A arrastada e complicada reforma do estádio do Cave não vai consumir recursos públicos, depois dos R$ 800 mil investidos na obra. A intenção do governo Ibaneis é incluir a conclusão da reforma na privatização do Complexo do Cave, que deve ser lançada em maio. O processo da PPP foi concluído ano passado e somente não foi publicada porque dependia de pareceres técnicos do Tribunal de Contas do DF e Procuradoria Geral do DF, etapa que está sendo concluída até março.
No projeto inicial, o governo iria entregar o estádio já pronto a quem ficasse com todo o Cave, mas o imbróglio da obra mudou os planos. A reforma do estádio iria custar certa de R$ 8 milhões, com apenas R$ 2,2 de contrapartida do GDF e a maior parte do governo federal, através do Ministério do Esporte. Como o convênio com o Ministério foi desfeito por causa do atraso na obra, o GDF teria que bancar o custo total sozinho, o que já foi descartado pelo governador Ibaneis Rocha.
Depois da aprovação da PPP do estádio Mané Garrincha, liberada esta semana pelo Tribunal de Contas do DF, o governo Ibaneis vai priorizar a PPP do Cave, porque o processo está praticamente pronto.
O que animou o governo foi o surgimento de mais dois grupos interessados na privatização do complexo de lazer e esporte do Guará, que até o ano passado tinha apenas o empresário e investidor Luis Felipe Belmonte, dono do clube Real Futebol Clube, como o único pretendente.
A privatização do Complexo do Cave foi desmembrada em dois grupos – O Grupo I, do Kartódromo, e o Grupo II, envolvendo o estádio, o ginásio coberto, o Clube de Vizinhança e o Teatro de Arena. Mas, inicialmente a privatização do Kartódromo não será lançada junto com o restante, porque o governo precisa resolver algumas questões envolvendo o atual concessionário do espaço, o empresário e promotor de kart José Argenta.
Obra parada
A reforma do estádio do Cave deveria ter sido concluída em julho de 2016, um mês antes da realização das Olimpíadas do Rio de Janeiro, porque iria servir de centro de treinamento para as seleções que viriam jogar em Brasília. O atraso na conclusão da licitação provocou o primeiro atraso. Em junho, o gramado estava implantado e a previsão é que poderia ser utilizado já no mês seguinte, o que não aconteceu. Uma vistoria de técnicos do Comitê Olímpico Internacional concluiu que o gramado não tinha condições de ser usado pelas seleções, que optaram pelo estádio Bezerrão e do Centro de Treinamento do Corpo de Bombeiros, que estavam em melhores condições. Três meses depois, em setembro, a obra sofreu a primeira paralização, por causa de descoberta de erros técnicos do projeto, elaborado pelos engenheiros da Novacap. A empreiteira Construtec Engenharia detectou várias falhas no projeto e a obra teve que ser paralisada para as correções. Como o convênio do financiamento da reforma envolvia quatro órgãos – Secretaria de Esporte do DF, Ministério do Esporte, Caixa Econômica Federal e Novacap – a burocracia emperrou as providências em quase dois anos. Por causa das falhas do projeto, que provocaram aumento no custo na parte já executada da obra, a empreiteira solicitou um aditivo ao contrato, o que aumentou mais ainda a morosidade na conclusão das providências.
Quando tudo estava aparentemente resolvido, com a retomada das obras em abril do ano passado, veio a notícia do cancelado do repasse do Ministério do Esporte.
Juntou-se a isso, os atrasos no pagamento das parcelas à empreiteira contratada para a reforma. De acordo com o dono da Construtec Engenharia, Clayton Sperândio, o que foi feito teria custado cerca de R$ 800 mil, mas ele conseguiu receber pouco mais de R$ 500 mil da Novacap, do recurso destinado pelo GDF – a parte do Ministério do Esporte seria aportada quando a obra estivesse mais adiantada.
Sem o dinheiro prometido pelo governo federal, a Secretaria de Esporte tentou buscar recursos no Orçamento do GDF para a conclusão da reforma, através de emendas parlamentares apresentadas por deputados distritais, o que acabou não sendo executadas por falta de recurso financeiro do caixa do governo.
Enquanto havia a perspectiva da retomada da reforma, a construtora manteve seu canteiro de obras no estádio e ajudava a Novacap na manutenção do gramado, principalmente por causa dos riscos de perda da grama na época da seca em Brasília. Mas, no final do ano passado, a construtora abandonou totalmente a obra e retirou o que tinha lá, deixando o gramado ser tomado pelo mato em época de chuva.