O Jornal de Brasília de hoje traz uma entrevista exclusiva com um sobrinho do professor José Antônio Silva, 47 anos, morador da QE 17 do Guará II, acusado de estuprar 12 crianças (por enquanto, os identificados) de 4 a 10 anos., aliciados durante aulas de catequese que lecionava na paróquia Divino Espírito Santo, entre as as QEs 32 e 34 no Guará II, ou na escolinha de futebol em que era monitor.
De acordo com o relato do sobrinho às jornalistas Larissa Galli e Vanessa Lippeldt, José Antônio praticava os abusos na casa da mãe dele e avó do garoto. “De mim e mais dois outros primos sempre que a gente ia para a casa dela”, desabafa Paulo* (nome fictício do sobrinho). Aos cinco anos, o rapaz foi abusado sexualmente pela primeira vez. E, até os seus nove anos, foi atacado outras tantas por José Antônio.
Segundo informações da 4ª Delegacia de Polícia, que está investigando o caso desde maio, 12 vítimas foram ouvidas e outras quatro já foram identificadas. José Antônio Silva abusava de meninos há aproximadamente 20 anos.
Em entrevista exclusiva ao Jornal de Brasília, Paulo*, hoje com 23 anos, detalha como foi violentado, junto com seus primos, por alguém que era de sua confiança. “Ele convencia a gente a ir para o quarto dele para ver os desenhos que ele fazia e estuprava a gente. Fazia sexo oral e em alguns dos meninos ele tentava fazer sexo anal também”, relata. Além disso, de acordo com a polícia, José Antônio também forçava os meninos a praticar relações sexuais entre si enquanto ele assistia.
As vítimas eram tanto crianças da família como também alunos da catequese e da escolinha de futebol onde José Antônio dava aula. A única menina violentada por ele foi sua enteada. A PCDF afirma que a esposa de José Antônio não sabia dos casos e, quando soube, terminou o relacionamento e o autor saiu de casa. Desde então, ele se encontra foragido.
Motivo da denúncia
“Meu filho foi o motivo que me fez denunciar porque percebi que ele seria mais uma vítima”, declara Paulo. “Ele se aproximou e tocou na mão do meu filho e eu vi tudo passando pelos meus olhos do que aconteceria se eu não fizesse nada”, desabafa.
De acordo com o delegado, os abusos aconteciam dentro da casa de José Antônio ou na casa da mãe, no Guará. “Parte dos abusos aconteceu durante festas de família. Os meninos que não eram da família, ele abusava em casa mesmo”, conta.
Segundo o delegado João Maciel, é possível que o José Antônio ainda esteja cometendo crimes, porque “a vítima mais recente que temos conhecimento tem 9 anos e foi abusada a um mês atrás”. Paulo só quer que a justiça seja feita: ““Eu só quero que ele seja preso e não faça mais isso com ninguém”, apela.
Família dividida
A família do abusador está dividida. O delegado conta que os irmãos que não tiveram os filhos abusados não acreditam que José Antônio seja criminoso. “A imagem dele era de uma pessoa do bem. Até mesmo os pais das vítimas que chegavam na delegacia diziam não conseguir acreditar”, relata. “Para os meus parentes, eu sou um traidor da família. São 13 irmãos e estão todos contra mim”, conta Paulo.
Maria Leodenice Alves Magalhães, coordenadora da Paróquia Rogacionista Divino Espírito Santo, no Guará, onde José Antônio dava aula de catequese para a Eucaristia 1, disse ter ficado espantada com o caso. “Nunca percebemos isso nesse rapaz, ele era uma pessoa tranquila”, afirmou. “Ele era uma pessoa bem atuante na Paróquia, jamais imaginamos isso”, completa.
A polícia acredita que José Antônio esteja recebendo ajuda de um irmão para se manter foragido. Ele tem familiares no Maranhão, onde o delegado pensa que ele esteja. A PCDF já entrou em contato com a polícia do Maranhão, mas ainda não obteve nenhuma informação.
José Antônio é procurado pela justiça, está indiciado por 16 estupros de vulneráveis e já tem mandado de prisão preventiva no banco nacional de mandados de prisão, ou seja, todas as delegacias do Brasil tem acesso e podem cumpri-lo. A pena para cada crime desse é de 8 a 15 anos de prisão.
Quem tiver informações sobre José Antônio pode ligar para os números 181 ou 197 e denunciar anonimamente. Pode também ir direto para a 4ª DP ou ligar no telefone 3207-6572. É possível também procurar qualquer delegacia de polícia civil no Brasil.