“Eu acredito que se todas pessoas soubessem um instrumento, soubessem cantar, tivessem uma veia artística. Este mundo seria muito melhor” (Ronaldão, baterista)
Dois novos palcos de rock no Guará
Na noite chuvosa, a viagem cultural da cidade é uma triangulação: Sinvas, Maloca e Lampião. Pode-se acrescentar outros rumos e destinos. Não sabemos do que acontece nas galerias ou no polo de alimentação. Não há roteiro impresso como guia dos redutos e trailers e praças e estacionamentos, onde ocorrem manifestações diárias e em algumas oportunidades dedicadas à dança e ao rock.
Por que rock? O rock faz conjunto da construção do Guará e da identidade. Tornar as satélites humanas inclusivas, seguras, resilientes e com especial atenção para as necessidades das pessoas em situação de vulnerabilidade. Assim, socialmente o rock funciona, porém, foi proscrito culturalmente por uma questão sexual: – Rola mulher? – É claro que sim. Assim vi que a pegação é o mote das escolhas. O rock ficou malvisto como essa coisa machista.
Diante do quadro ameaçador e das constantes pancadas de chuvas, não sabemos se os empresários sucumbiram às preces dos produtores. O fato é que neste final de semana, no sábado e no domingo aconteceram duas mostras de rock diferentes entre si, mas vibrantes.
O sábado foi de blues, na Barba Garage. QE 40 conjunto A, (uma oficina voltada para o restauro de carros antigos). A rua do Barba Garage exibiu carros restaurados da década de 60, muitos Volkswagens. Outros carros também reciclados apareceram. E no encalço motos e bicicletas sempre com aspecto vintage.
Um povo ordeiro de longas barbas brancas e muito couro preto. O silvo do blues foi no volume alto e em excelente tom e performance das bandas Cabaré Blues e Moraes Brothers, bandas experientes.
No domingo, a surpresa foi um festival com veia punk que teve a presença da Black Rainbow (perpétuo tributo ao Black Sabbath). Este público não carregava no peso das vestimentas, mas se manifestava em alegria extremada na roda de pogo dançada no contexto punk.
– Somos nós 4 décadas atrás, riamos.
Face do Caos repetiu o coro das ruas e os Garotos Pobres, eu penso que estavam a ridicularizar hinos como Born to be wild em português festivo. Muito satíricos, eles.
Palmas para Altervir e seus comparsas, cujas produções raçudas, abalam as hordas culturais e políticas do Planalto.