Símbolo de garra, determinação e amor à camisa, ele é um dos ídolos da torcida botafoguense. O próprio apelido já o define: “guerreiro”. Túlio Lustosa, ou Túlio Guerreiro, 46 anos, tem outra paixão, além do Botafogo, clube que mais defendeu na carreira: a cidade do Guará, onde nasceu, foi criado e onde voltou a morar depois das andanças pelo mundo como jogador de futebol profissional e dirigente.
A história que o tornou famoso começou aos 16 anos, quando morava na QE 28 e foi fazer testes no Goiás Esporte Clube. Mas poucos acreditavam que aquele garoto franzino, embora demonstrasse talento, pudesse vencer no futebol profissional, principalmente por ter escolhido uma posição que exigia força física para marcar os adversários. Mas Túlio mostrou que força não necessariamente quer dizer tamanho. Foi aprovado e aos 17 anos já era titular do Goiás, a ponto de despertar o interesse do time do Al-Hilal, da Arábia Saudita, onde jogou por dois anos. Depois de retornar ao Goiás, transferiu-se para o Botafogo do Rio de Janeiro, onde viveu a fase mais bonita de sua história no futebol.
O Botafogo, na época, disputava a Série B do Campeonato Brasileiro e vivia uma das piores fases de sua história, com muitas dívidas e brigas internas, mas elegeu como presidente o então dirigente de vôlei, Bebeto de Freitas, com a missão de reestruturar o clube e retorná-lo à Série A. E deu certo, mesmo com todas as dificuldades. E um dos símbolos dessa ascensão foi exatamente o guaraense Túlio, que recebeu o apelido de “guerreiro” da torcida botafoguense pelas suas características de jogo, de nunca desistir, lutar sempre e, principalmente, por demonstrar tanto amor à camisa do Botafogo.
Com o time na Série A, Túlio ficou por lá até 2005, quando foi jogar no Oita Trinita, do Japão, mas retornou ao Botafogo em 2007 e 2007, depois jogou pelo Corinthians, Grêmio, Figueirense, até encerrar a carreira no Sobradinho, aos 37 anos.
Sonho de recuperar o CR Guará
O retorno ao futebol brasiliense já havia sido planejado. “Tinha o sonho de ajudar a melhorar o futebol de Brasília. É uma responsabilidade que tenho por ter nascido aqui e ter feito sucesso no futebol”, conta. Pena que o sonho de Túlio não era exatamente voltar ao Sobradinho, onde é o atual presidente desde 2018 – foi campeão brasiliense de 2016 depois de 17 anos que o clube serrano não conquistava o título. “Na verdade, meu sonho era jogar e ser dirigente do Clube de Regatas Guará, o time da minha cidade, mas quando retornei o clube já estava parado e em vias de extinção. Foi uma pena”, lamenta.
A experiência dos campos Túlio Lustosa traz agora para os bastidores, o comando, também vitorioso. Foi diretor de futebol do Goiás por três anos, quando o time retornou à Série A e diretor do Botafogo e um dos mentores da transformação do clube em Sociedade Anônima do Futebol (SAF), comprada pelo investidor John Textor. Essa experiência do Botafogo ele quer levar ao Sobradinho, que está em fase de captação de recursos para também ser transformado em SAF.
“Mas o sonho de resgatar o Guará, ou montar um novo time da cidade, continua. Estarei sempre disposto a dar a minha contribuição, principalmente se conseguirmos refazer o estádio do Cave”, afirma. Para quem conhece a determinação de Túlio Guerreiro e sua carreira vitoriosa, não duvida do que ele pode conseguir.