Radicado há 12 anos no Guará, o mestre das artes Zakeu Vitor é referência na produção cultural da cidade. Suas mãos transformam sucata metálica em incríveis obras de arte. São peças de carro, restos de móveis e da construção civil que tomam a forma de animais, pessoas, figuras abstratas e o que a sua imaginação permitir. Ele é o autor na mais nova obra de arte da cidade, um lobo-guará em tamanho natural instalado em frente à Administração Regional.
Desde cedom Zaqueu sabia que seria artista. Estava sempre entalhando pequenas peças em madeira e outros materiais. Adulto, criou uma serralheria para a confecção e móveis de metal. Aos poucos, começou a agregar peças de sucata a móveis, o que fez muito sucesso com os clientes. As formas que conseguia com as peças que seriam jogadas fora encantavam a todos e agregava valor ao seu trabalho. Com o tempo, foi deixando essa característica mais clara em seu trabalho, até migrar completamente para móveis e esculturas feitos integramente de sucata.
Zakeu nasceu no Gama, mas passou boa parte de sua vida na Cidade Ocidental, onde foi inclusive vereador entre 2001 e 2004. Desiludido com a política, mudou-se para a quadra Lúcio Costa. Em 2008, no aniversário do Guará, foi convidado para participar de uma exposição em celebração ao aniversário da cidade na Administração Regional. Ali, conheceu o então administrador Joel Alves, a quem externou a dificuldade que tinha em produzir suas peças morando no Guará e com o ateliê na Cidade Ocidental. “Tive o privilégio de conhecer o Joel. Foi quem me deu força e me conseguiu um local no Guará para montar meu ateliê. Depois disso, a relação com o Guará só se solidificou”, conta o artista.
Artista brasiliense
Suas esculturas, ora abstratas, ora figurativas, estão espalhadas por todo o Distrito Federal. A Secretaria de Trabalho ostenta um busto de cavalo, premiado em um concurso realizado pela galeria Van Gogh do artista Toninho de Souza. O Dj Alok também possui um de seus bustos equinos, assim como o governador Ibaneis Rocha, além de centenas de peças espalhadas por empresas e jardins de Brasília. Zakeu é figura carimbada nos eventos de artesanato da capital, seja no Centro de Convenções ou Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, assim como exposições em outros Estados, como São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco. Até mesmo um imenso peixe de metal está instalado às margens do rio São Francisco, em Minas Gerais. A Associação Médica de Brasília apresenta na entrada de sua sede uma obra feita exclusivamente de sucata cirúrgica, e outra peça na área externa, em alusão à luta contra a proliferação do Coronavírus.
O trabalho de Zakeu é um exercício de sensibilidade. Ele olha a sucata, entende sua forma e descobre como usá-la para gerar outra coisa. Questionadora, sua arte busca sempre refletir. Apesar do contraste entre o peso das peças e a leveza das formas, já pode ser questionador por si só.