ALÍRIO NETO – “Estou pronto para tentar as urnas em 2022”

Depois de sofrer cinco AVCs e um câncer de pulmão, o ex-administrador regional do Guará, ex-deputado distrital (foi presidente da Câmara Legislativa) afirma que está praticamente curado e disposto a ser candidato nas eleições do próximo ano. Só não definiu ainda a que, com que partido e com quem.
Nesta entrevista ao Jornal do Guará, Alírio garante, entretanto, que essa não é uma condição, mas uma vontade, que vai depender de uma série de fatores que o coloquem em condições de ser eleito e não apenas participar. E que, se não for possível, não terá dificuldades em apoiar alguém que defenda suas bandeiras.

 

Como está a saúde (Alírio sofreu três AVCs e foi diagnosticado com um câncer raro de pulmão em junho de 2019, quando era diretor geral do Detran)?

Praticamente recuperado. Venci o câncer e estou na fase de manutenção para evitar o retorno dele. Tinha perdido totalmente a visão de um olho, mas que está toda recuperada, com apenas um problema na lateralidade. Tinha perdido também a perspectiva de altura – não sabia por exemplo qual a altura do meio-fio, do degrau, pra mim era tudo plano. Tudo está voltando ao normal.
Ainda tenho pequenos lapsos de memória, principalmente quando tento me lembrar de alguém, mas é muito pouco pelo que passei. Tudo está acontecendo muito melhor do que estava previsto, inclusive pelos médicos.

Está conseguindo realizar todas as atividades de antes das doenças?

Quase tudo e não tudo por causa da pandemia. Como tive câncer de pulmão, que é por onde o vírus da Covid mais ataca, tenho que tomar cuidados redobrados e ficar mais recolhido nos meus ambientes e com meus familiares para evitar contaminação. Mas estou praticando exercícios físicos e até dirigindo normalmente, o que havia deixado de fazer por causa dos problemas da visão.

Qual sua rotina hoje?

Tenho dividido meu tempo aqui no Guará Park, onde moro, e no refúgio que construí às margens do Lago Corumbá, onde contemplo a natureza, respiro ar puro e me desligo do lado ruim do mundo.
Tenho ajudado minha mulher Sandra no instituto que ela participa, de apoio às famílias de autistas, por causa do nosso filho Enzo, portador do transtorno do espectro do autismo. Esse instituto, que funciona dentro da Aruc, no Cruzeiro, atende hoje cerca de 100 famílias e está se preparando para atender até 200 famílias carentes de autistas. Tenho ido lá contribuir inclusive com trabalho braçal, como pintura de parede e outras reformas.

Da última vez que o entrevistamos, você disse que seu retorno à política iria depender da saúde na época e da opinião da sua família. Com esse quadro, quais as perspectivas hoje?

Nesses últimos 30 dos meus 61 anos, a política foi minha única atividade como homem público. É o que gosto de fazer, é onde me sinto bem e acredito que ainda tenho muito a contribuir. Tenho algumas bandeiras que dependem da política, como a luta contra a dependência de drogas pelos jovens, a luta pelos direitos da terceira idade e agora a dos autistas.

Concretamente, quais são as chances do seu retorno à política, de forma direta? Como candidato

Todas. Hoje me sinto em totais condições de ser novamente candidato a algum cargo público, inclusive com o apoio da minha família. Agora, quem me conhece sabe que só entro numa eleição se houver condições de vencer. Não entro só pra participar. Tudo vai depender do cenário. Se sentir que tenho condições de ser eleito por algum dos cargos nas eleições do próximo ano, tô dentro. Se não sentir, não terei nenhuma dificuldade em ajudar algum amigo que tenha condições de defender as minhas bandeiras e possa ajudar o povo brasiliense.

Caso seja candidato, qual a sua preferência?

Como essas minhas bandeiras são nacionais, como o autismo e a terceira idade, gostaria de tentar novamente a Câmara dos Deputados. Mas, por outro lado, tenho os pés no chão e sei que perdi espaço por ter ficado oito anos sem mandato. Em 2014 tive quase 80 mil votos para deputado federal, sendo que teve eleito com pouco mais de 30 mil. Teria então que fazer um trabalho de recuperação desse legado de votos que construí.

Se não der para deputado federal, concorreria para distrital novamente?

Pode ser. Vai depender de uma série de fatores, como o partido, a frente que vai concorrer ao governo… Pra mim, acho que seria até mais fácil, pelo legado que deixei no Guará como administrador regional e como distrital representante da cidade, como presidente da Câmara Legislativa, mas hoje não dá para decidir. Vou deixar afunilar o processo. A única coisa decidida é que pretendo me candidatar, mas, também, como disse, “pretendo”, mas não é uma condição.

Logicamente seu apoio deve estar sendo muito procurado, principalmente por pré-candidatos de olho nesse legado. Quem já o procurou e quem você apoiaria, caso não seja candidato?

Tenho sido muito procurado, não apenas por esse legado, mas por causa das amizades que fiz no meio político. Mas, diretamente te respondendo, fui procurado pelos deputados distritais Reginaldo Sardinha e João Cardoso, meus amigos e com quem tenho afinidade. Fui procurado também pelo deputado distrital Rodrigo Delmasso, a quem tenho um carinho especial por ser enteado de uma das pessoas que mais admiro e mais gosto, Maria da Paz Coutinho Dutra, ex-diretora do Hospital Regional do Guará e ex-secretária adjunta de Saúde. E também pelo fato dele representar a minha cidade, o Guará.

Já foi procurado por algum pré-candidato ao governo?

Tenho falado com muita gente, mas não sei ainda quem será candidato ao governo. Falam em Flávia Arruda e Ibaneis, que são meus amigos. Tenho amizade com o ex-governador José Roberto Arruda, porque fui presidente da Câmara Legislativa quando ele foi governador e fomos parceiros políticos. Ibaneis me levou para o governo, me convidou para ser diretor do Detran e me manteve lá mesmo depois da doença. Sou grande amigo do ex-deputado Geraldo Magela, que deve ser o candidato do PT ao governo. Portanto, não teria nenhuma dificuldade em estar com eles, ou com outros que venham surgir, se for da conveniência do meu grupo político e do partido a que eu estiver filiado.

Está filiado a algum partido?

Não. O último foi o PTB. Tenho recebido convites, mas ainda é cedo para decidir. Como disse, tenho que analisar todos os fatores envolvidos numa decisão como essa.