Padre Jorge vai deixar paróquia Maria Imaculada

Antes, ele vai passar por um transplante de rins, em São Paulo, nesta quinta-feira, 16 de dezembro. Ela era o padre mais longevo em atividade no Guará

O mais longevo padre em atividade no Guará – o mais antigo era o padre Aleixo Susin, da paróquia São Paulo Apóstolo, que morreu em março do ano passado – o padre Jorge Eldo Lira Andrade, 60 anos, vai deixar a paróquia Maria Imaculada, entre as QE s15 e 17, onde serviu por 30 anos, para assumir a Paróquia dos Sagrados Coração de Jesus e Maria, no Jardim Botânico.

Antes de assumir a nova paróquia, padre Jorge vai passar por um transplante de rins nesta quinta-feira, 16 de dezembro, em São Paulo. A remoção faz parte de um pacote de mudanças, implementadas pela Arquidiocese de Brasília, envolvendo 40 padres, incluindo também o padre Olmer Garcia, da igreja do setor Lúcio Costa, transferido para a paróquia do Lago Norte.

A despedida do Padre Jorge aconteceu na missa das 19h de domingo, 12 de dezembro, e na quarta-feira, 15, um dia antes do transplante, os fiéis vão se concentrar na paróquia, das 20h às 22h, para as orações pelo sucesso da cirurgia. Quem não puder participar presencialmente, vai poder acompanhar pelo canal do YouTube da paróquia.

Templo da Paróquia é considerado um dos mais bonitos do DF.
Projeto foi revitalizado pelo Padre Jorge
Padre Jorge se confunde com a história da paróquia

Pode se dizer que a história sacerdotal do padre Jorge Eldo se confunde com a própria história da paróquia Maria Imaculada, porque foi ele que concluiu o templo e deu a ele uma nova roupagem, transformando-o num dos templos católicos mais bonitos do Distrito Federal, de acordo com avaliação da Secretaria de Turismo. Aliás, foi o próprio padre Jorge que transformou a então capela ligada à paróquia Divino Espírito Santo (EQ 32/34 do Guará II) em paróquia Maria Imaculada, há 30 anos, na gestão de Dom Falcão como arcebispo de Brasília.


O mais curioso, entretanto, é que padre Jorge, 60 anos, nasceu e se criou no Guará, o que valoriza ainda mais sua história e sua ligação com a cidade. Tudo começou quando a família, em 1969, que morava na invasão do Iapi, recebeu uma casa da antiga SHIS (Sociedade Habitacional de Interesse Social), na QI 3 do Guará I. Lá ele foi criado e estudou na Escola Classe 5 (QI 20), na Escola Classe 3 (QE 3) e no Ginásio do Guará, o GG, na QI 7. “Era época da construção do Guará II e íamos, nos intervalos, brincar nas manilhas de águas pluviais das obras”, recorda.
Mas, embora seja de família católica praticante, o sacerdócio veio a despertar no padre Jorge por outro motivo. “Quando fui servir o serviço militar no Exército, ficava admirando o capelão militar fazer lindas pregações, que atraia inclusive quem não era católico. Aquilo me despertou a vontade de fazer o mesmo, de ser parecido com ele, de fazer o que ele fazia”, conta. “Foi um despertar de minha vocação”, completa.
Quando cumpriu sua missão militar, foi estudar no seminário Nossa Senhor de Fátima, no Lago Sul e depois concluiu os estudos de mestrado em Sociologia Dogmática no Vaticano, em Roma.

Carreira sacerdotal

Na volta, já como padre, foi trabalhar nas paróquias de São Pedro Alcântara, no Lago Sul, e depois na Nossa Senhora do Rosário, em Sobradinho. Em 1992, foi transferido para a paróquia Divino Espírito Santo com a missão da Diocese de Brasília de transformar a então capela da Maria Imaculada, entre as QEs 15 e 17, em paróquia. Ele é, portanto, o primeiro e único pároco da Maria Imaculada.
Quando assumiu o posto, padre Jorge recebeu o templo apenas na base e mesmo assim com defeitos estruturais. “Tivemos primeiro que corrigir os problemas existentes, que provocavam vazamentos, para então continuar a obra”, conta. Foi ele que criou a nova fachada e a decoração interna da igreja, baseadas na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Para a construção, que está quase concluída, padre Jorge diz que contou somente com a ajuda dos paroquianos, através do dízimo e da renda de eventos promovidos pelos mais de 50 grupos pastorais que o auxiliavam na paróquia.