ADEILSON “GALEGO” LOBO – De lavador de carro a empresário de sucesso

A história de Adeilson Lôbo, também conhecido como Galego da Feira, poderia ter sido igual à da maioria das crianças que nasceram pobres e não tiveram, ou não buscaram, oportunidades para crescer na vida. Mas a dele está sendo diferente. De carregador de verduras de compras, guardador e lavador de carros na Feira do Guará, Adeilson se transformou num empresário bem sucedido, que oferece vários empregos, mora bem e tem uma legião de amigos.
Mas a vida de Adeilson dos Reis Macedo – o “Lôbo foi anexado da esposa Juliana – 39 anos, não começou fácil, até que ele próprio resolveu mudá-la. Toda essa saga começou com a vinda da família de Brejolândia, interior da Bahia, onde a mãe e cinco filhos moravam e passavam muita necessidade, para Alexânia, onde morava um tio, em busca de uma vida melhor. De lá, outra tia trouxe Adeilson e um irmão para Samambaia, onde ela morava. Como tinha uma floricultura na Feira do Guará, essa tia passou a trazê-lo para ajudá-la, mas ele viu outra oportunidade de ganhar seu próprio dinheiro para comprar seu tão sonhado tênis. Tinha 9 anos de idade. Comprou um carrinho de pedreiro e passou a transportar as compras das bancas para os carros dos clientes.
O “negócio” estava indo bem, mas só funcionava na parte da manhã, quando acontecem as vendas de hortigranjeiros. Ele queria mais. Recebeu então um convite para vigiar e lavar carro no estacionamento da feira durante à tarde, quando é maior o comércio de roupas. Logo, com seu jeito agregador e de boa conversa, passou a ser uma espécie de líder dos lavadores e vigias e a conseguir benefícios para a categoria, como cadastramento, uniforme… Organizou o estacionamento, delimitou espaços de cada um e conseguiu reconhecimento da polícia e da Administração Regional. Por lá, ficou durante 19 anos. Mas Adeilson queria mais.

Empresários na Feira

“Quando me casei, passei a procurar uma atividade para minha esposa Juliana, que era minha parceira em todos os momentos. Ela começou vendendo bandeiras do Brasil no estacionamento da Feira durante a Copa do Mundo de 2010. Com o dinheiro que juntamos, montamos uma loja de bolsas e bijuterias pra ela na parte nova da Feira, seguida de uma outra de cosméticos e serviços de beleza”, conta Adeilson, que também resolveu criar um outro negócio, aproveitando um nicho que havia na feira, a venda de produtos naturais.
Os negócios na feira iam bem, mas ele ainda resistia aos pedidos de Juliana de deixar o estacionamento. “Ali, eu tinha a garantia do meu ganho todos os dias, além de gostar do que fazia, de conversar com as pessoas”, diz ele. Ficou lá por mais sete anos, até dedicar-se totalmente à banca de produtos naturais, que crescia bastante até tornar-se a maior do ramo na feira.
Quando abriu a banca, Adeilson e Juliana tinham apenas três concorrentes na Feira, mas hoje são mais de 40 no mesmo segmento. ”Por incrível que pareça, quanto mais concorrentes, mais a nossa loja cresce”, garante. Para enfrentar essa concorrência, a loja oferece mais de 1.400 produtos, oferece emprego registrado a oito pessoas, inclusive o filho mais velho dele, Felipe, 21 anos – ele tem outra filha de 16 anos, Ana Clara, que mora em Alexândia.
Entretanto, o crescimento das vendas não acomodou o casal. Com o tempo e a experiência, eles foram descobrindo fornecedores na origem dos produtos, o que aumentou o lucro e seleção do que compram. Sem intermediários. “Temos fornecedores de castanhas no Pará, no Centro Oeste, de produtos importados em São Paulo e em outros locais do país”, conta Adeilson. Outra estratégia para segurar e aumentar as vendas é renovar o mix. “Sempre temos produtos novos, que oferecemos como degustação. O mercado é muito dinâmico, principalmente no de produtos para quem tem restrições alimentares”, completa.


Casa própria

Apaixonado pelo Guará, o casal tinha o sonho de morar definitivamente aqui, mas em casa própria, até que o crescimento financeiro permitiu que os dois construíssem um bonito sobrado na QE 50, uma das quadras novas da cidade, para onde se mudaram no final do ano passado. Antes, moraram durante muitos de aluguel na QE 19.
Adeilson conta que o sonho de morar no Guará era tão grande, que um dia ele resolveu dormir ao lado da própria feira, numa cama improvisada de caixa de papelão. “Amanheci todo dolorido, mas realizei meu sonho”, ri.