PARQUES URBANOS VÃO RECEBER INVESTIMENTOS

Administração Regional do Guará conduz projeto que vai garantir melhorias expressivas no Bosque dos Eucaliptos e no Parque Denner

Após décadas de abandono, dois dos principais parques urbanos do Guará ganharão investimentos expressivos e muitas obras. Essa é a missão do administrador do Guará, Artur Nogueira, que a recebeu do secretário de Governo, José Humberto Pires, para executar um grande projeto de urbanização no Parque Bosque dos Eucaliptos (entre as QEs 38, 42, 44 e as novas quadras 48 a 58) e no Parque Denner (no Polo de Moda), os dois sob jurisdição da Administração Regional do Guará . O outro parque da cidade, o Ezechias Heringer, é administrado pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram).
No início da semana, o secretário Executivo das Cidades, Cláudio Trinchão, esteve na Administração Regional para alinhar um plano de ação para os dois locais. A ideia é unir os diversos órgãos do Governo do Distrito Federal (GDF) para garantir diversas obras de infraestrutura nos dois parques. A construção de quadras de esportes, instalação de iluminação em LED e o cercamento das áreas estão entre as prioridades.
“O plano de ocupação dos parques já está em fase final de elaboração pela nossa equipe técnica e apresentaremos para a comunidade nas próximas semanas”, adianta o administrador do Guará, Artur Nogueira. “Com apoio do deputado federal Gilvan Máximo e do governador Ibaneis Rocha, em breve, a população guaraense terá boas notícias sobre os parques urbanos da cidade. Mais lazer e qualidade de vida no Guará”, complementa.
De acordo com o projeto do Parque Bosque dos Eucaliptos, está prevista a construção de ciclovia e uma pista de caminhada com cerca de 2km de extensão, além do cercamento de toda a área. A expectativa do GDF é iniciar as obras no primeiro semestre do próximo ano. No local, haverá ainda a instalação de parque infantil, pista de skate, quiosques e um anfiteatro para apresentações culturais.
Já o projeto de revitalização do Parque Denner contempla a construção de ciclovia, instalação de cercamento e, especialmente, melhorias na segurança. Recentemente, uma equipe técnica da Administração do Guará visitou o local e conversou com Edivalcir Peixoto, um dos principais defensores do parque, sobre essas e outras necessidades do espaço. Novos equipamentos públicos, melhorias na iluminação e obras de infraestrutura e urbanização estão sendo planejadas para a área.

Horta Comunitária dentro do parque

Atualmente com 2.500 metros quadrados, a Horta Comunitária será removida para o Parque Bosque dos Eucaliptos com o dobro do tamanho. “O trabalho realizado na nossa horta é modelo para todo o Distrito Federal e precisamos valorizar isso. São mais de 200 voluntários que têm uma função social incrível. O projeto prevê que a nova Horta Comunitária do Guará terá 5 mil metros quadrados”, informa o administrador do Guará, Artur Nogueira.

 

Parque Denner, o retrato do abandono

O Parque Vivencial Denner, localizado na QE 40, entre o Polo de Moda e o Bernardo Sayão, é um lembrete de que o cerrado continua existindo em um Guará cada vez mais urbanizado. Criado para preservar uma antiga nascente, das muitas que existiam na região, e equilibrar o meio ambiente adensado com mais de 800 edifícios residenciais e comerciais da QE 40/Polo de Moda e mais de 400 casas do setor Bernardo Sayão, o parque está quase abandonado e cada vez mais subutilizado por causa dos riscos que oferece à segurança e à saúde dos frequentadores. Até os animais que frequentavam o espaço estão indo embora, como é o caso dos saruês, que antes apareciam com frequência e até comiam frutas na mão dos visitantes e que hoje em dia raramente são vistos no local.
Aliás, essa importante reserva que sobreviveu à especulação imobiliária que transformou a região em um polo de quitinetes, somente não está pior graças a um abnegado morador e amante da natureza, que praticamente sozinho consegue manter o parque limpo e afugentar consumidores de drogas e vândalos que gostam de frequentá-lo. Como gestora da área, a Administração Regional do Guará de vez em quando aparece para cortar o mato e recolher o lixo. E, de vez em quando, algumas instituições, como o Rotary Club do Guará e Lions Club guará Governador Almir e o jornalista Amarildo de Castro, do jornal Guará Hoje, promovem campanhas de plantios de mudas do cerrado. Por sinal, os voluntários são os principais responsáveis pela maior quantidade de árvores que compõem o parque.
Entretanto, esse abandono pode ser revertido, de acordo com o administrador regional do Guará, Artur Nogueira, com os recursos disponibilizados agora pelo governo. “Além da pista, pretendemos construir uma sede para servir de apoio a vigilantes e auxiliares de serviços gerais, que estamos solicitando ao governo”.

