Redação nota 1000

A guaraense Isabela de Sousa é uma dos 28 candidatos ao Enem em todo o país que tirou a nota máxima em redação, entre mais de 6 milhões de inscritos

Os resultados do Exame nacional do Ensino Médio, o Enem, foram divulgados na segunda-feira passada. Certamente um dia de muita ansiedade entre os candidatos. O exame pode garantir uma vaga em uma universidade pública ou uma bolsa em uma instituição particular, uma garantia de um futuro melhor para milhões de estudantes do Brasil.
O resultado foi particularmente surpreendente para uma estudante do Guará, moradora da QE 34. Isabela Souza tem apenas 21 anos e teve uma longa e disciplinada preparação em 2020 para a prova do Enem deste ano. O esforço compensou: Isabela é autora de uma das 28 redações nota 1000 em todo o país.
“No dia em que a nota do Enem saiu, eu não consegui abrir o meu resultado imediatamente, devido a problemas no site. Eu estava bastante ansiosa, mas não passou pela minha cabeça que poderia ter um 1000 ali. No dia seguinte, pela manhã, eu estava conversando com minhas amigas. Estávamos especulando se alguém em Brasília teria tirado 1000, e se alguém seria do nosso cursinho. Nesse momento, mal eu sabia que esse mil era o meu! À tarde, depois do almoço, finalmente consegui conferir a minha nota. Eu estava com a minha mãe no momento e, quando eu vi, dei um grito. Minha mãe, sem entender nada, achou que seria algo ruim e ficou super-preocupada. Eu comecei a chorar e minha mãe me perguntava sem parar o que tinha acontecido. Até que eu consegui dizer que havia tirado 1000. Nesse momento, foram muitas lágrimas e abraços. O meu pai apareceu, e comemoramos juntos. Logo em seguida comecei a ligar para os meus professores para contar a notícia e agradecer. Todos ficaram bastante emocionados. Alguns até choraram. Foi um momento inesquecível”, conta, orgulhosa.

A mãe Solange Braga, a irmã Denise Saraiva, o pai Denis Andrelino e a aluna nota 1000
A redação

“No início do ano, eu estabeleci metas de estudos que eu gostaria de cumprir, e uma delas era realizar todas as redações propostas pelo meu cursinho, tanto as semanais quanto as dos simulados. E foi exatamente o que eu fiz. Apesar dos momentos de crise, consegui manter a constância na produção das redações e isso foi, com certeza, decisivo para o meu resultado no Enem. Cheguei na prova muito bem treinada e preparada, o que gerou esse resultado tão satisfatório”, conta. “Sinceramente, eu não esperava ir tão bem. Normalmente, nós não colocamos o mil como uma meta sólida, porque é realmente muito difícil conquistá-lo. Eu esperava uma nota boa, pois, no dia da prova me senti confiante com o tema e gostei do texto que escrevi. Mas nunca imaginei que pudesse tem um 1000 ali na tela do meu computador”.

Preparação

“As minhas experiências anteriores com a prova não foram tão satisfatórias. A redação do Enem nunca foi o meu forte, sempre tive dificuldade em me adaptar a esse formato de texto. Precisei treinar dez vezes mais para conseguir uma nota razoável nessa prova. Então, para mim sempre foi um desafio”, revela estudante. Ela cursou o ensino Médio no Colégio Militar Dom Pedro II (CMDP II) e fez três anos de cursinho no Reciclagem Educacional. “No início de 2020, eu tinha uma rotina muito bem definida com horários para iniciar e terminar os estudos. Eu chegava ao cursinho por volta de 8h e saía às 20h. Até esse momento, tudo estava correndo muito bem, até que, em março, a pandemia pegou todos nós de surpresa. Inicialmente, eu pensei que seria algo passageiro, então não foi algo com que me preocupei. Porém, quando percebi que seria algo muito mais duradouro do que eu gostaria, me senti extremamente frustrada, pois tudo o que eu estava construindo até o momento precisaria ser readaptado. Trazer os estudos para dentro de casa foi uma tarefa extremamente desafiadora, até porque eu nunca tive o costume de estudar em casa”. Segundo ela, o que ajudou neste período de adaptação foi a prontidão do cursinho onde estudava em iniciar o ensino remoto. “Apesar de esse formato de ensino nunca ter feito parte da minha rotina, o cursinho conseguiu proporcionar um atendimento eficaz, e, por isso, nunca ficamos desamparados e desassistidos”.
Nem todos os momentos foram fáceis. “A vontade de desistir foi inevitável no meio da jornada. Em julho, eu decidi que aquele ano era um ano perdido, e que não queria mais fazer o vestibular. Quando amadureci essa ideia e tomei essa decisão, conversei com a minha mãe sobre isso, e a forma como ela reagiu foi decisiva para que eu continuasse firme. Ela conversou muito comigo, sobre a minha trajetória e sobre o quando eu havia me esforçado até o momento. Desistir seria como jogar tudo isso fora. Com esse apoio da família, consegui me reerguer e retornei aos estudos. Um recomeço muito importante na minha trajetória”.
Mesmo com uma rotina seguida meticulosamente, Isabela conta que nunca precisou abrir mão da vida social e do descanso para poder estudar. “Esses momentos também são muito importantes para a construção do conhecimento. Por esse motivo, sempre prezei pela saúde física, mental e psicológica. Tinha meus momentos de lazer, diversão e descanso, associados aos momentos de estudo”. Ela ainda aderiu aos momentos extracurriculares proporcionados pelo Reciclagem e por empresas terceirizadas, como o DeRose Method e o método MindUp. “Eu diria que a minha família teve o papel mais importante nesse processo. Eu tenho uma irmã e ela, atualmente, cursa Medicina, o mesmo curso que eu almejo. No momento em que decidimos que esse era o caminho que gostaríamos de seguir, nossos pais fizeram dos nossos sonhos os deles. Nunca mediram esforços para nós apoiar e ajudar, e isso fez toda a diferença. Poder contar com a família é o que torna esse processo mais fácil, mais suportável. Serei eternamente grata por tudo o que investiram em mim”, confessa Isabela.

Trabalho em equipe

Isabela faz questão de agradecer todas que contribuíram para o seu progresso. Ela encabeça a lista com Pedro Lima. “Além das aulas que ele ministrava, também havia as correções semanais das redações e monitorias. A presença dele nesse processo foi indispensável. Sem ele e sem a equipe do Reciclagem eu jamais teria alcançado esse resultado”. Outros muitos professores participaram deste processo, como Rogério Basílio, Mara Gasparotto, Maria Luciélia Maia, Rejane Rodrigues, Keyla Bastos, Milton de Castro, Filipe Miranda, Lilian Oliveira e Clea Maduro.