também ter sido um dos coordenadores da campanha dela no Guará. Mas Flávia pode optar por outro nome, caso o cargo seja oferecido a ela. O candidato da mulher do ex-governador José Roberto Arruda seria o advogado Henrique Celso, que foi coordenador geral da campanha dela no DF, morador antigo do Guará, por sinal, amigo também do governador eleito Ibaneis Rocha.
Em resumo, se o cenário for esse desenhado até agora, os nomes mais fortes para assumir a Administração do Guará são esses acima. Mas, como dizia o velho político mineiro Magalhães Pinto, “política é como nuvem: você olha e ela está de um jeito. Você olha de novo, e ela já mudou”.