Voluntários guardiões

Considerado o guardião do parque, o aposentado Valcir Peixoto, conhecido como Edir, pode ser considerado o principal responsável pelo fato do Parque Denner não estar em pior situação. De forma voluntária, há mais de dez anos ele luta pela preservação da natureza que ainda existe, consegue ajuda para plantar mudas do cerrado e até enfrenta vândalos e consumidores e vendedores de droga, atraídos pela oportunidade de circularem num espaço amplo e de localização estratégica. “Tenho lutado pela preservação do Denner, mas, infelizmente com pouca ajuda dos empresários e dos frequentadores, que não se conscientizaram da importância da área para todos em volta, como pulmão verde e opção de lazer”, lamenta Edir, que está buscando a ajuda da Vigilância Ambiental de Zoonoses para combater a proliferação de ratos, que tem se multiplicado com a oferta de lixo orgânico despejado de forma inadequada e irresponsável pelos moradores e empresários em volta.

 

Bosque dos Eucaliptos só existe no papel

Na ausência do estado, a comunidade faz. É o que vem acontecendo com o Bosque dos Eucaliptos (entre as QEs 38, 42, 44 e as novas quadras 48 a 58), um parque que existe oficialmente, mas não recebe qualquer ação por parte do governo, no caso a Administração Regional, para preservá-lo. Embora tenha sido oficializado há 16 anos, o parque é mantido apenas por um grupo de voluntários, que todos os anos, no período das chuvas, promove o plantio de mudas de plantas do cerrado, limpa nascentes e promove conscientização dos moradores para preservá-lo. Enquanto isso, o governo apenas promete e nada faz. Nem o cercamento consegue fazer.
O Bosque dos Eucaliptos foi criado para servir de pulmão verde para a região chamada Guará-Sul, formada pelas QEs 38, 42, 44, as novas quadras 48 a 58 e o Setor Iapi. Com a ocupação das quadras novas, para onde estão chegando cerca de 5 mil novos moradores, o parque já deveria estar implantado, mas nada foi feito até agora. Até mesmo um bosque natural, onde existem cinco nascentes, recebe cuidados do governo e ainda abriga um depósito de material de construção e de máquinas para asfaltamento e terraplenagem, o que ajuda a provocar a degradação do que resta da natureza. Em outra parte da área do parque, uma teimosa vila de carroceiros é responsável pelo acúmulo de lixo e entulho onde deveriam existir trilhas, jardins, parques e plantas, para uso dos moradores.

O que é o Bosque dos Eucaliptos

Criado em 2006 no Governo Maria de Lourdes Abadia (que completou o Governo Roriz), o parque de 281 mil metros quadrados, equivalente a 38 campos de futebol, está praticamente abandonado, principalmente a parte entre as antigas lagoas de oxidação e QE 38 e as novas quadras 52 a 54, e utilizada por carroceiros como descarte de entulho. A outra parte, entre as QEs 42, 44 e 56 a 58, teve nascente e vegetação nativa preservadas e recebeu nos últimos anos cerca de 1 mil mudas de plantas do cerrado, mas o cercamento teve todo o alambrado furtado.
As mais de 1 mil mudas de plantas do cerrado foram plantadas por voluntários que fazem do projeto Guará Tempo de Plantar. Mas, como não é cercado e abriga uma vila de carroceiros, o parque não consegue manter todas as mudas – a perda sobre o plantio de 350 mudas no ano passado foi de cerca de 30%.
A cada ano, a quantidade de voluntários aumenta, mas, curiosamente, a recuperação e preservação do Bosque dos Eucaliptos pouco atrai o interesse dos seus vizinhos mais próximos, das QE 38 e 44. A maioria das pessoas que tem participado do plantio é formada por moradores de outras quadras que gostam da natureza, e até de outras cidades.