Crianças que sofreram violência sexual passam a contar, agora, com a profilaxia pós-exposição (PEP) oferecida no Hospital Regional do Guará (HRGu).
“A profilaxia é para crianças com até 12 anos de idade que sofreram alguma violência sexual aguda, ou seja, que acabaram de ser violentadas. Elas precisam tomar os medicamentos em até 72 horas, para evitar transmissões de infecções, HIV e gravidez”, explica a responsável pelo Núcleo de Prevenção e Assistência à Violência (Nupav) da Região de Saúde Centro-Sul, Aline Soares.
Os pacientes retiram a medicação diretamente no Hospital Regional do Guará, com prescrição, para 7 dias. Depois desse prazo, eles são direcionados ao Hospital Dia, localizado na quadra 508/509 da Asa Sul, onde deverão pegar o restante da medicação e continuar a terapêutica para evitar HIV/Aids por 21 dias. “Esse é o único tratamento que precisa fazer por mais tempo”, destaca Soares.
Na rede pública, também oferecem tratamento de profilaxia pós-exposição a crianças vítimas de violência sexual os hospitais regionais de Taguatinga (HRT), Samambaia (HRSam), Ceilândia (HRC), Asa Norte (Hran), Planaltina (HRPL), Sobradinho (HRS), Paranoá (Hospital da Região Leste) e o Materno Infantil de Brasília (Hmib).
Orientação
A responsável pelo Nupav ressalta que o primeiro local que a vítima deve procurar, depois de sofrer uma violência sexual, é um hospital. Só depois disso deve ir a uma delegacia. “A orientação é que a pessoa, seja adulto ou criança, deve tomar as medicações necessárias o quanto antes, para fechar as portas a qualquer doença. Depois, ir à delegacia, que direciona ao IML”, informa.
De acordo com os dados parciais do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), da Secretaria de Saúde, em todo o Distrito Federal foram notificados, em 2018, um total de 728 casos de violência sexual contra crianças menores de 12 anos. Destes, 127 são moradores da Região de Saúde Centro-Sul, que engloba Guará, Candangolândia, Núcleo Bandeirante, SIA, Park Way, Estrutural, Riacho Fundo I e II.
Somente no HRGu, onde funciona o Programa de Pesquisa, Assistência e Vigilância à Violência (PAV Primavera), foram notificados 29 casos de violência sexual em crianças de até 12 anos, em todo o ano passado. Nenhuma deles foi classificada como de violência aguda, mas sim crônica – que ocorre há muito tempo e com frequência.
Os serviços prestados no PAV do Guará incluem acolhimento e atendimentos individuais e em grupo. O público-alvo são pessoas em situação de violência em qualquer ciclo de vida, bem como suas famílias. Os tipos de violências atendidas são a sexual, física, psicológica, doméstica, negligência e abandono.