Considerada uma das maiores revelações do judô brasileiro da atualidade, a guaraense Bianca Reis aumentou sua coleção de medalhas ao tornar-se campeã panamericana nas categorias Sub-18 e Sub-21, no individual e em equipe, em Lima (Peru) nos dias 9 e 11 de abril. Foram três dias de luta, sendo o Sub-18 (cadete) no sábado, o Sub-21 (júnior) no domingo, e o Sub-21 por equipes (júnior teams) na segunda. No sábado, Bianca começou enfrentando uma atleta da Austrália, depois do Canadá, e finalizou a competição da categoria contra uma peruana. Já no domingo, foram quatro lutas: contra o Canadá, República Dominicana, Equador e a finalíssima contra os Estados Unidos. Por fim, na categoria por equipe, o Brasil foi direto à semifinal contra o Peru, vencendo por 4×0 (Bianca Reis seria a quinta a lutar, mas não foi necessário). A final foi contra o México, e de novo fizeram 4×0 (dessa vez Bianca era a terceira na fila, então lutou).
Treinada pelo sensei Oswaldo Navarro, da Academia Corpo Arte (QE 26 do Guará II), Bianca coleciona títulos nacionais e internacionais desde quando começou a praticar judô aos 7 anos – hoje está com 16 anos. E ela quer mais. De 30 de abril a 5 de maio, vai participar dos Jogos Sul-americanos da Juventude, em Rosário (Argentina), e de 14 a 22 de maio, do Mundial Gymanasiade, em Normandia, na França. Na mira também o Mundial da Federação Internacional de Judô, na categoria Sub-18, em Saravejo, na Bósnia, e do Sub-21, em Guayaquil, no Equador, os dois em agosto.
Rotina cheia e disciplinada
Com o calendário de competições cheio, Bianca tem uma rotina de treinos bem planejada. O judô e a musculação são praticados todos os dias, mas ainda consegue um espaço para o treino de jiu-jitsu três vezes por semana. Já o treino funcional acontece duas vezes por semana, e ainda tem uma parceria com fisioterapia e nutrição para acompanhar seu desenvolvimento físico.
Para participar das competições, a judoca guaraense conta com o apoio do programa Compete Brasília, do Governo do Distrito Federal, que patrocina passagens e estadias para ela e seu treinador. Bianca já utilizou o auxílio em sete oportunidades desde 2017 para competir em Lima (Peru), Guayaquil (Equador), Santiago (Chile), Guadalajara (México), Pindamonhangaba (SP) e São Paulo. Em todas as oportunidades, voltou com 11 medalhas – nove de ouro, uma de prata e uma de bronze.
“O Compete Brasília tem me ajudado muito nas minhas últimas competições, tanto nacionais quanto internacionais”, conta a jovem. “Consegui passagens para mim, para o meu pai e para o meu sensei [professor, orientador]. Na maioria das vezes a gente vai de avião, mas já fui de ônibus também. Independentemente do meio de transporte, já é uma ajuda.”
Trajetória recheada de conquistas
A paixão de Bianca Reis pelo judô começou nos tatames de jiu-jitsu, quando acompanhava o pai. “Na época, eu treinava e levava a Bianca comigo”, conta Marcos Reis. “Ela ficava lá vendo, fazendo cambalhotas, brincando e correndo. O meu professor sugeriu que a colocasse no judô”.
Atualmente, Bianca treina todos os dias na Academia Corpo Arte, no Guará II, com o orientador Oswaldo Navarro. “Ela está com a gente desde os dez anos”, conta o professor. “É muito gratificante vê-la, porque a gente sempre tenta despertar os alunos, fazer com que eles gostem do esporte”. Foi Navarro quem incentivou a menina a entrar no mundo das competições. “Ela foi se destacando, porque é superdisciplinada, aguerrida e bem competitiva”, avalia. “Fico feliz de termos conseguido despertar isso na Bianca”.
A primeira competição oficial de Bianca foi o Campeonato Brasileiro de Judô, em 2016. Ela perdeu na primeira luta, mas não desistiu. No ano seguinte, conquistou o primeiro lugar na Copa São Paulo. Voltou ao Brasileiro e ficou na segunda colocação. No mesmo ano, garantiu o ouro no Pan-Americano e no Sul-Americano no sub 13. “Foi quando despertou de vez a minha paixão pelo esporte. Comecei a levar mais a sério do que antes. Os treinos começaram a se intensificar”, afirma a judoca.
A partir daí, Bianca foi premiada duas vezes no Pan-Americano (2018 e 2019) com prata e ouro, duas vezes no Sul-Americano (2018 e 2019) – quando ganhou duas medalhas de ouro –, no Campeonato Brasileiro sub 21 e sênior (2021) – ouro e bronze – e nas seletivas Nacional (sub 18 e sub 21) e Sul-Americana, em 2022, conquistando três ouros.