“No futuro, todos terão seus quinze minutos de fama’, afirmou certa vez o cineasta e pintor americano Andy Warhol, conhecido pelos coloridos retratos de Marilyn Monroe e Elvis Presley. Nem pra todos, infelizmente. Mas, para um rapaz latino-americano, sem dinheiro no bolso e morador do Guará, a fama chegou da forma mais inesperada possível, depois ter sido rejeitado por uma patricinha do Lago Sul pelo simples fato de morar numa cidade da periferia. Áudios de uma conversa íntima entre a moça e seu “paquera”, vazados na Internet, transformaram Alexandre Leal Silva em uma celebridade, uma espécie de “mendigo (o morador de rua acusado de assediar uma mulher casada em maio em Planaltina) da vez”.
Boa pinta, como se dizia antigamente, com fama de paquerador, Alexandre, 37 anos, um vendedor de veículos usados, viu sua vida se transformar completamente em apenas uma semana e deixar a cidade do Guará conhecida no país todo e até no mundo, depois que as conversas entre ele e a patricinha se tornaram públicas. As falas preconceituosas dela contra o Guará e pelos erros de concordância da língua portuguesa cometidos por ele viralizaram na Internet como pólvora e geraram um monte de memes, piadas e, claro, muita indignação dos moradores da cidade. Pelo menos durante uma semana, ele foi a pessoa mais comentada nas redes sociais do DF, concedeu entrevistas para TVs, rádio, jornais, deu autógrafos, tirou inúmeros fotos com “fãs” e recebeu muitas cantadas.
Mas Alexandre, que ficou conhecido como “Alexandre do Guará” jura que a provocação dessa fama inesperada não foi de propósito. Tudo surgiu, segundo ele, depois de uma discussão entre alguns amigos próximos sobre a declaração do ator Caio Castro nas redes sociais, que viralizou há duas semanas, sobre o incômodo que ele (Caio) sentia por ser obrigado a pagar a conta nos encontros com mulheres. “Foi então que postei os áudios dessa moça com quem tentei me relacionar, para exemplificar as falas do ator”, conta Alexandre. Mas, ele jura que não sabe quem desses amigos repassou os diálogos para a imprensa.
Tudo teria começado em um segundo encontro com a patricinha em um bar no Setor de Clubes Sul, quando a moça, segundo ele, teria proposto um “encontro a dois”, por ser uma mulher já madura etc. “Depois de várias mensagens dela cobrando o encontro íntimo, eu propus que ela viesse à minha casa e trouxesse os frios que eu providenciaria um bom vinho. Indignada, ela me enviou os áudios dizendo que não viria mais ao Guará e nem à minha casa, porque não iria ficar numa garagem cheia de carros e sem mesa e cadeira”, conta. E vociferou outras críticas ao nível social e aos erros de concordância cometidos por ele nas mensagens – a mais comentada “vim” em vez de “vir”
Do limão, uma limonada
A monetização da Internet, através da quantidade de “likes” a uma postagem pode trazer dividendos financeiros ao postador, alternativa que Alexandre está de olho. Para aproveitar a fama, que pode ser repentina ou não, ele montou até uma equipe, formada por dois amigos mais próximos e a irmã Andreia, para tentar faturar enquanto for possível. Ele conta que já recebeu propostas de duas agências de relações públicas para divulgá-lo a nível nacional, e de duas agências de publicidade para estrelar propaganda. “Ainda estamos estudando as propostas”, garante. Mas já ganhou uma mesa de presente de uma loja, frios e carnes de admiradores.
Mas as camisetas com os memes já estão dando retorno. Um amigo dele teve a ideia de produzir as camisetas, que Andreia está comercializando, por R$ 55. O interessado pode aproveitar o meme das camisetas já prontas ou propor outro, encomendar a camiseta e receber no dia seguinte. As encomendas podem ser feitas através do contato de Andreia, 98260.0445.