“No Guará, algumas construções são obviamente irregulares” – Deputado distrital Leandro Grass

Professor eleito deputado distrital pela Rede Sustentabilidade, Leandro Grass é morador do Guará. A moradia é temporária, ele aguarda a reforma de seu apartamento no Plano Piloto nos próximos meses, mas a relação com a cidade é permanente. Além de sua mãe, irmão, tios e primos também morarem no Guará, ele frequenta a cidade, seja correndo no calçadão, fazendo compras no comércio local, passeando no Parque do Guará ou nos vários restaurantes e bares da cidade.
É mestre em Desenvolvimento Sustentável e doutorando em Gestão Pública pela Universidade de Brasília (UnB), gestor cultural formado pela Organização dos Estados Ibero-americanos.
Seu mandato tem sido pautado pela preocupação com a educação pública no Distrito Federal, com as áreas de preservação e com um estilo de vida mais sustentável pelos brasilienses.

 

Como tem sido sua atuação no Guará?
Conheço a comunidade, tenho ouvido os comerciantes e lideranças, tenho uma grande rede de conhecidos no Guará. Tenho acompanhado as discussões em grupos (de redes sociais) e as demandas estão chegando. Principalmente pedidos de calçadas, de fiscalização e sobre os parques do Guará. O Parque do Guará está em nosso mapa de prioridades.
Temos tido várias ações contra a dengue, denunciando e buscando soluções com os órgãos do GDF. Seja no setor de oficinas, onde denunciamos várias carcaças de carro acumulando água ou no Ginásio do Cave, que com a queda da árvore sobre ele, tem acumulado água na quadra e na própria estrutura do ginásio.
O Guará é uma das cidades mais agradáveis do Distrito Federal e onde tenho passado bastante tempo.

O Guará é uma cidade bastante completa, com boa estrutura e vários serviços públicos, mas que tem envelhecido muito mal. O Cave, a Feira do Guará, as praças, as escolas públicas e o hospital são exemplos de estruturas que sofrem com a falta de manutenção e por isso tem se deteriorado muito. Na sua opinião, o que falta?
Recurso não falta, porque a Novacap tem orçamento para desenvolver essas ações de zeladoria, de manutenção do patrimônio público. Acho que falta mais é capacidade técnica dos gestores que tem a responsabilidade, especialmente da Administração do Guará, de estarem mais atentos, de ouvir mais a comunidade. O Guará é uma cidade pequena então você consegue ter esse contato próximo e manter as demandas permanentes sendo atendidas. Basta vontade política e comunicação. Acho que não é só a Administração em si, mas nos órgãos de modo geral. Muitos gestores do GDF moram no Guará, eles sabem o que está acontecendo. Talvez falte um pouco desse desejo, dessa vontade política para resolver esses pequenos problemas, que acabavam virando grandes problemas com o tempo.

Um dos principais problemas do Guará é a ocupação indevida de áreas públicas ou a transformação de áreas comerciais em residenciais e vice versa. A fiscalização é uma preocupação dos deputados?
A fiscalização é um problema sério do governo. A capacidade de fiscalização do GDF é muito baixa. O DF Legal não dá conta da quantidade de demandas que a cidade tem. Falta também educação para a própria população começar a denunciar mais e ela mesmo se fiscalizar. O governo, principalmente na área ambiental, está falhando muito na fiscalização.
No Guará, algumas construções são obviamente irregulares. Não é possível que a pessoa erga um prédio em mais de seis meses e ninguém veja isso. Confesso que acredito que em alguns casos haja vista grosa ou negligência. Na medida em que as coisas acontecem e ninguém fiscaliza, a tendência é que se normalize e acabe como está, com setores inteiros com a destinação alterada e trazendo problemas diários para a população.
O deputado é um mediador. Todas as demandas que chegam a mim, eu encaminho aos órgãos, ligo para o responsável, vou pessoalmente às Secretarias e acompanho. Recentemente verificamos denúncias sobre focos de dengue no Guará, no Setor de Oficinas. A vigilância ambiental acolheu, notificou os responsáveis e estamos acompanhando. O mesmo no ginásio do Cave.
Além disso temos demandas por ações para incentivar a economia criativa, o empreendedorismo e o comércio local e estamos atuando.

Falando em comércio no local, qual sua opinião sobre a Feira do Guará?
Estive lá domingo comprando castanhas, mas estou sempre por ali aos fins de semana, nas peixarias e nas outras lojas. E o que era uma referência no Distrito Federal, hoje a feira está em uma situação muito ruim. Em poucos anos a feira se deteriorou demais. As bancas de moda, principalmente, estavam completamente vazias, com os vendedores ociosos. Além de obviamente precisar de investimentos em infraestrutura, talvez seja preciso investir em mais propaganda para a feira. Muita gente que mora pertinho deixou de frequentar o espaço e deixou de fazer compras ali, por falta de comunicação com o próprio morador do Guará.

Outro problema que tem incomodado o guaraense é o lixo espalhado nas ruas. Como o senhor analisa esta situação?
Isso não se resolve apenas com coleta diária, com limpeza urbana. A questão do resíduo precisa ser lidada com a própria população. Tenho batido muito em como o governo usa sua propaganda institucional, como usa o espaço na mídia. Hoje ele é usado para fazer propaganda de entrega. A minha visão é que a publicidade institucional, governamental, precisa ser usada com a finalidade de educação da população, de divisão do papel do Estado com a sociedade. Então meu ponto de vista é que falta educação, falta conscientização da população. Falta dizer qual a consequência de se deixar um saco de lixo em local inadequado, o que isso provoca. Este é o primeiro ponto.
O segundo ponto é que muitas vezes as pessoas de fato colocam o lixo em local inadequado porque não existem lixeiras, contêineres, ou outro local adequado. Uma batalha nossa é para que o SLU tenha uma política de coleta e destinação seja qualificada. O SLU hoje é um órgão muito limitado, tanto em recursos quanto em servidores. Isso tem que ser uma prioridade de governo. A questão dos resíduos sólidos tem a ver com saúde pública, com a preservação do meio ambiente e com a infraestrutura urbana.