Depois de não conseguir se reeleger, mesmo tendo sido o 16º na classificação geral para deputado distrital nas eleições de 2022, com mais de 23 mil votos, o guaraense Rodrigo Delmasso foi convidado pelo governador Ibaneis Rocha para assumir a Secretaria da Família e da Juventude, que até então eram duas secretarias distintas. Fortalecida pela junção, a nova secretaria, sob o comando de Delmasso, pretende turbinar ações, programas e projetos para fortalecer o vínculo familiar e de valorização dos jovens. Nesta entrevista, ele explica como serão desenvolvidas essas ações.
Você assumiu uma secretaria que é o resultado da unificação de duas secretarias – a da Família e a da Juventude. Quais as atribuições dela?
A Secretaria vai desenvolver programas, ações e projetos para cuidar dos vínculos familiares, contribuir no combate ao feminicídio, através da criação de grupos reflexivos para os homens que praticam violência contra as mulheres, e estimular a emancipação social e econômica das famílias que estão no Bolsa Família há mais de dois anos, para que ganhem sua independência e abram espaço para outras que estão necessitando mais da ajuda do governo.
Em relação à juventude, o foco é reduzir a quantidade de jovens chamados de nem-nem (nem trabalha e nem estuda), com projetos e programas voltados para a qualificação profissional, a inserção no mercado de trabalho e no incentivo ao empreendedorismo.
Na prática, como isso está ou será feito?
Temos cinco Centros de Juventude no DF (dois em Samambaia e um na Cidade da Estrutural, Ceilândia e Recanto das Emas), que atendem cerca de 15 mil jovens por ano e a proposta é criar um centro em cada região administrativa até o final deste ano, incluindo o Guará. O Centro da Juventude desenvolve atividades voltadas para a qualificação profissional, a arte, o esporte e a cultura.
Outro programa é o Jovem Candango, uma espécie de bolsa estágio em órgãos do governo, que atende cerca de 1800 jovens, mas a nossa meta é chegar aos 3600 jovens até o final deste ano.
Mais um programa em execução é o Empreendedor do Futuro, em parceria com o Sebrae-DF, que acaba de premiar os melhores projetos de empreendedorismo jovem no ano passado.
Outra ação é a Busca Ativa dos Centros Institucionais e Religiosos, em parceria com a Terracap e a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), que vai ajudar na regularização de terrenos de templos e instituições e na imunidade tributária deles.
Você citou a ideia de implantar o Centro da Juventude no Guará, prometido há pelo menos dois anos. Em que pé está e quais são as reais possibilidades?
Estamos trabalhando na definição do orçamento e do espaço. Se não conseguir viabilizar um espaço adequado já pronto, vamos tentar a construção de um próprio, em que o padrão da obra custa em torno de R$ 3 milhões. Neste caso, teríamos que buscar terrenos do governo na cidade.
Você citou a proposta de duplicar as vagas do Jovem Candango. Como é feita a divulgação e a seleção?
O programa é desenvolvido em parceria com duas instituições parceiras, que se encarregam de fazer a divulgação das inscrições. No último edital, tivemos cerca de 20 mil inscritos para 1800 vagas, ou seja, temos ainda um déficit de mais 18 mil vagas.
Como funciona o Jovem Candango para ser tão atrativo?
Primeiro porque é a oportunidade de ter a experiência do primeiro emprego, e remunerado. A bolsa é de meio salário mínimo (R$ 690), por 4 horas diárias em quatro dias por semana e um quinto dia para a realização de um curso profissionalizante.
Como será o programa de redução do feminicídio?
Estamos desenhando um projeto com grupos reflexivos para homens com histórico de violência, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social e o poder judiciário do DF. A prioridade é atender quem está respondendo a processo ou condenado por violência contra a mulher. Serão 50 grupos formados por 15 homens cada, reunidos em oito eventos (um por semana) com um psicólogo e um assistente social.
Como será esse mapeamento e a convocação desses esses homens?
Vamos atender à demanda do Poder Judiciário, que nos encaminhará a lista de quem já responde a processo por feminicídio ou tentativa de feminicídio ou que tenha histórico de violência física ou mesmo verbal à mulher e, a partir daí, vamos buscá-los para participar desses grupos e das palestras. São mais de 10 mil homens com potencial agressivo no DF, de acordo com levantamento do Poder Judiciário. Além das palestras e discussões em grupos, vamos procurar acompanhar o ambiente familiar e tentar ajudar a quem se propuser a melhorar suas atitudes, inclusive na busca de qualificação profissional, de emprego e na geração de renda.